José de Arimateia era assim conhecido por ser de Arimateia, cidade da Judeia. Homem rico, senador da época, era membro do Sinédrio, o Colégio dos mais altos magistrados do povo judeu.
José de Arimateia, juntamente com Nicodemos, providenciou a retirada do corpo de Cristo da cruz após solicitação feita a Pôncio Pilatos. De acordo com o Evangelhos, era o dono do sepulcro onde Jesus, seu amigo, foi depositado, num horto a cerca de 30 metros do local da crucifixão e de onde ressuscitou três dias depois da morte. A tradição atribui também a José o lençol de linho em que Jesus foi envolvido, conhecido hoje como o Santo Sudário.
José foi contemporâneo de Jesus no século I, e sua origem é Arimatéia (Armathahim, em Hebreu), um povoado no alto do Monte Efraim, na Judéia (região sul do atual Israel, então Reino de Judá). É mencionado nos quatro Evangelhos, na ocasião do recolhimento e sepultamento do corpo de Jesus (Mt 27,57-60, Mc 15,42-46, Lc 23,50-54, Jo 19,38-42).
Destas breves menções, podemos saber que José era rico, membro importante do Sinédrio, o Tribunal Superior dos judeus. Sendo reto e justo, discípulo de Jesus (mas em segredo, por medo dos judeus), esperava o Reino de Deus, e opôs-se à decisão do Sinédrio de condenar o Cristo. Depois da morte do Senhor, teve a coragem de, ao cair da tarde, apresentar-se a Pilatos e lhe pedir o corpo do Crucificado. Pilatos, surpreso de que a morte já tivesse ocorrido, primeiro informou-se do fato com um oficial romano, mas depois concedeu a José a autorização.
José retirou o corpo de Jesus da Cruz, tenho antes providenciado um lençol de linho para envolvê-lo, como era o costume judaico. Presente estava também Nicodemos, igualmente judeu e discípulo escondido de Jesus, que levou grande quantidade de mirra com aloés, substâncias utilizadas para ungir o cadáver. Em seguida, o depositaram num túmulo novo, isto é, ainda não utilizado por ninguém, que José mandara cavar na rocha para si mesmo; este sepulcro estava num jardim próximo ao local da crucifixão. Por fim, José rolou uma grande pedra para fechar a entrada do sepulcro e se retirou.
Todos estes passos do tradicional sepultamento judaico – manto, mirra e aloés, túmulo escavado na rocha com uma pedra para fechá-lo – foram feitos com carinho, mas às pressas, pois também era do costume judaico não executar qualquer tarefa ao cair do sábado, o seu dia sagrado, particularmente naquele, que era a véspera da festa da Páscoa, que devia ser preparada. De fato, a ordem de Pilatos para quebrar as pernas dos outros dois condenados com Jesus, para lhes apressar a morte, foi pedida pelos judeus, de modo a poderem retirar os corpos das cruzes antes do sábado (Jo 19,31-32). À hora do sepultamento, “já cintilavam as luzes do início do sábado” (Lc ,23,54) indicando talvez a luz das primeiras estrelas no céu e / ou as luzes acesas pelos judeus para a noite.
Outras dados sobre José de Arimatéia são fornecidos por escritos apócrifos. Assim, o “Evangelho de Pedro”, do século II, diz que o pedido a Pilatos para a retirada do corpo de Jesus foi feito antes da Crucifixão, e o “Evangelho de Nicodemus” indica que José teria participado da fundação da comunidade cristã da Lídia. Estas informações não são confiáveis, mas também têm pouca importância. O que pode ser muito provável é que José se tenha unido aos discípulos de Jesus de forma mais clara posteriormente à Sua Ressurreição. E certamente faleceu no primeiro século. Também é certo que o manto que levou para envolver Jesus é hoje conhecido como Santo Sudário, uma das evidências mais marcantes da Ressurreição, estudado cada vez mais profundamente pela Ciência, que cada vez mais corrobora os relatos bíblicos a respeito.
O que é completamente fantasioso e sem nenhum fundamento histórico é o conjunto de lendas que surgiram sobre sobre José de Arimatéia a partir do século IV. Elas apenas refletem a importância que os fiéis davam aos primeiros discípulos de Cristo. Entre estas histórias, José teria ficado com o cálice da última Ceia, o famoso Santo Graal das lendas do Rei Arthur e Cavaleiros da Távola Redonda na Inglaterra; neste país, o seu cajado teria sido fincado na terra, em Gastonbury, e ali se transformado numa árvore de espinhos de onde nasciam uvas no Natal; ou teria sido parente distante de Jesus, sendo dono de minas de zinco em Cornwall, aonde teria levado o Cristo (argumento de base do poema “Jerusalém”, de Willian Blake); e muitas outras.
São José de Arimatéia é padroeiro dos mineiros, dos coveiros e diretores de funerais.
Colaboração: José Duarte de Barros Filho
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