quarta-feira, 30 de outubro de 2024

VÉSPERAS DE TODOS OS SANTOS E HALLOWEEN

Reproduzimos a seguir um artigo sobre o Halloween que traz luzes interessantes sobre o assunto 
O guia definitivo do Halloween para católicos (não, não é compatível)
Redação da Aleteia | Out 29, 2018 
Das origens (fascinantes) dessa popular festividade, passando pela sua ruptura prática com a fé cristã até chegar à alternativa católica segura: o "Holywins".
    Todos os anos, no final de outubro, ressurge em diversos ambientes católicos o debate sobre a compatibilidade ou não entre a fé cristã e o “Dia das Bruxas”, cada vez mais conhecido no Brasil pelo nome importado: “Halloween”.
     A resposta para esse falso dilema se torna clara quando se levam em conta os fatos históricos e objetivos ligados ao surgimento, desenvolvimento, situação atual e conexões culturais dessa festividade folclórica (diga-se de passagem, aliás, a desconsideração dos fatos históricos e objetivos impede respostas claras seja qual for o assunto).
     É com base nos fatos, portanto, que podemos concluir de modo equilibrado que o Halloween pode até ter tido alguma relação de compatibilidade com a fé cristã nos seus inícios, mas esta não é mais a realidade dessa festividade há muito tempo.
PARTE 1: As origens do Halloween
     O Halloween foi surgindo ao longo do tempo como a mistura resultante de heranças pagãs do norte europeu com práticas medievais de piedade popular católica desenvolvidas em diferentes contextos, principalmente na Irlanda, na França e na Inglaterra, e levadas por comunidades imigrantes até os Estados Unidos, onde as atuais tradições de 31 de outubro se consolidaram e foram “exportadas” para dezenas de outros países.
O ELEMENTO PAGÃO
     Os antigos celtas da Irlanda e da Grã-Bretanha comemoravam um festival pagão menor no último dia de cada mês. No caso do último dia de outubro, segundo alguns autores, seriam feitos sacrifícios ao deus da morte, Samhain, para propiciar um bom inverno (no hemisfério norte). Esta versão, no entanto, não é consenso entre os estudiosos.
     O que se aceita mais comumente é que viria a ocorrer, sim, um sincretismo entre o festival pagão que costumava realizar-se no fim de outubro e a data cristã de Todos os Santos, que, aliás, está na raiz do próprio termo inglês “Halloween”: a palavra vem de “All Hallows’ Eve”, ou seja, “Véspera de Todos os Santos”.
O ELEMENTO CRISTÃO
     A festa de Todos os Santos era antigamente comemorada em 13 de maio, mas o Papa Gregório III a mudou para 1º de novembro no século VIII – porque esse é o dia da dedicação da Capela de Todos os Santos na basílica vaticana de São Pedro. Alguns anos mais tarde, o Papa Gregório IV ordenou que a festa de Todos os Santos fosse observada em todos os lugares da cristandade. Foi assim que ela começou a ser celebrada na Irlanda, ainda influenciada por tradições pagãs celtas.
     Passadas mais algumas décadas, o abade Santo Odilo, do poderoso mosteiro de Cluny, no sul da França, instituiu no ano de 998 uma nova celebração para o dia 2 de novembro: aquela passaria a ser uma jornada de oração pelas almas de todos os fiéis falecidos.
     A Igreja passou então a ter duas datas especiais consecutivas dedicadas à lembrança dos que já partiram desta vida: uma, em 1º de novembro, para recordar todos os mortos que já estão nos céus (e que por isso mesmo são reconhecidos como santos); a outra, em 2 de novembro, para recordar também os mortos que ainda podem estar no purgatório.
     E quanto aos mortos que foram para o inferno? A pergunta soa absurda, mas parece que os camponeses católicos irlandeses começaram a se questionar exatamente isso: por que ninguém se lembra das almas infelizes que estão no inferno?
DA IRLANDA: TRÊS DATAS PARA OS MORTOS
     Povoados irlandeses começaram então a bater panelas pelas ruas na véspera de Todos os Santos – a já mencionada “All Hallows’ Eve”. A proposta era que as almas condenadas “soubessem” que não tinham sido esquecidas. Foi assim que, pelo menos na Irlanda, todos os mortos passaram a ser lembrados – muito embora o clero não avalizasse as celebrações populares da véspera de Todos os Santos porque, obviamente, não seria possível oficializar no calendário da Igreja um “Dia de Todos os Condenados”: não há como festejar a condenação de uma alma, nem como homenagear as almas que, consciente e voluntariamente, optaram por se afastar de Deus eternamente e, por conseguinte, se condenaram ao inferno.
     Vale lembrar, aqui, que não é Deus quem as condena: Ele apenas respeita a tal ponto a liberdade de escolha do ser humano que, mesmo a Seu pesar, permite que uma alma decida rejeitá-lo de forma completa.
DA FRANÇA: AS “DANÇAS MACABRAS”  
   Os séculos XIV e XV foram marcados, na Europa, por repetidos surtos de peste bubônica, a famigerada “Peste Negra”. Com mortes massivas que chegaram a varrer o incrível número de mais de um terço da população do continente, cada vez mais missas eram rezadas no Dia de Finados. Nesse contexto, começaram a se popularizar na França as representações artísticas que hoje conhecemos como “Danças Macabras” ou “Danças da Morte“: comumente pintadas em muros de cemitérios, as cenas mostravam o diabo conduzindo uma fila de pessoas, incluindo papas, reis, damas, cavaleiros, monges, camponeses, leprosos, etc., para dentro do túmulo. Essa dança era às vezes apresentada teatralmente no Dia de Finados, com pessoas vestidas em trajes que representavam os vários estados de vida medievais.
     Os franceses se fantasiavam desse jeito no dia de Finados – e não na véspera de Todos os Santos, que é a data do atual Halloween. Já os irlandeses celebravam a véspera de Todos os Santos (“All Hallows’ Eve”) – mas não se fantasiavam. Mais tarde, como logo veremos, essas duas tradições se misturaram. E não só elas: ainda entraria em cena a “contribuição” de um terceiro povo, o inglês.
DA INGLATERRA: O “TRICK OR TREAT
     Durante o período de repressão anticatólica na Inglaterra, entre os séculos XVI e XVIII, os católicos não tinham direitos legais por lá: não podiam ocupar cargos, eram sujeitos a multas, sofriam prisão e pagavam pesados ​​impostos. Era crime celebrar a missa e centenas de sacerdotes foram martirizados. Um dos atos de resistência dos católicos ingleses foi bastante desastrado: um complô para explodir o rei protestante James I e o parlamento inteiro em Londres. A mal concebida “Conspiração da Pólvora” foi frustrada em 5 de novembro de 1605, quando o homem que guardava a pólvora, um imprudente convertido chamado Guy Fawkes, foi capturado e enforcado, levando a trama ao fracasso.
     Essa data se tornou conhecida como o Dia de Guy Fawkes e virou na Inglaterra uma celebração em que foliões mascarados batiam à porta dos católicos locais, de madrugada, exigindo cerveja e bolos para fazerem a sua festa. Era o nascimento do desafio “trick or treat” (“brincadeira ou acordo”): ou os católicos entregavam o que os foliões pediam, ou os foliões aprontariam com eles alguma brincadeira nem sempre de bom gosto…
AS TRADIÇÕES SE MISTURAM NA AMÉRICA DO NORTE
     O encontro das tradições irlandesas, francesas e inglesas aconteceu nas colônias britânicas da América do Norte durante o século XVIII. Imigrantes católicos irlandeses e franceses começaram a se casar entre si e, com isso, a misturar suas tradições: os irlandeses trouxeram o costume de recordar, na véspera de todos os santos, as almas condenadas ao inferno; os franceses, o costume de usar fantasias macabras no dia de finados. Não tardaria para que as duas celebrações se fundissem.
     Já os ingleses agregaram à mistura a sua brincadeira do “trick or treat”, que se estendeu às crianças: elas passaram a sair fantasiadas (inclusive de seres monstruosos) e a bater à porta dos outros pedindo doces. Se os donos da casa dão as guloseimas solicitadas, tudo bem; se não dão, as crianças já avisaram: vão aprontar alguma. É por isso que, em português, a frase “trick or treat” (“brincadeira ou acordo”) foi adaptada para a rima “gostosuras ou travessuras”.
E AS ABÓBORAS E BRUXAS?
     Um dos acréscimos norte-americanos mais recentes ao Halloween chegou por intermédio da indústria dos cartões festivos, no final do século XIX. O Halloween já tinha a sua faceta “macabra”: por que, então, não dar às bruxas um lugar de destaque nos cartões a serem distribuídos aos amigos nessa data?
     Os cartões de Halloween não deram certo, mas as bruxas sim. Foi por isso que, também no final dos anos 1800, os folcloristas mal informados introduziram nessa mistura de tradições o “jack-o’-lantern”, ou seja, as abóboras iluminadas com uma vela. Apelando para descontextualizadas origens druidas do Halloween, eles resgataram as luminárias dos antigos festivais celtas de colheita – que, aliás, eram feitas originalmente de nabos, não de abóboras.
O HALLOWEEN CHEGA À AMÉRICA LATINA
     Os países latino-americanos pegaram o bonde andando e ficaram só com a parte mais tardia da celebração popular, traduzindo o nome da festa, em geral, como “Dia das Bruxas” – e negligenciando toda a história da Véspera de Todos os Santos.
     Este é o caso, por exemplo, do Brasil, onde o “Dia das Bruxas” tem se tornado mais popular nos últimos anos, em algumas regiões, principalmente por influência das escolas de idiomas que o adotaram entre as suas atividades. “Curiosamente”, porém, outra data de grande popularidade nos Estados Unidos, o Dia de Ação de Graças, não ganhou o mesmo tratamento.
PARTE 2: Há perigos espirituais no Halloween?
     pe. Aldo Buonaiuto, da Comunidade Papa João XXIII, é exorcista e coordenador de um serviço de ajuda a vítimas do ocultismo em seu país, a Itália. Todos os meses de outubro, segundo o pe. Aldo, a linha 0800 deste serviço toca sem parar. Ele mesmo explica, resumidamente: das brincadeiras do Halloween para o ocultismo há somente um pequeno passo.
     Em 2015, o pe. Aldo lançou na Itália o livro “Halloween: Lo scherzetto del diavolo” (A brincadeira do diabo – título livremente traduzido, dado que a obra ainda não está disponível em português). O texto examina aspectos históricos e sociológicos desse fenômeno dito cultural.
     Eis um depoimento do sacerdote:
     “Ligou uma mãe desesperada, que tinha descoberto as mentiras do filho, um rapaz excelente, sincero, que, de repente, mudou de círculo de amizades. Ela descobriu que o rapaz tinha profanado um cemitério… Eu falei com o rapaz. ‘Por que você fez isso?’ E a primeira palavra foi ‘Halloween’. Chorando, ele me falou da forte persuasão dos novos amigos. No começo parecia tudo uma brincadeira, um jogo. Depois, ele descobriu que eles estavam agindo a sério; que todos eles acreditavam mesmo naquilo que estavam fazendo. E ele não conseguia se livrar deles”.
    O episódio, quase banal, aponta que é fácil entrar nesses circuitos – mas, “especialmente para um jovem, não é fácil sair deles: por vergonha, por medo e por tantas dinâmicas típicas dessa idade”.
     O padre italiano não está sozinho no propósito de alertar para os riscos daquilo que parece mera brincadeira. Mesmo da curiosidade inócua partem consequências que podem não ser previstas, mas das quais existe farta documentação.
A CURIOSIDADE PELO OCULTO
     pe. Gary Thomas, exorcista norte-americano cujo livro sobre a própria preparação em Roma serviu como base para o filme “The Rite” [O Rito], de 2011, gosta de citar o Papa Emérito Bento XVI e dizer que “quando a fé diminui, aumenta a superstição”.
     De fato, entre os fatores culturais que têm levado ao crescente interesse e prática do satanismo e de outras atividades ocultas, o mais óbvio é o declínio da fé cristã no Ocidente. Os ocidentais, no geral, são pessoas impacientes: mesmo entre os que se declaram católicos, há muitos que vão atrás de curandeiros e de alternativas a Deus, no afã de “soluções instantâneas”. A confusa mistura entre o declínio da fé, a sociedade supostamente laica e as “brincadeiras” e “provocações” ocultistas parece indicar uma relação. Segundo o mesmo pe. Gary, o número de pessoas que estão se metendo com o ocultismo, seja através do satanismo, do paganismo, da idolatria ou de alguma outra modalidade, “a sério” ou “por brincadeira”, tem sofrido um aumento acentuado nos últimos 30 anos.
     Em “The Occult Roars Back: Its Modern Resurgence” [O Ressurgimento Moderno do Ocultismo], Richard Kyle, professor de História e Estudos Religiosos da Universidade Tabor, no Estado do Kansas, EUA, cita vários especialistas acadêmicos que escreveram sobre as causas do grande aumento do interesse pelo ocultismo. Jeffrey Russell, por exemplo, observou que, historicamente, “o interesse pelo oculto cresce significativamente nos períodos de rápido colapso social, quando os padrões estabelecidos deixam de dar respostas prontamente aceitáveis e as pessoas se voltam para outras referências em busca de garantias”.
     Mas, acrescenta Kyle, também há uma base de fatores para o aumento do interesse pelo oculto, conforme proposto por Catherine Albanese, que “ressalta que muita gente foi preparada pela cultura norte-americana para se voltar a si mesma e ao universo em busca de certezas religiosas. A tradição protestante tendeu a apoiar a importância do conhecimento ou da crença na religião. Depois, a ala liberal do protestantismo modificou esta abordagem, enfatizando a presença de Deus em todos os lugares e destacando o otimismo americano em relação à bondade inata da natureza humana. O caráter difusivo do liberalismo e a sua falta de limites nítidos ajudou as pessoas a se ajustarem à ideia de viver confortavelmente sem diretrizes religiosas rígidas”.
     Albanese também observa que “a organização urbana e corporativa da sociedade” fragmentou todo o senso de vida comunitária. Em seu lugar, “a astrologia deu às pessoas um senso de identidade” e “as ajudou a estabelecer relações seguras com os outros. A autoajuda fez as pessoas adotarem certas medidas para conseguir a prosperidade, a saúde e a felicidade em meio às suas situações cotidianas. Videntes ofereceram cura física e orientação espiritual para lidar com os problemas do dia-a-dia”.
     Ted Baehr, fundador e editor do Movieguide e autor de quase uma dúzia de livros, falou no II Congresso Mundial das Famílias sobre “Proteger as Crianças da Violência da Mídia”. Ele cita o estudioso Harold Bloom, da Universidade de Yale, que analisou “o surgimento da América pós-cristã em seu livro ‘A Religião Americana’, e que diz que o deus a quem adoramos somos nós mesmos. Ele afirma que a verdadeira religião da América do Norte é o gnosticismo, uma heresia elitista que combina filosofias místicas gregas e orientais e declara a necessidade do acesso a ‘conhecimentos especiais’ para se chegar ao mais alto dos céus”. A palestra de Baehr incluiu definições coerentes das crenças que atualmente competem com o cristianismo para conseguir seguidores nos Estados Unidos e em grande parte do mundo: o humanismo secular, o panteísmo, o materialismo, o niilismo, o romantismo, o existencialismo, o nominalismo, o idealismo, a New Age e o ocultismo.
O QUE É E ONDE ESTÁ O OCULTISMO
     Richard Kyle fornece uma definição simples e moderna do ocultismo:
     “Primeiro, o ocultismo é misterioso, vai além do alcance do conhecimento comum. Segundo, é secreto e comunicado apenas para os iniciados. Terceiro, o oculto se refere ao mágico, à astrologia e a outras supostas ciências que alegam o conhecimento do secreto, do misterioso ou do sobrenatural”.
     Até que ponto a crença no oculto é difundida? O Instituto Gallup fez em 2005 uma pesquisa cujos resultados provavelmente continuam válidos quase quinze anos depois: o levantamento revelou que 3 em cada 4 norte-americanos acreditam em forças ocultas.
     Num contexto de sincretismo entre crenças sobrenaturais de diversos tipos, Ted Baehr traz à tona o fato óbvio de que muitas crianças não estão sendo criadas numa relação de intimidade com Deus, mas em meio a influências como “Assassinos por Natureza”, “Halloween” e “Pânico”. Será um exagero? Muito provavelmente não.
     Considere algumas séries de televisão de sucesso em anos recentes: “Vampire Diaries” [“Diários de um Vampiro”], “True Blood” [“Sangue Fresco”], “Buffy the Vampire Slayer” [“Buffy, a Caça-Vampiros”], “Charmed” [“As Feiticeiras”], “Sabrina the Teenage Witch” [“Sabrina, a Bruxa Adolescente”], apenas para citar algumas. Ou filmes de grande sucesso, como “O Exorcista”, “O Bebê de Rosemary”, “The Craft” [“Jovens Bruxas”] e a franquia “The Conjuring“ [“Invocação do Mal”], que se estende ao recém-lançado “A Freira“. Isto sem falar da saga “Crepúsculo”, cujo faturamento bruto mundial superou com folga os 3 bilhões de dólares, ou dos filmes de Harry Potter, que arrecadaram quase 8 bilhões de dólares. Não é demais recordar ainda os RPGs de fantasia ocultista, como “Dungeons & Dragons” [“Caverna do Dragão”], de 1974, e seus muitos “herdeiros”, todos ligados ao mundo da feitiçaria.
     Estudos psicológicos indicam que 60% dos adolescentes com dependência química apontam a música “death metal” como seu gênero musical favorito. As letras glorificam o satanismo e o ocultismo, a anarquia, a violência, o abuso de mulheres e crianças, o assassinato, as drogas, o suicídio, o incesto, o estupro e a necrofilia. Richard Ramirez, famigerado assassino em série conhecido como Night Stalker, era obcecado com a banda de heavy metal (ou “death metal”) AC/DC (embora haja controvérsias técnicas quanto à precisão de catalogar esta banda como de death metal). Sabe-se que é prática habitual de grupos de satanistas adultos a de “recrutar” novos membros em shows desse tipo de música e em convenções de jogadores de videogame.
     O Dr. Baehr observa, sensatamente, que a maioria das crianças expostas ao satanismo e ao ocultismo por meio da mídia de entretenimento não adere de forma automática a esses grupos – mas muitas delas, talvez até a maioria, se tornam insensíveis aos males ali representados e uma minoria significativa acaba ficando assustada e paranoica. Ele acrescenta que “pode haver consequências de longo prazo ao se assistir a material antissocial”, posto que, “lamentavelmente, de 7% a 11% dos adultos e até 31% dos adolescentes dizem querer copiar aquilo que veem”.
     Existe ainda outra forma de a nossa cultura promover a opressão demoníaca. Como explica o pe. Thomas, as pessoas atacadas por demônios têm muitas vezes feridas na alma, por terem sofrido abusos físicos ou sexuais na infância, o que muda a sua percepção da vida e de si mesmas e a sua capacidade de se relacionar com os outros. “Os demônios”, diz ele, “estão sempre à procura de seres humanos com relações fragmentadas”. Os demônios podem possuir ou oprimir uma pessoa através dos seus sentidos; eles precisam de uma abertura que torne a vítima vulnerável. As “aberturas” mais comuns, de acordo com o pe. Thomas, incluem o vício em pornografia na internet e o uso de cocaína, metanfetamina e outras drogas que causam alucinações.
     A obra “O Reino do Oculto”, de Walter Martin e outros autores, traça o perfil de adolescentes do sexo masculino atraídos para o satanismo e para ocultismo por serem pessoas psicologicamente machucadas, rebeldes, hedonistas e niilistas, usuárias de drogas, solitárias e mal-sucedidas. Eles se sentem “impotentes, isolados e vítimas”, e o satanismo lhes dá uma sensação de controle, de status e de pertencimento a um grupo. Já os adultos são mais frequentemente atraídos para os cultos satânicos pelo seu elitismo, secretismo, hedonismo, pornografia, prostituição e desejo de adquirir poderes mágicos.
     A “normalização” e “popularização” de festividades como o Halloween, em que se celebra o grotesco, o oculto, o monstruoso, não fica de fora da lista de “possíveis canais” para que pessoas com pouco conhecimento e alta influenciabilidade se deixem atrair para experiências obscuras disfarçadas de “diversão” e “curiosidade”.
O HALLOWEEN ESTÁ TOTALMENTE DISSOCIADO DAS SUAS ORIGENS CRISTÃS 
    Por mais que tenha tido relação inicial com algumas manifestações populares (um tanto heterodoxas, ademais) de piedade católica, o fato é que o Halloween que se divulga hoje não mantém a menor conexão com a fé cristã, seja qual for o ponto de vista a que se recorra para tentar justificá-lo como “compatível” com ela. Simplesmente não há compatibilidade.
     O padre Aldo Buonaiuto, de quem falamos acima, observa a propósito da relação entre as datas de Halloween, Todos os Santos e Finados:
     “As crianças de hoje nem sabem que existe a festa de Todos os Santos, mas sabem, porque isso é incutido até nas escolas, que existe o Dia das Bruxas – ou Halloween. O Halloween exalta o espiritismo, o mundo invisível ligado às forças demoníacas. O Dia de Finados está ligado à fé na vida eterna, na ressurreição do corpo. As religiões têm respeito pelos mortos. O Halloween não tem. Ele ultraja os mortos. Não se pode banalizar este fenômeno. Para muita gente, é só um momento de diversão, mas, para os satanistas, a participação indireta também conta: quem se fantasia está de certa forma exaltando o reino do mal. Que pai quer ver seu filho de rosto desfigurado, sem os olhos, gotejando sangue? Qual é a diversão nisso? O que se esconde de verdade por trás desse fenômeno que leva a considerar esse tipo de coisa como normal? A nossa sociedade não precisa de Halloween, de monstruosidade, de imagens agressivas e violentas do macabro e do horror. Esta sociedade não precisa das trevas. Nossos filhos precisam da luz. Por que não oferecemos a eles a festa dos santos? Esta é que é uma beleza! É um grande desafio numa sociedade que se devota às coisas ruins para torná-las normais”.
     Daí o seu convite e o apelo aos sacerdotes, professores e catequistas:
     “Tenham a coragem de testemunhar a fé desses grandes heróis, os santos e beatos, que têm muito a transmitir para esta sociedade. Abram as portas das paróquias não para abóboras vazias, mas para festas belas! O Dia de Todos os Santos é uma grande oportunidade para sermos quem somos: filhos da luz!”
PARTE 3: A alternativa realmente católica ao Halloween
     Considerando o panorama aqui exposto, várias dioceses, paróquias e comunidades católicas de várias partes do mundo têm fomentado nos últimos anos o resgate do dia 31 de outubro como Véspera de Todos os Santos em sentido literal. Foi assim que nasceu a celebração chamada Holywins (“O que é santo vence”), para comemorar com as crianças o dom da vocação universal à santidade.
     Na Polônia, por exemplo, a comunidade Emmanuel organiza nas ruas de Varsóvia a “Procissão de Todos os Santos”, com adoração Eucarística e bênção do Santíssimo. “Queremos mostrar o aspecto alegre da celebração com todos os santos. É também uma alternativa para o dia das bruxas. Por isso convidamos todos, toda a família, a se vestir como os seus santos preferidos e a participar conosco desse desfile animado e colorido”.
     A diocese de Alcalá de Henares, na Espanha, realiza o Holywins desde 2009 com dinâmicas especialmente voltadas às crianças na Plaza de los Niños Santos. Fazem parte da festa a celebração eucarística na Catedral Magistral, a adoração e a evangelização pelas ruas, além de material de catequese para as crianças aprenderem a viver mais intensamente a “Noite de Todos os Santos”.
     No Brasil, apenas para citar um exemplo dentre dezenas, iniciativas da arquidiocese de Porto Alegre já chegaram a convidar os fiéis a se reunirem para um grande concerto com músicos católicos, num teatro em que também foi proporcionado espaço para a confissão sacramental.
     Na Áustria, a paróquia de Hurm oferece uma programação de Holywins para crianças, adolescentes e adultos, incluindo, além das brincadeiras, também catequese e vigília.
     A diocese de Zárate-Campana, da Argentina, propõe um Holywins de três dias: 31 de outubro a 2 de novembro. No dia 31 acontece a “Noite das Estrelas”, na co-catedral da Natividade de Nosso Senhor, a partir das 19 horas.
     O Holywins também chegou às redes sociais. Em 2016, conseguiu-se aumentar consideravelmente a difusão da sua proposta ao se convidarem os internautas a trocar a sua foto de perfil pela imagem de um santo. O convite foi divulgado com a seguinte mensagem:
     “Todo santo é uma verdadeira estrela do Senhor, que forma a sua coroa de amor sobre todos nós. Neste dia de graça, não celebramos apenas os santos conhecidos por todos, mas também os que viveram junto conosco e já estão na morada definitiva: o Céu”.      
 
Fonte: https:pt.aleteia.org/ 

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