Zeno foi indicado como presbítero pelo Papa Pascoal I, que transferiu seus restos mortais para o Oratório a ele dedicado na Basílica de Santa Praxedes, em Roma. O Santo era venerado, no século VII, em um lóculo da catacumba de Pretextato, ao longo da Via Ápia, depois restaurado por Adriano I.
Bispo de Verona e Mártir (+371)
Oriundo da Mauritânia, são Zenão (ou Zeno) foi bispo de Verona desde 362, em um período no qual começavam a surgir nos desfiladeiros alpinos as tribos germânicas, depois contidas pelas legiões romanas. São Zenão teve de combater não só os bárbaros que, “dando as costas para as gélidas florestas do norte, cruzaram os Alpes para se aquecerem aos raios dourados da alegre Itália” – como escreve o poeta alemão Heine -, mas também os mais temíveis arianos, provenientes do leste, instigadores de graves desordens na Igreja veronesa.
Como Agostinho, outro grande contemporâneo africano, também Zenão era hábil retórico, um cinzelador de belas frases e de boa argumentação, das quais se valeu em sua pregação para convencer os últimos pagãos e os novos hereges. Disso dão fé os 16 sermões que nos chegaram, os quais tratam de temas novos, como a mariologia, ou falam de virtudes particulares, como a humildade, a pobreza e a caridade, e temas debatidos, como a doutrina trinitária, que Agostinho desenvolveria ulteriormente com um volumoso tratado.
As prédicas do bispo de Verona (fala-se de 93 sermões, em grande parte perdidos) são verdadeiros tratados dogmáticos, morais, cristológicos e bíblicos, escritos em um latim “quente e conciso”, com aquele seu “proceder sentencioso, nos jogos de palavras e imagens, naqueles largos desenvolvimentos oratórios, nos quais a alma do santo transfunde toda a impetuosidade de entusiasmo e da indignação…”, como escreve Guilherme Ederle, durante anos arcipreste da basílica.
Era natural que muita gente assistisse a suas prédicas – em particular os neoconvertidos e os próprios pagãos -, atraída por hábil oratória. Pregava bem e sabia acompanhar o ensinamento com o exemplo de caridade, humildade, pobreza e liberalidade com os pobres. Para os veroneses é “são Zenão que ri”; ele é de fato representado sempre sorridente, pois que ‘cum mansuetudine et ilaritate docebat’, ensinava com mansidão e alegria. Era o bom pescador de almas, mas também de peixes, nas margens do Ádige, como aparece em um dos preciosos azulejos do portal da basílica romântica que traz seu nome.
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