PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA 52 ANOS CONSAGRADO 44 ANOS SACERDOTE |
“São Pedro e São Paulo”
Primícias da fé
Celebrar São Pedro e São Paulo é um grande momento da Igreja. Para o povo, eles estão mais no aspecto folclórico. O povo sabe comemorar ao seu modo. Mas é como reconhecê-los como primeiros mestres da fé. Pedro e Paulo professaram a fé como dom que receberam de Deus para comunicar “tudo aquilo que Ele ensinou”. Não podemos perder de vista que Jesus continua agindo como aconteceu com Ele no mistério da Encarnação. Jesus veio de um modo tão humano e simples, viveu simplesmente e morreu como um simples. Sua mensagem foi simples. Assim a primeira evangelização é feita por homens simples. Paulo era mais preparado, mas soube acolher daqueles homens o que Jesus lhes transmitira. Era humildade a ponto de ir a Jerusalém para conferir seu ensinamento com os apóstolos para que não estivesse correndo em vão (Gal 2,2). Esses homens continuaram a missão de Jesus e nos transmitiram as primícias da fé. É o pedido que se faz em sua festa: “Concedei à vossa Igreja seguir em tudo os ensinamentos destes apóstolos que nos deram as primícias da fé”(coleta). Quanto mais firmes na fé, mais nos aproximamos de nosso “original”. Foram capazes de entender os sofrimentos de sua vida apostólica, que não foram poucos, a partir da certeza da presença de Cristo que estava sempre ao seu lado. Eles não tinham mais a presença de Jesus, como no tempo de sua vida entre nós, mas O sentiam muito mais presente e Nele confiavam.
Unidos na coroa do martírio
Lendo os Atos dos Apóstolos e as cartas de Paulo, percebemos que havia uma diferença entre os dois apóstolos. Chegaram ao ponto de Paulo chamar a atenção de Pedro por uma atitude um tanto falsa que tomara. Isso falta na Igreja. É um gesto de profunda fraternidade. Deixar a coisa rolar não é fraterno, nem evangélico. Apesar das diferenças, cada um reconhece a missão do outro. O Concílio de Jerusalém deu a Paulo a evangelização dos pagãos e a Pedro a evangelização dos judeus. Uma das questões era a conversão dos pagãos. Deviam ou não seguir a lei judaica? Paulo era totalmente contrário, apesar de ter sido judeu consciente, mesmo formado na escola dos fariseus. Pelo bem do Evangelho foram capazes de mudar suas mentalidades. Quem crê no Evangelho se valoriza como pregador do Evangelho. Pedro recebe as chaves não de um poder, mas como dom de servir na ordem espiritual e fazer o bem. Infelizmente só se pensa no poder como no mundo civil. Jesus dissera: “Entre vós não será assim, o que for o maior, seja o que serve” (Mt 20,26). Tiveram um fim igual: “Por diferentes meios, os dois congregaram a única família de Cristo e, unidos pela coroa do martírio, recebem hoje, igual veneração” (Prefácio). A profissão de fé de toda Igreja está unida à profissão de fé de Pedro.
Caminho da comunidade
A reflexão sobre os dois apóstolos remete à reflexão sobre a vida da comunidade, como rezamos na oração final e nos é oferecido nos Atos dos Apóstolos (At 2,42). A comunidade continua sendo o grupo dos discípulos seguidores de Jesus que assumiu a união como vida. E se fortaleciam nos ensinamentos dos apóstolos. Era o evangelho vivo que ensinavam. Não havia Novo Testamento. Mas estavam unidos. A união os formava. Estavam presentes à fração do pão (Eucaristia). Era o alimento vivo. Estavam unidos na oração. É tudo o que nos faz falta. A festa de Pedro e Paulo pode nos animar a buscar mais a comunidade como lugar de formação, de construção da Igreja, da oração e da Eucaristia.
Leituras Atos 12,1-11;Salmo 33; 2
Timóteo 4,6-8.17-18;Mateus 16,13-19.
1. Esses homens continuaram a missão de Jesus e nos transmitiram as primícias da fé.
2. Pelo bem do Evangelho Pedro e Paulo foram capazes de mudar suas mentalidades.
3. A reflexão sobre os dois apóstolos remete à reflexão da vida da comunidade.
Coisa de velhos
Como é difícil acreditar numa conversa de velho. Pensamos que velhos não sabem nada. É bonito ver tantos homens e mulheres de mais idade dando demonstrações da sabedoria curtida na experiência da vida. Não é porque é velho que seja inútil ou insuficiente sem sabedoria.
Aprendi na África o provérbio e a verdade: “Quando morre um ancião, queimou-se uma biblioteca”. É certo que há velhos baúcos, mas, sabendo ouvir, ouvimos o que nem sempre dizem. A sabedoria curtida na experiência e nos sofrimentos é capaz de gerar ideias mais profundas para a renovação do mundo.
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