Evangelho segundo São Lucas 4,14-22a.
Naquele tempo, impelido pelo Espírito, Jesus voltou para a Galileia e a sua fama propagou-se por toda a região.
Ensinava nas sinagogas e era elogiado por todos.
Foi então a Nazaré, onde Se tinha criado. Segundo o seu costume, entrou na sinagoga a um sábado e levantou-Se para fazer a leitura.
Entregaram-Lhe o livro do profeta Isaías e, ao abrir o livro, encontrou a passagem em que estava escrito:
«O Espírito do Senhor está sobre mim, porque Ele me ungiu para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me a proclamar a redenção aos cativos e a vista aos cegos, a restituir a liberdade aos oprimidos,
a proclamar o ano da graça do Senhor».
Depois, enrolou o livro, entregou-o ao ajudante e sentou-Se. Estavam fixos em Jesus os olhos de toda a sinagoga.
Começou, então, a dizer-lhes: «Cumpriu-se hoje mesmo esta passagem da Escritura que acabais de ouvir».
Todos davam testemunho em seu favor e se admiravam das palavras cheias de graça que saíam da sua boca. E perguntavam: «Não é este o filho de José?».
Tradução litúrgica da Bíblia
(1075-1130)
Monge beneditino
Sobre a Santíssima Trindade, 42
«O Espírito do Senhor está sobre mim»
«Cumpriu-se hoje mesmo esta palavra da Escritura que acabais de ouvir: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porque o Senhor me ungiu" (Is 61,1)». É como se Cristo tivesse dito: Porque o Senhor Me ungiu, Eu disse sim, disse-o verdadeiramente, e volto a dizê-lo; o Espírito do Senhor está sobre Mim. Onde foi, pois, em que momento foi que o Senhor Me ungiu? Ungiu-Me quando fui concebido, ou melhor, ungiu-Me a fim de que fosse concebido no seio de minha Mãe. Porque não foi da semente de um homem que uma mulher Me concebeu, antes uma Virgem Me concebeu da unção do Espírito Santo. Foi então que o Senhor Me assinalou com a unção real; consagrou-Me rei ungindo-Me, ao mesmo tempo que Me consagrava sacerdote. E pela segunda vez, no Jordão, o Senhor consagrou-Me por esse mesmo Espírito.
E porque está o Espírito do Senhor sobre Mim? Ele enviou-Me «a anunciar a boa nova aos pobres, a curar os corações atribulados» (Is 61,1). Não Me enviou aos orgulhosos nem aos «que têm saúde», mas como «médico aos doentes» e aos corações despedaçados. Não Me enviou «aos justos», mas «aos pecadores» (Mc 2,17). Fez de Mim um «homem de dores, acostumado ao sofrimento» (Is 53,3), um homem «manso e humilde de coração» (Mt 11,29). Enviou-Me «a proclamar a redenção aos cativos e a liberdade aos prisioneiros» (Is 61,1). A que prisioneiros, ou antes, de que prisão venho anunciar a libertação? A que cativos venho anunciar a liberdade? Desde que «por um só homem entrou o pecado no mundo e, pelo pecado, a morte» (Rom 5,12), todos os homens são prisioneiros do pecado, todos são cativos da morte. Eu fui enviado «a consolar os aflitos de Sião» (Is 61,2-3), todos quantos se afligem por terem sido, devido aos seus pecados, privados e separados de sua mãe, a «Jerusalém do alto» (Gal 4,26). Sim, consolá-los-ei mudando «a sua cinza em coroa, o seu semblante triste em perfume de festa», ou seja, dando-lhes a consolação do Espírito Santo em vez do luto da orfandade e do exílio, uma veste de festa, ou seja, a glória da ressurreição, em vez do «abatimento» (Is 61,3).

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