O grande desafio de quem se converte é converter-se sempre na busca do melhor caminho para servir a Deus e o melhor modo de fazer Deus conhecido e amado. A conversão não é só pessoal, mas também comunitária. Toda Igreja é convidada a se renovar. Ela deverá ser como, nos ensina Paulo na carta aos Efésios, “gloriosa, sem manchas nem rugas, ou coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5, 27). Papa Francisco, citando Paulo VI, diz que há uma necessidade generosa e quase impaciente de renovação… ao modelo que Cristo nos deixou de Si mesmo” (ES 10-12)”. O Concílio, no documento sobre o ecumenismo – Unitatis Redintegratio 6 –, ensina que a Igreja, enquanto instituição humana e terrena, necessita perpetuamente de reforma”. Quanto mais convertida, mais se converte. Se não quer renovação nega a ação do Espírito que sempre faz novas todas as coisas. A conversão eclesial é a abertura a uma reforma permanente de si mesma por fidelidade a Jesus Cristo (EG 26). Lemos ainda no documento sobre o ecumenismo “Como instituição humana e terrena, a Igreja necessita perpetuamente desta reforma” (UR 6). Por que reformar? Para que não se obscureça nem impeça a condição divina de seu pleno exercício. O que é de instituição divina, não muda. O que foi criação humana, deve ser sempre avaliado para ver se está sendo instrumento útil ao Corpo de Cristo. Um dos elementos divinos é sua missão evangelizadora, pois procede dos lábios de Jesus. O poder dado por Jesus a Pedro e aos Apóstolos, toma feição diferente de acordo com as épocas. A renovação tem como finalidade atender melhor as novas situações, guiados pelo mesmo Espírito que conduziu os apóstolos. A renovação vai exigir conversão para se adequar o exercício da missão.
Não podemos adiar
Quando se fala em renovação, podemos ouvir a expressão: funcionou tão bem até agora, por que mudar? Em time que está ganhando não se mexe. Se uma bela árvore frutífera não produz frutos, alguma coisa não vai bem. Não basta a beleza. Temos tendência a conservar. O mandato de evangelizar não se refere a conservar a situação, como quiseram os judeus do tempo de Paulo. Podemos ver o que aconteceu no primeiro mundo. Estacionou… e, de um momento ao outro, se paganizou. Não basta estar bem. É preciso sair e se tornar missionária. Uma igreja cheia é uma bela ilusão, pois fora há uma multidão sem conta. Não sair de si é um suicídio espiritual. As paróquias dominadas por alguns poucos perdem a vitalidade. Não se trata de um vinde a nós, mas de uma atitude de vamos a vós. A estrutura e a mentalidade devem corresponder a esta novidade. Tudo que há nas paróquias é bom, por isso é bom oferecer aos outros. Tive uma experiência magnífica com um velho padre espanhol, Mons. Santamaria, em Vera Cruz-SP. Ele me dizia que estava preocupado para encontrar como atrair e lidar com os jovens. Ele estava naquela paróquia já havia mais de 50 anos. Não é uma questão de idade. Sabia buscar o novo. O caminho está no contato com o mundo das pessoas que nos leva a perceber quem são e o que necessitam. Por isso se insiste muito na presença junto às pessoas.
Deixar a burocracia
O Papa não diz exatamente essa palavra, mas indica o caminho para vencê-la. Certamente que é necessária a estrutura e a papelada em dia, mas não só isso. A chamada é para sair e ir ao “encontro das populações necessitadas como numa constante saída para as periferias de seu território ou para os novos âmbitos culturais” (EG 30). Dá pena ver o abandono das periferias que são carentes e sofridas, dominadas por diversos tipos de bandidos e aproveitadores. Somente algumas almas benditas vão a esses antros de miséria humana e espiritual. Há também muita gente boa, empobrecida, mas cheia de fé que fica abandonada e sem apoio. Eles têm um potencial evangelizador muito grande que poderia construir comunidades viçosas e corajosas.
ARTIGO PUBLICADO EM NOVEMBRO DE 2014
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