missionário junto dos Ruthenes,
canonizado pelo santo Papa João Paulo II em 1997.
João nasceu em Dukla, próxima dos montes Cárpatos, na Polónia em 1414. Muito jovem ingressou na Ordem dos Frades Menores. Ordenado sacerdote se distinguiu por seu zelo e prudência, tanto que mereceu ser colocado em postos de responsabilidade. Foi várias vezes guardião e superior em Krosno e em Leópoli, onde também foi custódio de todos os conventos daquela Província, particularmente importante dada a vizinhança dos territórios ortodoxos e o carácter missionário destes conventos.
Naquele tempo, os franciscanos polacos estavam unidos com os checos em uma só província. Por sua inclinação à vida contemplativa, obteve dos superiores permissão para viver em conventos onde se observava com maior rigidez a Regra Franciscana. Setores especiais de sua vida foram o confessionário e o púlpito. Ao ficar cego, não podendo preparar as pregações, tinha a ajuda de um noviço que lia alguns textos sagrados sobre os quais preparava suas homilias.
Chegou aos 70 anos quando Deus quis premiá-lo com a glória do céu. João faleceu no dia 29 de setembro de 1484.
Trechos da homilia do Papa João Paulo II no dia da canonização São João de Dukla a 10 de Junho de 1997:
O seu nome e juntamente a glória da sua santidade estão unidos para sempre a Dukla, pequenina ainda que antiga cidade, situada aos pés do monte Cergowa e da cadeia de montanhas do Beskid Central. Estes montes e esta cidade são-me bem conhecidos desde os velhos tempos. Muitas vezes eu vinha aqui ou caminhava rumo aos Bieszczady, ou então em direcção oposta dos Bieszczady, através do Beskid Baixo, até Krynica. Pude conhecer as pessoas do lugar, gentis e hospitaleiras, embora às vezes maravilhadas ao ver grupos de jovens, vagueando pelos seus montes com pesadas mochilas. Sinto-me feliz de poder retornar aqui, de ter podido, entre estas bonitas montanhas e aos pés deste monte Cergowa, proclamar santo da Igreja católica o vosso compatriota e concidadão.
João de Dukla é um dos muitos Santos e Beatos que cresceram na terra polaca, no decurso dos séculos XIV e XV. Todos estavam ligados à Cracóvia régia. Atraía-os a Faculdade de Teologia de Cracóvia, surgida por obra da Rainha Edviges, por volta do final do século XIV. Animavam a cidade universitária com o sopro da sua juventude e da sua santidade, e dali dirigiam-se para o Leste. As suas estradas levavam, antes de tudo, a Lviv, como no caso de João de Dukla, que transcorreu a maior parte da sua vida naquela grande cidade, centro ligado à Polónia por vínculos muito estreitos, especialmente a partir dos tempos de Casimiro, o Grande. São João de Dukla é o padroeiro da cidade de Lviv e de todo o território circunstante.
O seu nome estará para sempre, daqui por diante, ligado não só à cidade onde se realiza a sua canonização, Krosno à margem do Wislok, mas também a Przemysl e à homónima Arquidiocese, a cujo Pastor, o Arcebispo Józef Michalik, apresento a minha cordial saudação.
Devemos olhar para a vocação deste filho espiritual de São Francisco e para a sua missão, num contexto histórico mais amplo. De fato, a Polónia já quatro séculos antes recebera o cristianismo. Quase quatrocentos anos tinham passado desde quando actuara na Polónia Santo Adalberto. Os séculos sucessivos foram marcados pelo martírio de Santo Estanislau, pelo ulterior progresso da evangelização e do desenvolvimento da Igreja nas nossas terras. Em grande medida isto estava unido à atividade dos beneditinos. No século XIII chegam à Polônia os filhos de São Francisco de Assis. O movimento franciscano encontrou nas nossas terras o terreno adequado. Frutificou também com toda uma multidão de Beatos e de Santos que, inspirando-se no exemplo do Pobrezinho de Assis, animaram o cristianismo polaco com o espírito de pobreza e de amor fraterno. À tradição de pobreza evangélica e de simplicidade de vida eles uniam o conhecimento e a sabedoria que, por sua vez, tiveram efeitos sobre o seu trabalho pastoral.
Caros Irmãos e Irmãs, neste lugar de onde se vêem os campos verdes de trigo, que dentro em pouco, ao dourar-se, começarão a convidar o agricultor ao duro trabalho «pelo pão» — neste lugar quero recordar as palavras pronunciadas pelo Rei João Casimiro, naquele dia histórico diante do trono de Nossa Senhora das Graças, na catedral de Lviv. Elas exprimiam uma grande solicitude pela Nação inteira, o desejo de justiça e a vontade de suprimir os pesos, que oprimiam os seus súbditos, especialmente os homens da terra. Hoje, durante a canonização de João de Dukla, filho desta região, desejo prestar homenagem ao trabalho do agricultor. Inclino-me com respeito sobre esta terra dos Bieszczady, que na história experimentou muitos sofrimentos entre guerras e conflitos, e hoje é provada por novas dificuldades, de modo especial pela falta de trabalho. Desejo prestar homenagem ao amor do agricultor pela terra, porque ele tem sempre constituído o forte apoio em que se baseava a identidade da Nação.
Caros Irmãos e Irmãs! A terra sobre a qual nos encontramos está impregnada e repleta da santidade de João de Dukla. Este santo religioso não só tornou famosa esta bonita terra de Bieszczady, mas antes de tudo santificou-a. Sois os herdeiros desta santidade. Pousando os vossos pés sobre esta terra, caminhai nas suas pegadas. Aqui, todos sentimos, de modo misterioso, «o tesouro da glória de Jesus Cristo que se manifesta nos seus santos» (cf. Ef 1, 18). Esta terra deu, de fato, muitas testemunhas autênticas de Jesus Cristo, pessoas que depositaram plenamente a sua confiança em Deus e dedicaram a própria vida ao anúncio do Evangelho.
Neste caminho vos acompanhe a Mãe de Cristo, venerada em inúmeros santuários desta terra. Dentro em pouco vou coroar as imagens de Nossa Senhora de Haczów, de Jaliska e de Wielkie Oczy. Seja este ato a expressão da nossa veneração por Maria e da esperança em que, com a sua intercessão, Ela nos ajude a cumprir, até ao fim, a vontade de Deus. No período do Milénio do baptismo tínhamos aprendido a cantar: «Maria, Rainha da Polónia, estou junto de ti, recordo-me de ti, estou vigilante» (Apelo de Jasna Góra). Sentimo-nos felizes por que, juntamente connosco, velam todos os Santos padroeiros da Polónia. Estamos alegres e oramos pela Nação polaca e pela Igreja na nossa terra — tertio millennio adveniente.
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