Evangelho segundo São Lucas 18,35-43.
Naquele tempo, quando Jesus Se aproximava de Jericó, estava um cego a pedir esmola, sentado à beira do caminho.
Quando ele ouviu passar a multidão, perguntou o que era aquilo.
Disseram-lhe que era Jesus Nazareno que passava.
Então ele começou a gritar: «Jesus, filho de David, tem piedade de mim».
Os que vinham à frente repreendiam-no, para que se calasse, mas ele gritava ainda mais: «Filho de David, tem piedade de mim».
Jesus parou e mandou que Lho trouxessem. Quando ele se aproximou, perguntou-lhe:
«Que queres que Eu te faça?». Ele respondeu-Lhe: «Senhor, que eu veja».
Disse-lhe Jesus: «Vê. A tua fé te salvou».
No mesmo instante ele recuperou a vista e seguiu Jesus, glorificando a Deus. Ao ver o sucedido, todo o povo deu louvores a Deus.
Tradução litúrgica da Bíblia
Presbítero de Antioquia,
bispo de Constantinopla,
doutor da Igreja
Homilias sobre o Evangelho de São Mateus, n.º 66, 1
«Jesus, filho de David, tem piedade de mim»
Olhemos bem para estes cegos de Jericó do Evangelho de São Mateus, pois valem mais do que muitos que veem claramente. Não tinham ninguém que os guiasse nem podiam ver Jesus aproximar-Se. No entanto, esforçaram-se por chegar junto dele: puseram-se a gritar em altos brados; e, quando tentaram calá-los, gritaram com mais força ainda. Assim é uma alma enérgica: os que querem pará-la redobram-lhe o ímpeto.
Cristo permite que tentem calá-los para que o seu fervor melhor se revele e para te demonstrar que esses cegos eram verdadeiramente dignos de ser curados. É por isso que não lhes pergunta se têm fé, como tantas vezes fazia: os seus gritos e esforços para dele se aproximarem bastaram para mostrar a fé que tinham. Aprende com isto, meu querido amigo: se, apesar da nossa baixeza e miséria, nos dirigirmos a Deus com todo o coração, poderemos obter aquilo que pedimos. Em todo o caso, olha bem para estes dois cegos: tinham apenas um discípulo para os proteger, muitos lhes impunham silêncio e, no entanto, conseguiram triunfar sobre todos os impedimentos e chegar junto de Jesus. O evangelista não lhes assinala uma qualidade de vida excecional; mas o seu fervor tudo suplantou.
Imitemo-los; e, mesmo que Deus não nos conceda logo aquilo que Lhe pedimos, mesmo que muitos procurem afastar-nos da oração, não cessemos de Lho implorar. Porque é assim que atrairemos os favores de Deus.
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