Evangelho segundo S. João 6,1-15.
Naquele
tempo, Jesus foi para a outra margem do lago da Galileia, ou de Tiberíades. Seguia-o uma grande multidão, porque presenciavam os sinais miraculosos que
realizava em favor dos doentes. Jesus subiu ao monte e sentou-se ali com os
seus discípulos. Estava a aproximar-se a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo o olhar e reparando que uma grande multidão viera ter com Ele,
Jesus disse então a Filipe: «Onde havemos de comprar pão para esta gente comer?» Dizia isto para o pôr à prova, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Filipe
respondeu-lhe: «Duzentos denários de pão não chegam para cada um comer um
bocadinho.» Disse-lhe um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Há aqui um rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é
isso para tanta gente?» Jesus disse: «Fazei sentar as pessoas.» Ora, havia
muita erva no local. Os homens sentaram-se, pois, em número de uns cinco mil. Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os pelos que
estavam sentados, tal como os peixes, e eles comeram quanto quiseram. Quando
se saciaram, disse aos seus discípulos: «Recolhei os pedaços que sobraram, para
que nada se perca». Recolheram-nos, então, e encheram doze cestos de pedaços
dos cinco pães de cevada que sobejaram aos que tinham estado a comer. Aquela
gente, ao ver o sinal milagroso que Jesus tinha feito, dizia: «Este é realmente
o Profeta que devia vir ao mundo!» Por isso, Jesus, sabendo que viriam
arrebatá-lo para o fazerem rei, retirou-se de novo, sozinho, para o monte.
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia:
Papa Francisco
Exortação
apostólica «Evangelii Gaudium / A Alegria do Evangelho» §§ 46-49
«Partiu depois os pães e deu-os aos discípulos, e estes à multidão»
(Mt 14,19)
A Igreja «em saída» é uma Igreja com as
portas abertas […]. A Igreja é chamada a ser sempre a casa aberta do Pai […].
Todos podem participar de alguma forma na vida eclesial, todos podem fazer parte
da comunidade, e nem sequer as portas dos sacramentos se deveriam fechar por uma
razão qualquer. Isto vale sobretudo quando se trata daquele sacramento que é a
«porta»: o Baptismo. A Eucaristia, embora constitua a plenitude da vida
sacramental, não é um prémio para os perfeitos, mas um remédio generoso e um
alimento para os fracos. […] A Igreja não é uma alfândega; é a casa paterna,
onde há lugar para todos com a sua vida fadigosa.
Se a Igreja
inteira assume este dinamismo missionário, há-de chegar a todos, sem excepção.
Mas quem deve Ela privilegiar? Quando se lê o Evangelho, encontramos uma
orientação muito clara: não tanto os «amigos e vizinhos ricos», mas sobretudo os
«pobres e os doentes», aqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos,
«aqueles que não têm com que te retribuir» (Lc 14, 12s). Não devem subsistir
dúvidas nem explicações que debilitem esta mensagem claríssima. Hoje e sempre,
«os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho» (Bento XVI). […] Há
que afirmar sem rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre a nossa fé e os
pobres. Não os deixemos jamais sozinhos!
Saiamos, saiamos para
oferecer a todos a vida de Jesus Cristo. Se alguma coisa nos deve santamente
inquietar e preocupar a nossa consciência, é que haja tantos irmãos nossos que
vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma
comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida. […] Lá
fora há uma multidão faminta e Jesus repete-nos sem cessar: «Dai-lhes vós mesmos
de comer» (Mc 6, 37).
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