segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Gaspar del Bufalo Sacerdote, Fundador, Santo 1786-1837

Presbítero, fundador dos Instituto dos 
Padres do Preciosíssimo Sangue.
Nasceu em Roma aos 6 de Janeiro de 1786. Na sua alocução por ocasião da Canonização deste santo, Pio XII declarou: “Na gloriosa falange dos Santos, que a terra romana deu à Igreja, Gaspar Del Bufalo resplandeceu com especial fulgor. Desde seus mais tenros anos, a proteção de São Francisco Xavier para ter obtido para ele, da Parte de Deus, uma extraordinária profusão de dons sobrenaturais. Ainda estudante, entregava-se com assiduidade às obras de caridade e assistência, especialmente ao ensino da doutrina cristã, às crianças e aos pobres. Seguindo os passos de São João Batista de Rossi, fez voltar ao seu vigor primitivo a piedosa obra de São Galla e fundou, pouco depois, o Oratório de Santa Maria in Vincis. Mas seu apostolado em Roma foi interrompido pela invasão das tropas napoleónicas: tendo recusado prestar juramento de fidelidade a um poder hostil aos direitos da igreja, sofreu o exílio e a prisão. Finalmente posto em liberdade, e para maior alegria de quantos o conheciam e o veneravam ainda mais, à sua volta para a sua querida Roma, recebeu do Soberano Pontífice Pio VII o encargo de se consagrar às santas missões, destinadas a renovar o fervor dos fiéis em seus Estados, depois de tantas desordens e destruições causadas pelas perturbações públicas. Retomou então a ideia da instituição de uma con-gregação de missionários, sob o título de Preciosís-simo Sangue de Jesus, de quem era fidelíssimo pro-pagador e devoto. Apesar de toda a espécie de oposi-ções e obstáculos, inaugurou em 15 de agosto de 1815, a primeira casa da obra, que ele mesmo confiou, com fervor, à protecção da Santíssima Virgem. Assim começou para ele uma vida de incessantes trabalhos; percorreu quase todas as regiões da Itália central, levando por toda a parte, com o exemplo de sua piedade, de sua humildade e de sua caridade, a reconciliação e a paz, o alívio das misérias corporais e sobretudo espirituais. Ditou sábias regras ao Instituto. Com a habitual exclamação: “Ó Paraíso, ó Paraíso!”, subtraía-lhe a toda oferta de dignidades eclesiásticas, desejando permanecer até a morte naquela sua “tribuna”, isto é, no domínio das pregações sagradas, certo como estava de receber assim mais facilmente, e sem atraso, a recompensa eterna. “Martelo dos Sectários”, assim foi chamado, porque combateu com a palavra falada e escrita os inimigos da Igreja, obtendo muitas conversões dos afiliados da sociedade secreta, a maçonaria. Além disso, foi escolhido pelo Papa para fazer desaparecer o banditismo no Lácio. A sua corajosa actividade pelo saneamento moral e religioso, teve inesperados resultados. Deus se dignou de selar o múltiplo apostolado do seu servo, com sinais extraordinários, de carácter sobrenatural, se bem que lhe reservou uma morte em meio de fadigas e sofrimentos. Foi assim que deixou para seus filhos, um modelo admirável de zelo heróico, imolando-se generosamente para o maior bem das almas. Faleceu em Roma, em 28 de dezembro de 1837. Foi beatificado pelo Papa Pio X em 8 de dezembro de 1904 e, canonizado por Pio XII em 12 de junho de 1954.
Em 6 de janeiro de 1786, a família romana Búfalo, aristocratas empobrecidos, rejubilou-se com o nascimento de um filho, que foi batizado - na solenidade da Epifania – com o nome de Gaspar, um dos três reis magos: Gaspar, Baltasar, Melquior. Desde pequeno, dedicou-se à oração e à penitência e frequentou o Colégio Romano, que, na época, era confiado ao clero secular, após a supressão da Companhia de Jesus. No entanto, visto que o seu pai era cozinheiro no Palácio Altieri, em frente à Igreja de Jesus, Gaspar aprendeu a conhecer e a venerar São Francisco de Sales, ao qual atribuiu uma cura milagrosa na sua juventude. 
Entre os "carroceiros" 
Em 1798, Gaspar recebeu a batina e começou a dar assistência espiritual e material aos necessitados de Roma. Distinguiu-se, de modo particular, pela sua dedicação ao Catecismo, que ocorria no Oratório da igreja de Santa Maria do Pranto: ali, começou a ensinar a Doutrina da Igreja aos "carroceiros", que vinham da zona rural para levar feno ao chamado Campo Vaccino, como era chamado, na época, o Fórum Romano. Ele se dedicava também à preparação de uns jovens, escolhidos para ensinar o catecismo e cuidar dos pobres, fazendo renascer assim a Obra de Santa Gala. Em 1808, Gaspar foi, finalmente, ordenado sacerdote. Desta forma, intensificou o apostolado entre as classes populares, transformando a igrejinha de Santa Maria “in Pincis”, junto à Rupe Tarpea, em um próspero centro de espiritualidade. 
"Não devo, não posso, não quero" 
Na época de Gaspar, Roma e o Estado Pontifício foram ocupados pelas tropas napoleônicas. Na noite entre 5 e 6 de julho de 1809, a situação se precipitou e o Papa Pio VII foi preso e deportado. Além disso, Napoleão obrigou os Bispos e párocos da cidade a assinar um ato de juramento de fidelidade ao novo regime. Em 13 de junho de 1810, o juramento foi imposto também ao Padre Gaspar, que, porém, se recusou, pronunciando as famosas palavras: "Não devo, não posso, não quero". Por isso, foi preso e mandado para o exílio. Ele descontou sua pena de quatro anos nas prisões de Piacenza, Bolonha, Ímola e, enfim, em Lugo, perto de Ravena. Retornou a Roma somente em 1814. 
Um "terremoto espiritual" 
Em 1815, Gaspar fundou uma nova Congregação chamada Missionários do Preciosíssimo Sangue. Ele se sentia mais próximo a esta devoção, intimamente ligada ao Sagrado Coração de Jesus, da qual se tornou apóstolo fervoroso. Somente o Sangue, derramado por Cristo para a redenção dos homens, era instrumento de conversão. Percebendo seu zelo, o Papa Pio VII confiou à sua Congregação a missão de uma nova evangelização e restabelecer a fé nos territórios do Estado Pontifício. Na prática, ele lhe pedia para ir aonde ninguém queria e enfrentar pessoas, que ninguém queria encontrar. 
"Martelo dos sectários" 
Gaspar e seus missionários tiveram que enfrentar duas chagas principais que afligiam Roma: a maçonaria e o banditismo. Suas habilidades de pregador alcançaram resultados extraordinários contra as sociedades secretas, consideradas forjas de um perigoso secularismo ateu: conseguiu levar inteiras lojas maçônicas para o bom caminho, desmascarando este problema oculto, a ponto de receber o apelido de "martelo dos sectários". Da mesma forma, agiu contra os bandidos: para cumprir sua missão, no caminho entre Roma e Nápoles, armado apenas com o crucifixo e a misericórdia evangélica, Gaspar falava e explicava a todos sobre o sangue derramado por Jesus, como sacrifício pela salvação de toda a humanidade. Assim, lentamente, conseguiu alcançar o que ninguém havia conseguido: tornar a cidade mais segura. 
Morte e canonização do "Anjo da paz" 
Em 1834, graças à colaboração de Maria de Mattias, - que havia conhecido aos 17 anos e à qual revelara a sua vocação, - Gaspar fundou o ramo feminino da Congregação: as Irmãs Adoradoras do Preciosíssimo Sangue de Cristo, que hoje atuam no mundo inteiro, sobretudo na Índia e Tanzânia. Três anos depois, Gaspar de Búfalo faleceu e foi canonizado por Pio XII, em 1954. Falando sobre este Santo aos participantes no Capítulo geral da Congregação, em 14 de setembro de 2001, São João Paulo II disse: “Confiante no fato de que o pedido do Papa era uma ordem de Cristo, seu Fundador não hesitou em obedecer, embora o resultado tenha sido: foi acusado de ser muito inovador. Lançando suas redes nas águas profundas e perigosas, fez uma pesca surpreendente”.
Oração de São Gaspar ao Sangue de Jesus: 
Precioso sangue do meu Senhor, que eu possa vos abençoar sempre. Amor do meu Senhor, que se tornou chaga, quanto estamos longe de nos conformar com a vossa vida. Sangue de Cristo, bálsamo das nossas almas e fonte de misericórdia, fazei que a minha língua, avermelhada de sangue na celebração diária da Missa, possa abençoar-vos agora e sempre. Senhor, quem não vos amará? Quem não se consumirá de carinho por vós? As vossas chagas, vosso sangue, os espinhos, a cruz e, sobretudo, o sangue divino, derramado até à última gota, clamam com voz eloquente ao meu pobre coração! Visto que agonizastes e morrestes por mim, para me salvar, eu também darei, se necessário, a minha vida, para conseguir a beatitude do céu. Jesus, vós vos fostes a nossa redenção. Do vosso peito aberto, arca de salvação, fornalha de caridade, saiu sangue e água, sinais dos sacramentos e da ternura do vosso Amor, Jesus Cristo, que nos amou e nos lavou com o seu Sangue!

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