PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Cristianismo
sem Cristo?
Li, em um artigo do jornal “O Passarinho”,
que atualmente a Igreja Católica conta com 1 bilhão e 71.000 milhões de fiéis,
sobre uma população de 6 bilhões e 212 milhões (isso em março-04). Quando João
Paulo II começou a dirigir a Igreja eram 479 milhões. Duplicou em 25 anos de
pontificado do Papa. Não é tanto quanto parece, pois o mundo também andou
crescendo bastante. A pergunta que pode ser feita é: Será que nos fundamos em
tradições ou estamos nos apoiando em Jesus Cristo Redentor? É sério, porque sem
este fundamento não é possível falar em uma verdadeira religião. Não pode haver
cristianismo sem Cristo. Criar este fundamento e ensinar a encontrar este princípio
de nossa vida deve ser fácil, pois a revelação de Deus em Cristo se dirige de
modo particular aos humildes que aela estão abertos. Par início de conversa a revelação não se
confunde com punhado de tradições ou ensinamentos. Às vezes nos entusiasmamos
pelo grupo, pelo encontro, pelo exterior. Ajuda, mas não é tudo. O primeiro
passo é começar a crer que Jesus não é uma idéia, mas uma pessoa que eu aceito
como importante na minha vida e com a qual passo a me relacionar tu a tu como
dizemos. Jesus não está distante. Está ao alcance do coração. Como vou encontrá-lo?
Jesus
é o abraço do Pai.
É uma frase bonita que pode explicar o que
ocorre em nosso relacionamento inicial com Jesus Cristo. A revelação de Deus em
Cristo não veio por merecimento nosso. Deus tomou a iniciativa de salvar-nos,
isto é, levar-nos a participar de sua vida e abrir para nós uma possibilidade
diferente de viver. Se toma a iniciativa, é porque está oferecendo o que não
merecemos ou nem conhecíamos. Paulo escreve que “Deus dá prova do seu amor para
conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós” (Rm
5,8). Este adiantamento de Deus é a expressão máxima de seu amor para conosco.
Nisto entendemos o que é o abraço que nos dá. O que se faz com um abraço
afetuoso que nos é dado? Ou se retribui ou se recusa. Acho que nossa atitude
não tem sido de recusa, mas de “deixa para depois”. Aceitamos pela fé,
precisamos também aceitar pelo amor. É necessário começar a dar-se conta do que
Deus faz por nós a cada momento e passar ao diálogo, à conversa carinhosa de
acolher sua presença e entrarmos no seu jogo amoroso para conosco e para com o
mundo. Santo Afonso contemplava os mistérios de Cristo no Presépio, na Cruz e
na Eucaristia e dizia que somente um Deus louco de amor é capaz de fazer-nos
tanto para nos atrair ao seu amor. Convida-nos a não duvidar e nos entregarmos
a Ele.
Entrega
solidária.
O gesto de Jesus ao se encarnar mostrou a
solidariedade existente em Deus. Deus é solidariedade, isto é, amor que se
compromete. Jesus se faz solidário conosco para que sejamos solidários, com
Ele, para com todas as pessoas. Então, a resposta de entrega a Deus se faz na
entrega humilde e serviçal para com os outros, realizando a solidariedade. Isso
nós o fazemos continuamente dentro de nossas casas, em nossos trabalhos e em
nossos relacionamentos. O que fazemos naturalmente se transforme em opção de
resposta a Deus.
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