quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

REFLETINDO A PALAVRA - “Vem, Senhor!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
E
PADRE JOSÉ OSCAR BRANDÃO(+)
REDENTORISTAS NA PAZ DO SENHOR
A grande tribulação
 
No final do Ano Litúrgico e início do Advento, refletimos sobre o fim dos tempos. Essa reflexão é chamada de escatologia. Quanto ao fim, a vinda de Cristo e a hora em que se dará, há sempre gente marcando datas. Jesus é claro: “Quanto àquele dia e hora, ninguém sabe, nem os anjos, nem o Filho, mas somente o Pai” (Mc 13,32). Parece que Jesus quer dizer; vamos cuidar de viver bem. Então não interessa a hora. O texto é difícil por ser uma literatura diferente. Era muito usada naquele tempo, como vemos no livro de Daniel. Os primeiros cristãos, diferentemente de nós, viviam fortemente o sentido da vigília e da espera. Não podemos interpretar esses sinais a partir dos acontecimentos que vemos em nossa sociedade. Muitas vezes aconteceu a mesma coisa que ocorre agora e se dizia que era o fim e a vinda do Senhor. E não foi. Não é por aí que vamos interpretar. O Senhor que deve vir sobre as nuvens é o que vem sempre ao nosso encontro. Aquele Que Vem (ο ερχόμενος) é um nome de Jesus como, por exemplo, Cordeiro de Deus. Vir sobre as nuvens significa a glória de Deus. Estamos sempre clamando por sua vinda. Rezamos em cada Missa chamando Jesus para vir: “Anunciamos, Senhor, a vossa Morte e proclamamos a vossa Ressurreição, Vinde Senhor Jesus!” Por que ter medo se estamos chamando? Não há o que temer, pois “Ele enviará seus anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os eleitos de Deus, de uma extremidade à outra da terra” (Mc 13,27). O fim não é para o castigo, mas para o prêmio. Há sempre um desejo profundo desse encontro com o Bom Pastor glorificado. O Senhor virá para nos levar com Ele. Não se trata de medo, mas de viver para que Deus seja glorificado por nossa vida. Ele: “O Céu e a terra passarão, mas minhas palavras não passarão” (Mc 13,31). 
Aprendei da figueira 
O salmo 15 nos dá confiança e segurança: “Meu destino está seguro em vossas mãos” (Sl 15,5). A segurança é dinâmica e nos envolve em atitudes de responsabilidade com o Reino. Por isso Jesus manda que olhemos os sinais dos tempos. Como nós sabemos discernir o que há na natureza (nisso os antigos eram mestres), saibamos também discernir a presença do Reino de Deus e sua vinda para o meio de nós no que acontece pelo mundo. Hoje não é mais a figueira, mas o conjunto dos acontecimentos. Não se trata de apressar o fim, mas de levar o Reino a penetrar todas as estruturas sociais. A imagem da figueira é de vida nova, com os novos ramos cheios de vitalidade. Por isso o profeta Daniel escreve: “Os que tiverem sido sábios e os que tiverem ensinado a muitos homens o caminho da virtude brilharão como as estrelas, por toda a eternidade” (Dn 12,3). O compromisso de fé é atual. O Reino está entre nós. É necessário criar uma espiritualidade para o tempo de espera no momento atual. Vivemos espiritualidades do passado. Temos que responder para o mundo da descrença, do desrespeito à vida, dos problemas atuais. 
Único sacrifício 
Imortalidade está unida a Cristo que venceu. Ao contrário dos sacrifícios do Antigo Testamento que eram sempre repetidos e sem o efeito desejado, o sacrifício único de Cristo perdoou o pecado. Foi assim glorificado e está à direita do Pai. “Não lhe resta mais senão esperar até que seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés” (Hb 10,13). Agora é a hora da implantação do Reino e a destruição do mal que penetra as estruturas do mundo. O Reino precisa de nossa dedicação. Jesus não está concorrendo com outros poderes. 
Leituras: Daniel 12,1-3; Salmo 15;
Hebreus 10,11-12.18;Marcos 13,24-32
1. A liturgia desse tempo nos leva a refletir sobre o fim, na espera da vinda de Cristo. Os primeiros cristãos viviam essa espera com intensidade. Nós a vivemos interpretando os sinais de nosso tempo clamando para que o Senhor venha e nos ajude a implantar o Reino nas estruturas atuais. Suas palavras são seguras. 2. “Meu destino está seguro em vossas mãos”. A segurança é dinâmica e nos envolve em atitudes de responsabilidades com o Reino. Por isso é necessário ler os sinais dos tempos, discernindo a presença do Reino nos acontecimentos do mundo. É preciso criar uma espiritualidade para esse tempo de espera no mundo atual. 3. A imortalidade está unida a Cristo que venceu. Ele, com um único sacrifício perdoou o pecado e foi glorificado. Agora só espera que seus inimigos sejam colocados sob seus pés, isto é, que o mundo viva o Reino. 
Relógio sem ponteiro
No final do Ano Litúrgico e início do Advento refletimos sobre o fim dos tempos com os fenômenos simbólicos que o acompanham. Essa linguagem de tribulações da natureza se chama apocalíptica. Era um modo de explicar para que se entendesse a seriedade do momento. Quer dizer que devemos levar a sério nossa vida. A Bíblia diz: “em tudo o que fizeres, lembra-te de teu fim”. Por isso Jesus conta a parábola da figueira: “Quando seus ramos ficam verdes e as folhas começam a brotar, sabeis que o verão está perto. Assim, quando virdes acontecerem essas coisas, ficai sabendo que o Filho do Homem está próximo, às portas” (Mc 13,28-29). Jesus não convida a viver com medo, mas viver com intensidade sua vida. Ela dá certeza de que suas palavras são seguras e acontecerão a seu tempo: “Os céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão” (31). Vivemos, mas tudo caminha para o fim. Quando isso acontecerá? Nem Ele sabe. Só o Pai (32). É um relógio sem ponteiro. Mostra o tempo e não a hora. 
Homilia do 33º Domingo Comum (15.11.2015)

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