A Epifania é o segundo momento da Manifestação do Senhor. É o mesmo Mistério
visto sob outro ângulo. O primeiro é o Natal, o terceiro é o Batismo de Jesus e
o quarto é a manifestação aos discípulos em Caná. Deus se manifesta aos humildes
do povo, aos Magos, aos judeus no batismo e por fim aos discípulos. Os Magos
eram estudiosos do movimento dos astros. Eram homens de verdadeira ciência, pois
conheciam os caminhos de Deus. Conheciam a profecia de Balaão: “Vejo, mas não
agora, contemplo, mas não de perto: Um astro se levanta dos acampamentos de Jacó
e se torna chefe” (Números, 24.17). Este astro não é a estrela dos presépios,
mas o próprio Cristo. Quando a viram sobre o lugar onde estava Jesus, sentiram
uma alegria muito grande. Entrando na casa, viram o Menino com Maria, sua mãe.
Adoraram e depois abriram seus cofres e ofereceram-Lhe presentes: ouro incenso e
mirra. Sobre os Magos ficamos mais no nível da simbologia do que da história. O
mais importante é ver o que significa a narrativa. Para isso temos as outras
leituras. Os nomes Gaspar, Baltazar e Melquior também são simbólicos. São
tradições bem posteriores. Suas “prováveis” relíquias estão em Colônia desde o
ano de 1164. Tinham sido trazidas da Palestina para Constantinopla, levadas para
Milão e daí para a Alemanha. O principal é a verdade do Evangelho: Jesus veio
para todos.
A grande revelação
O profeta Isaias diz a Jerusalém: “Levanta-te Jerusalém porque chegou a tua
luz”. Levanta os olhos ao redor e vê: todos se reuniram e vieram a ti... O mundo
em trevas vê uma luz (Is 60,2). Os Magos representam todos os povos pagãos que
buscam Deus e O encontram em Jesus, revelação do Pai. São Paulo ensina na carta
aos Efésios, que recebeu a revelação de Deus e teve conhecimento do mistério:
“Todos os povos são admitidos à mesma herança, como membros do mesmo corpo são
associados à mesma promessa em Jesus Cristo por meio do Evangelho”. Deus é o
Deus de todos. Não era essa a mentalidade judaica. Cristo veio para todos.
Infelizmente, depois de 2.000 anos ainda temos uma imensa humanidade que ainda
não recebeu este anúncio. Ainda temos que anunciar. No momento, em lugar de
buscar novas formas, estamos esfriando o ardor missionário. Pode ser que nossa
fé não seja suficiente para entusiasmar a missão. A Igreja está se embaraçando e
se perdendo em ritualismos e legalismos, sem lembrar os males que obscurecem o
anúncio do Evangelho. Há os que pensam que Deus não serve a nada.
Ofertas dos povos
A oferta de ouro, incenso e mirra significa que o Cristo que nasce e, que eles
adoram, é o Senhor rei do universo a quem oferecem o ouro. É Deus, a quem
oferecem o incenso de adoração. Mas é também o homem das dores, que participa de
nossas fraquezas, dores e morte, por isso a mirra. Ela é uma resina que era
usada para embalsamar cadáveres e servia de anestésico para a dor. Esta é a
resposta que podemos dar ao Menino que nos foi dado. Herodes recusou e quis
matá-Lo. Os Magos acolheram, adoraram e voltaram por outro caminho. Não fizeram
o jogo de Herodes. Herodes continua vivo em tantos projetos que destroem a vida
ou o coração dos pequeninos. Uma renovação da fé deve se espelhar na atitude
manifestada por esses homens. Procurar Deus, mesmo através das ciências humanas.
O conhecimento da Palavra de Deus fundamentará essa busca. E por-se a caminho,
não deixando se envolver por ideologias que querem eliminar o Menino.
Leituras:Isaias 60, 1-6; Salmo 71;
Efésios 3, 2-3a.5-6;Mateus 2, 1-12
1. A celebração Epifania do Senhor, manifestação de Deus, é cercada de muitos
símbolos que nos fazem entender a missão de Jesus.
2. Como Paulo, entendemos que
Jesus veio para todos os povos. Os reis são o símbolo.
3. Os presentes de ouro,
incenso e mirra exprimem a condição de Jesus: Deus, Homem e sofredor. Os Magos
são um modelo de busca de Deus.
Velhinhos danados.
Não sabemos se eram velhos, pois a sabedoria é um dom dado também aos jovens.
Não sabemos o que eram, como eram, de onde eram e o que faziam. Não tinham
nomes. Os nomes que damos vieram muito mais tarde. Não eram reis, nem
feiticeiros. Uma coisa é certa: Eram sábios. Estavam seguindo uma estrela. Eram
gente boa, pacífica e sincera. Quando chegaram a Jerusalém procurando o rei dos
judeus que acabava de nascer, a cidade pegou fogo. Até Herodes se ouriçou. Ainda
mais ele que era cioso de seu poder e para isso matava para se defender. Herodes
reúne os entendidos na religião para saber o lugar do nascimento do Messias.
Todos sabiam, menos ele. É interessante que nossos poderosos são de uma
ignorância religiosa que dá vergonha. Nem todos, mas a maioria. Por isso fazem
tanta danura. Vão a Belém e a estrela brilha sobre o lugar onde estava o Menino.
Na verdade, o Menino Jesus é a estrela. O evangelho diz que se alegraram com uma
alegria muito grande. É a alegria divina. Adoraram e abriram seus presentes:
ouro, incenso e mirra. Não se trata só de um presente, mas o reconhecimento de
Jesus como Rei, Deus e Homem das dores. Eles, espertos, percebendo o golpe que
Herodes queria dar e que acabaria também com eles, voltaram para suas terras por
outro caminho. Depois que a gente encontra Jesus, sempre mudamos os caminhos.
Lembramos que são pagãos esses homens. Deus se abre a todos que O procuram.
Entramos em seu pensamento de vamos levar o Messias a outros, porque Ele tem
muito a oferecer a cada pessoa. A salvação é para todos os povos.
Homilia da Epifania do Senhor (08.01.2017)
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