quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

REFLETINDO A PALAVRA - “Deus rico em misericórdia”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
52 ANOS CONSAGRADO
45 ANOS SACERDOTE
Impressionou-me o milagre que lemos no evangelho
. O homem doente foi levado em seu catre para cima da casa, descido do alto e colocado diante de Jesus. Deve ter sido uma cena fantástica. Jesus vendo a fé dos homens diz: “teus pecados estão perdoados”. Foi aquele espanto para os fariseus. “Quem pode perdoar pecado senão Deus? Este homem blasfema!” Jesus diz: o que é mais fácil dizer: “teus pecados te são perdoados ou levanta-te e anda?” Para que saibais que o Filho do homem tem poder de perdoar pecados, diz ao paralítico: “levanta-te, toma teu leito e vai para tua casa”! A cura tem dois momentos: a cura do coração – o perdão dos pecados. E a cura do corpo - o homem volta a andar. 
É notável que os homens trazem o doente para ser curado, mas Jesus perdoa os pecados. Demonstra claramente sua missão: reconciliação e cura do coração de cada pessoa. Esta cura do homem espiritual é explicada pelo milagre que se segue. A fé em Jesus como Filho de Deus que pode curar é suficiente para dar à pessoa a possibilidade e estabelecer um momento de redenção. Este momento não é uma conquista da pessoa, é um dom de Deus. Jesus perdoa sem ser solicitado. Aqui entra um elemento importante de nosso conhecimento de Deus. Ele é o Deus da misericórdia que toma a dianteira no seu diálogo de salvação. O fato de ir a Deus, é ter sido conquistado por Ele. 
Recordando a história da salvação, vemos que é Deus quem cria o homem e o coloca no paraíso. É Deus quem promete um Salvador, sem que tenha sido pedido. É Deus quem escolhe Abraão, “vê o sofrimento do povo no Egito e desce para salvá-lo”. É Deus quem, apesar da cabeça dura do povo, continua a oferecer sua misericórdia. É Deus quem envia Jesus, como Redentor, não somente espiritual, mas de todas as condições de sofrimento. Deus está sempre a oferecer, chamar e conquistar. Toma a dianteira. 
Por aí podemos refletir: nós somos humildes, corremos a Deus, pedimos socorro em nossas necessidades e sofrimentos. Este gesto “egoísta”, de só ir a Deus quando a água bate em nós, é já uma demonstração de fé. É lógico: se corro a Deus, é que sei que Ele é o Senhor de todas as coisas, até de minhas ninharias. Deus neste ato de fé que demonstramos, não nos dá somente o remedinho para aquele mal, mas dá-nos a Si mesmo como amor misericordioso. Ele se sente envolvido com seus queridos. Nós nos preocupamos quando, em nossas confissões, não nos sentimos tão preparados. Mas a grandeza da confissão não está na tamnho de nossos pecados e de nosso arrependimento, mas na grandeza do amor do Pai que vem nos acolher, perdoar, abraçar, pouco se preocupando com o que dissemos, mas com nosso ato de fé de ir até Ele, neste gesto penitencial. O sacramento da confissão tem que ser entendido a partir de Deus que ama e quer dar o perdão e não a partir do pecador, seja Ele quer for e como estiver. Nós não nos fazemos merecedores do perdão, mas é o Pai que em seu Filho nos faz merecedores de seu amor. Com amor eterno Deus nos amou e enviou seu Filho para manifestar, provar e garantir o seu amor.

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