Lisboa sempre celebrou Santo António, fazendo questão de lembrar que foi aqui que o santo nasceu. Diz a tradição que quando foi declarado santo, a 30 de maio de 1232, os sinos da cidade tocaram sozinhos e que uma alegria espontânea se espalhou por toda a população.
O dia 13 de junho era celebrado com procissão, Te Deum e missa pontifical na Sé. Mas os festejos iniciavam-se nos treze dias antes da festa, com a celebração das Trezenas. Na véspera de 13 de junho, a família real visitava a igreja de Santo António, onde era homenageada com ramalhetes de flores e doçarias.
Paralelamente às festas religiosas, nos bairros organizavam-se arraiais populares com danças e cantares, com o tradicional saltar à fogueira onde se queimavam alcachofras, e com o cortejo de rapazes e raparigas às fontes para cumprirem o ritual de lavar o rosto com água fresca.
Também fazia parte dos festejos a realização de touradas, da responsabilidade da Câmara, que podiam ocorrer em agosto ou em setembro no Terreiro do Paço ou no Rossio, e que encerravam com um grandioso fogo de artifício.
A cidade de Lisboa festejava ainda o dia 15 de fevereiro, dia da trasladação do corpo de Santo António. Esta festa, eminentemente religiosa, assinala a terceira trasladação do Santo, que se realizou em Pádua a 15 de fevereiro de 1350, presidida pelo cardeal Guy de Boulogne. Este mandou colocar a mandíbula do santo num relicário e permitiu que pequenas relíquias fossem distribuídas por outros santuários da Europa. Possivelmente uma destas relíquias terá sido destinada à cidade de Lisboa. A festa era celebrada pelo Senado da cidade que assistia na Real Casa de Santo António ao ofício de vésperas (dia 14 à tarde, coincidindo com o dia de São Valentim) e novamente na manhã do próprio dia, onde todo o Senado comparecia novamente para a celebração de missa com sermão.
15 fevereiro, 2018
Por Pedro Teotónio
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