Evangelho segundo São João 17,1-11a.
Naquele tempo, Jesus ergueu os olhos ao Céu e disse: «Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho Te glorifique,
e, pelo poder que Lhe deste sobre toda a criatura, Ele dê a vida eterna a todos os que Lhe confiaste.
É esta a vida eterna: que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro, e Aquele que enviaste, Jesus Cristo.
Eu glorifiquei-Te sobre a Terra, consumando a obra que Me encarregaste de realizar.
E agora, Pai, glorifica-Me junto de Ti mesmo com a glória que tinha em Ti, antes que houvesse mundo.
Manifestei o teu nome aos homens que do mundo Me deste. Eram teus e Tu Mos deste, e eles guardam a tua palavra.
Agora sabem que tudo quanto Me deste vem de Ti,
porque lhes comuniquei as palavras que Me confiaste e eles receberam-nas: reconheceram verdadeiramente que saí de Ti e acreditaram que Me enviaste.
É por eles que Eu rogo; não pelo mundo, mas por aqueles que Me deste, porque são teus.
Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu; e neles sou glorificado.
Eu já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, enquanto Eu vou para Ti».
Tradução litúrgica da Bíblia
Abade(1858-1923)
A oração monástica
«É esta a vida eterna: que Te conheçam»
Está dito que, no Céu, «seremos semelhantes a Ele [Deus], porque O veremos tal como Ele é» (1Jo 3,2). Logo que veem a Deus, as almas bem-aventuradas identificam-se com Ele na inteligência, pela verdade, e na vontade, pelo amor. Na medida do possível, a alma será – não igual, evidentemente, mas – semelhante a Deus; a visão beatífica realiza esta transformação: torná-la una na unidade.
E o que é para nós, durante esta vida, o prelúdio da visão dos eleitos? É a oração na fé. Contemplando a Deus pela fé na oração, a alma vê as suas perfeições e toda a verdade; entrega-se a esta verdade; e, vendo assim em Deus o soberano Bem, o único Bem, a sua vontade une-se a esta vontade divina, que é, para ela, a fonte de toda a bem-aventurança; e quanto mais forte é esta adesão, mais a alma se une a Deus. É por isso que a oração na fé é tão preciosa para a alma. Devemos desejar atingir um grau elevado nesta oração, isto é, alcançar aquela união com Deus simples e cheia de amor que resulta de uma efusão da puríssima luz divina.
Nas condições ordinárias da sua Providência, Deus só Se dá à alma nesta plenitude no anoitecer da vida, quando a alma provou, pela fidelidade constante às inspirações da graça, que é inteiramente de Deus e que em tudo O procura verdadeiramente, e só a Ele. Devemos esforçar-nos por alcançar este estado bem-aventurado ao qual muitas almas religiosas são certamente chamadas. Bem-aventurado estado, em que a alma é inteiramente de Deus, prelúdio da união eterna em que encontrará a felicidade sem fim!

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