terça-feira, 1 de outubro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Dai-lhes vos mesmos de comer”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHOR
Encheu-se de compaixão
 
A compaixão de Jesus é expressão completa para compreender sua pessoa e missão. É também o modelo pastoral mais fecundo para assumirmos a missão que nos dá. O milagre da multiplicação exprime essa realidade. Deus no Antigo Testamento revela-se como misericórdia e compaixão. Isaias escreve para confortar o povo que sofria necessidades quando voltou à terra de Israel depois do exílio. Havia dificuldades e desesperança. Ensina que Deus vai manter as promessas feitas a Davi. Mais que um bem material, o profeta indica o Senhor como solução: “Inclinai vosso ouvido e vinde a Mim, ouvi e tereis vida” (Is 55,3). Jesus encontra a mesma situação. O povo O procurava porque tinha profunda necessidade de vida e tinha sede de Deus. O milagre da multiplicação é sinal da redenção que é para todos e em abundância. A compaixão era experiência que o povo tinha de Deus. Assim rezamos no salmo: “Misericórdia e piedade é o Senhor, Ele é amor, é paciência, é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos; sua ternura abraça toda criatura... Vós lhes dais no tempo certo o alimento; abris a mão prodigamente e saciais todo ser vivo com fatura (Sl 144,8-9.15-16). Jesus, ao dizer dai-lhes vós mesmos de comer, está nos entregando uma missão. Deus fará milagres através dos que são movidos pela mesma compaixão. Compaixão não é sinônimo de sentimento de dó, mas é a atitude que resolva a situação. A parábola do bom samaritano que deu assistência completa ao homem é realizada por Jesus que é o samaritano que assumiu nossas dores. Os que esperam em Deus terão solucionadas suas questões quando encontrarem os que vivem o Evangelho de Jesus. O homem atual pode morrer de fome vivendo na saciedade porque não tem a fome de Deus nem a compaixão pelos que sofrem. Dar esmola para acalmar a consciência e ser ver livre, não é o projeto da compaixão de Jesus. Não é caridade. É preciso ir à solução. 
Todos em Vós esperam 
A celebração de hoje é um grito de angústia. Deus é resposta. Ele não é um quebra galhos. Jesus é a resposta de Deus a essa dor. Fomos colocados, pela fé em Jesus, como resposta às necessidades de bilhões de pessoas. Há muito sofrimento por todo lado. Infelizmente fechamos os ouvidos com nossas pequenas coisas. A partir do momento em que assumirmos a fé, “nada será capaz de nos separar do amor de Deus por nós, manifestado em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8, 9). A Palavra de Deus será o guia para irmos além da pura ação social para seguir o projeto de Jesus, como lemos na aclamação ao Evangelho: “O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4b). Não será com grandes projetos que daremos a solução, mas com gestos que nascem do amor a Cristo. Não basta a fé, é preciso o amor que a justifique. 
Nada no separará do amor de Cristo 
Como na parábola do semeador, colocamos muitos empecilhos à germinação da Palavra em nós. Quem entregou sua vida ao Cristo e seu Evangelho, tem a capacidade de fazer grandes coisas pelo Reino. A grandeza se mede pelo amor que temos. Os pequenos gestos são como os pequenos grãos que fazem as montanhas. A força será maior quando unidos em comunidade caminhamos na mesma direção. Não se trata de grandes realizações, mas da união de todos no amor de Cristo que supera todo obstáculo e suporta as adversidades. Ao celebrarmos a Eucaristia realizamos essa verdade. Orientados pela Palavra construímos a união com nossos pequenos gestos. O Reino de Deus cresce. 
Leituras Isaias 55,1-3;Salmo 144;
Romanos 8,35.37-39; Mateus 14,13-21 
1. A compaixão de Jesus é expressão completa de sua pessoa e missão. É também modelo pastoral para assumir sua missão. Ao povo que sofria na volta depois do Exílio, o profeta garante as promessas de Deus. O bem maior é abrir os ouvidos a Deus. O milagre da multiplicação é sinal da redenção abundante para todos. Jesus passa sua missão para nós. Deus fará milagre através da compaixão que tivermos. Ele é o bom samaritano. O mundo atual tem fome e sede de Deus. 
2. Há um grito de angústia e Deus é a resposta. Jesus é resposta a sua dor. Temos os ouvidos fechados por nossas pequenas coisas. Quando assumimos a fé nada será capaz de nos separar do amor de Deus manifestado em Cristo. A Palavra de Deus será o guia para irmos além do social para seguir o projeto de Jesus. 
3. Colocamos empecilhos à germinação da Palavra. Quem entregou sua vida a Cristo tem capacidade de fazer grandes coisas. A força está na comunidade que caminha na mesma direção e supera os obstáculos. Na Eucaristia realizamos essa verdade. 
Ele paga a conta 
Há dois alimentos: Um que enche o estômago, e Deus o dá com generosidade. “Deus distribui os bens a todos... Vós abris a vossa mão e saciais os vossos filhos. Deus é muito bom para com todos. O outro é o que enche o coração. Esse é mais abundante. Ele está perto da pessoa que o invoca (Sl 144). Ouvimos a narrativa da multiplicação dos pães. Jesus mandou que distribuíssem. Esse milagre é um ensinamento. Ensina a partilhar. Não é Deus quem vai fazer o milagre da multiplicação do pão para o mundo, mas cada um de nós. Quem não partilha, vai morrer de fome. Pode estar empanturrado, mas o coração está faminto, pois não tem o amor de Deus que é vida. Nada nos separará do amor de Cristo. Este é o alimento que o Pai nos dá, e nos sustenta. Esse devemos também distribuir e com abundância. 
Homilia do 18º Domingo Comum (03.08.2014)

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