Evangelho segundo São Lucas 10,1-12.
Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.
E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Ide. Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos.
Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho.
Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: "Paz a esta casa".
E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco.
Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa.
Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem,
curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: "Está perto de vós o Reino de Deus"».
Mas quando entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saí à praça pública e dizei:
"Até o pó da vossa cidade que se pegou aos nossos pés sacudimos para vós. No entanto, ficai sabendo: Está perto o reino de Deus".
Eu vos digo: Haverá mais tolerância, naquele dia, para Sodoma do que para essa cidade».
Tradução litúrgica da Bíblia
Papa(1835-1914)
Encíclica «E supremi apostolatus»
Enviados por Cristo ao mundo inteiro
«Ninguém pode pôr outro fundamento diferente do que foi posto, isto é, Jesus Cristo» (1Cor 3, 11), Ele «a quem o Pai santificou e enviou ao mundo» (Jo 10,36), «esplendor da sua glória e imagem da sua substância» (Heb 1,3), verdadeiro Deus e verdadeiro homem, sem quem ninguém pode conhecer perfeitamente a Deus, porque «ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho O quiser revelar» (Mt 11,27). Donde se segue que «reunir sob a chefia de Cristo todas as coisas» (Ef 1,10) e fazer regressar os homens à obediência a Deus são uma e a mesma coisa. É por isso que o objetivo para o qual devem convergir todos os nossos esforços consiste em fazer regressar o género humano à soberania de Cristo. Desse modo, o homem será, por isso mesmo, reconduzido a Deus: não a um Deus inerte e despreocupado das realidades humanas, como imaginaram certos filósofos, mas a um Deus vivo e verdadeiro, em três Pessoas, na unidade da sua natureza, Criador do mundo, que estende a todas as coisas a sua providência infinita, justo doador da lei, que julgará a injustiça e garantirá à virtude a sua recompensa.
Ora, onde se encontra a via que nos dá acesso a Jesus Cristo? Está diante dos nossos olhos: é a Igreja. Com razão nos diz São João Crisóstomo: «A Igreja é a tua esperança, a Igreja é a tua salvação, a Igreja é o teu refúgio». Foi para isso que Cristo a estabeleceu, depois de a ter adquirido pelo preço do seu sangue. Foi para isso que lhe confiou a sua doutrina e os preceitos da sua Lei, prodigando-lhe ao mesmo tempo os tesouros da sua graça, para a santificação e a salvação dos homens. Vede pois, veneráveis irmãos, a obra que nos foi confiada: nada mais pretender do que a todos formar em Jesus Cristo. Trata-se da mesma missão que Paulo atestava ter recebido: «Filhinhos meus, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós» (Gal 4,19). Ora, como havemos de cumprir semelhante dever, se não estivermos primeiramente «revestidos de Cristo» (Gal 3,27)? E revestidos a ponto de podermos dizer: «Para mim, o viver é Cristo» (Fil 1,21).
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