PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Acolhimento
dá vida
A liturgia deste domingo tem
sabor oriental na prática do acolhimento do hóspede. A abertura das casas, nos
dias de hoje, é risco de vida. Mas não podemos sacrificar o evangelho por causa
dos males da sociedade. Se fizermos o contrário venceremos toda a violência. Lemos
o acolhimento de Abraão aos três personagens e o acolhimento das duas irmãs a
Jesus que passa por sua casa. O verbo acolher refere-se também ao acolhimento
da palavra divina (Lc
10.39). A hospitalidade está unida à abertura a Deus. Abraão, de pé,
acolhe com prontidão. Maria assentada, escuta. É a atitude do discípulo.
Acolher as pessoas é acolher a Deus. Jesus disse: “Quem acolhe um destas
crianças por causa de meu nome, é a mim que acolhe (Mc 9,37). A hospitalidade na Escritura e, na
vida da comunidade cristã, tem sentido religioso. Na Carta aos Hebreus está
escrito: “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque por ela alguns, sem
saberem, hospedaram anjos” (Hb 13,2). Como a caridade, o acolhimento é completo, como faz
Abraão com a abundância e a presteza. Toda hospitalidade é um sacramento do Deus
que visitou o seu povo na pessoa de Jesus. Pela hospitalidade somos hospedados
pela Trindade. O coração bom é sempre um bom lugar de nos hospedarmos. Jesus
diz: “vinde a mim... pois sou manso e humilde de coração” (Mt 11,28-29). Para
hospedar é preciso ter a pureza da mente e das atitudes.
Uma
única visão da vida
Jesus
era aberto para encontrar as pessoas que o acolhessem e acolhessem sua palavra.
Ele é a Palavra que pede acolhimento. Há dois modos de estar com Jesus: na
atividade e na contemplação. São as duas atitudes apresentadas por Marta e
Maria. Elas representam o acolhimento. Marta se afana no trabalho de acolher e
Maria, assentada, acolhe a palavra do hóspede Jesus. Marta cobra de Jesus que
sua irmã a ajude. Jesus responde que ela está muito agitada e que Maria
escolheu a melhor parte que não lhe será tirada (Lc 40-42). Jesus não quer dizer que Marta
está errada. Está como a dizer: Vamos todos ficar juntos, ouvindo a Palavra
(conversando) e depois nós vamos preparar a refeição. Esta situação foi
indicada como os dois modelos da vida cristã: contemplação e ação. Não se pensa
mais assim, mas se tem Maria como modelo dos que contemplam Deus na ação e
trazem o mundo no coração na contemplação, isto é, na espiritualidade. Sem esta
união “mariana” nem a contemplação, nem a ação serão completas.
Completando
em nossa carne
Paulo hospedou Jesus em sua vida e participou
dos seus sofrimentos mas também do segredo de sua missão que é a abertura da fé
aos pagãos dos quais se faz servidor. Paulo nos dá uma visão que completa o que
falamos na evangelização: A participação dos sofrimentos de Cristo. Sem isso se
torna incompreensível o sofrimento na vida do justo. Quanto mais unidos a
Cristo, mais participamos de sua entrega ao Pai e sofremos as mesmas dores que padeceu.
Sem sofrimento, a redenção torna-se uma ideologia. O sofrimento nos torna
perfeitos em Cristo e nos faz unidos a todos os homens e mulheres da terra.
Transmitimos a Palavra de Deus em plenitude. Hospedar o sofrimento como Palavra
de Deus é redenção da humanidade. “Participar da missa é unir-se ao Cristo que
se oferece ao Pai pelo mundo” (Pe.Gregório
Lutz). É hospedar as dores do mundo no coração, com
Ele o fez.
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