quarta-feira, 17 de junho de 2020

Beata Teresa de Portugal, Rainha e Cisterciense - Festa 17 de junho

     Não só nos mosteiros e conventos se refugiava e florescia a santidade na Idade Média. Nos palácios, as famílias reais deram muitos santos a Igreja. Em Portugal, três filhas de D. Sancho I (1154-1211), bem fidalgamente souberam se enfeitar com a riqueza e a beleza das virtudes cristãs, para se tornarem exemplos aos reis e aos povos. Nascidas e educadas na corte, duas delas chegaram mesmo a contrair matrimônio. Mas todas três renunciaram depois ao mundo, suas comodidades e enredos, para se consagrarem à perfeição religiosa. Foram elas Beata Sancha (1180-1229 festejada 11 de abril), Beata Teresa (1177-1250) e Beata Mafalda (1195-1256 festejada 2 de maio). Uma outra irmã, Branca de Portugal, também tornou-se religiosa.
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     Hoje a Igreja comemora a Beata Teresa de Portugal, no século Teresa Sanches de Portugal. Ela é a menos conhecida das Santas que levam o seu nome, e às vezes é citada com a forma antiga do seu nome: Tarasia ou Tareja. Ela também ficou conhecida mais tarde como Infanta-Rainha ou Rainha Santa Teresa. Era a filha mais velha de Sancho I, segundo rei português; seus avós paternos foram Mafalda de Saboia, filha do Conde Amadeu III, e Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal.
     Da. Teresa nasceu em Coimbra no ano 1177. Prometida em casamento a seu primo Afonso IX, Rei de Castela e Leão, as núpcias foram celebradas em Guimarães no dia 15 de fevereiro de 1191; do casamento nasceram três filhos: Sancha, Dulce e Fernando. Em 1196 o matrimônio foi declarado nulo por “impedimentum affinitatis” e quatro anos depois Da. Teresa se retirou no convento beneditino de Lorvão, que ela mesma haveria depois de transformar em abadia cisterciense, e nela tomar o véu religioso. Este mosteiro foi um dos principais centros de produção de manuscritos e iluminuras na Idade Média no país, destacando-se o “Apocalipse do Lorvão” e o “Livro das Aves”. Na mesma altura, a sua irmã Da. Sancha fundava em Coimbra o mosteiro feminino de Celas.
     Por ocasião da morte do pai Sancho I, em 1211, a infanta Teresa deveria ter herdado, segundo disposição testamentária deste último, o Castelo de Montemor-o-Velho, e tudo o que compreendia tal posse, inclusive o direito ao título de ‘rainha’, enquanto senhora de tal castelo. Afonso II, seu irmão, desejando concentrar em suas mãos todo o poder, não aceitou tal testamento e impediu Teresa de tomar posse do seu título e dos direitos respectivos, como também o de suas irmãs Mafalda e Sancha.
     Em 1230, seu ex-esposo Afonso morreu depois de ter tido cinco filhos da sua segunda esposa, Berengária de Castela. Este segundo casamento foi também anulado devido à consanguinidade. Assim, os filhos de ambos os casamentos viriam a disputar a coroa (até porque Afonso deserdara o primogênito do seu segundo casamento, e legara o reino às duas filhas que tivera de Da. Teresa). Da. Teresa interveio e permitiu que São Fernando III assumisse o trono, incentivando assim a paz no reino de Castela e Leão.
     Resolvida esta querela dinástica, Da. Teresa retornou ao Mosteiro de Lorvão e finalmente tomou os votos conventuais após ter vivido anos como monja. Ali morreu em 18 de junho de 1250 de causas naturais. Os seus restos mortais foram colocados junto aos de sua irmã Da. Sancha. Ambas encontram-se sepultadas na capela-mor de Lorvão, guardando-se os restos mortais das Santas Rainhas em túmulos de prata, obra realizada em 1715 pelo ourives portuense Manuel Carneiro da Silva.
     A 13 de dezembro de 1705, Da. Teresa foi beatificada pelo Papa Clemente XI, através da bula Sollicitudo Pastoralis Offici, juntamente com a sua irmã Da. Sancha. O Martirológio Romano comemora a Beata Teresa no dia 17 de junho.

Túmulo da Beata na capela
 do Mosteiro de Lorvão
Mosteiro de Lorvão
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