segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O MENINO QUER UMA BOLINHA

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio CSsR
O dentista está “roendo” o dente do paciente, e não pode se distrair. Seu gabinete é uma sala ligada com a casa de moradia. De repente aproxima-se dele um meninozinho de seus seis anos: 
- Papai, eu quero um dinheiro para comprar uma bolinha. 
- Meu filho, agora estou ocupado. Não me perturbe. 
O menino abaixou a cabeça e voltou pensativo para a cozinha. Dali há pouco ele volta reforçando o pedido: 
- Papai, mamãe pediu para o senhor me dar dinheiro para comprar uma bolinha. 
Desta vez o pai parou o serviço e disse bem devagar: 
- Sim, meu filho. Mas espere eu terminar o serviço. 
O menino vai e volta puxando a mãe pelo vestido: 
- Papai, minha mãe pediu para o senhor me dar logo o dinheiro. 
O pai deu um suspiro, desligou o motorzinho, pôs a mão no bolso e deu logo o que a criança queria. Lição: Assim devemos fazer em nossas precisões: Primeiro, recorrer a Nossa Senhora, nossa intercessora; junto do Pai. Seu pedido tem força.
http://www.boletimpadrepelagio.org/

29 de fevereiro – LAVAVA OS PÉS DOS POBRES, A EXEMPLO DE JESUS

Osvaldo (+992) era da alta nobreza. Ocupou cargos importantes na Igreja da Inglaterra, mas não perdeu a simplicidade e o desapego. Lutou pela reforma dos costumes, inclusive dentro da Igreja. É claro que encontrou resistência. Fundou mosteiros para, com gente nova, reavivar a disciplina e o respeito religioso. Favoreceu muito a ciência. Defendeu a cultura. Protegeu e apoiou os pesquisadores e estudiosos. Introduziu uma Liturgia mais à altura do povo. Distinguiu-se principalmente no carinho pelos pobres. Durante a Quaresma costumava lavar diariamente os pés de doze pobres. Morreu ao recitar o “Glória ao Pai”, quando estava terminando uma cerimônia do lava-pés. - Nos anos não bissextos, sua festa é celebrada dia 28 de fevereiro. 
Outros santos: Antônia de Florença (viúva, fundadora, bem-aventurada), Hilario, Macário, Hedwiges da Polônia.
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa 
Venerável Padre Pelágio CSsR
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REFLETINDO A PALAVRA - “Casa Comum, nossa responsabilidade”

PADRE LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA CSsR
1696. O lar que Deus nos deu
A Campanha da Fraternidade é uma bela oportunidade para refletir idéias não nos escritórios, mas no meio do povo. Belas idéias só vão adiante se assumidas pelo coração do povo. A encíclica Laudato si (ensinamento oficial do Papa) é um texto de difícil acesso. Traduzida, ela se torna alimento espiritual para o povo. Pena que sejam poucos os que se interessam. A primeira reflexão nos ensina: “Nosso planeta é o lugar que Deus preparou para a nossa morada. Nele devemos encontrar o que precisamos para nossa moradia, alimentação, lazer, saúde e segurança”. O que está acontecendo com o mundo, nossa casinha? “O assalto da industrialização sobre a natureza, da agropecuária sobre as matas está ameaçando as condições de vida no planeta que temos para viver”. Pessoas são culpadas dessas desgraças. Elas só pensam em si e em seus bolsos. O resto não é problema seu. O mundo vive situações difíceis porque a população aumentou muito e as condições de vida não acompanharam. Por isso, cuidar bem do mundo é uma obra muito importante da religião, pois com isso estamos cuidando também das pessoas. É o amor ao próximo em ação. Se atrapalharmos a natureza, o troco de nossa ação aparece. E quem paga? Os pobres. É necessário, como estamos vendo, formar as pessoas a partir das crianças para que assumam a responsabilidade para com o mundo.
1697. Despertar para o cuidado
Não haverá esse cuidado se não dermos também o sentido de cuidar das pessoas como finalidade primeira do cuidado com o mundo. Nele habita a pessoa que também precisa cuidados. Cuidando do mundo, cuidamos das pessoas. “A solidariedade, expressão viva da fraternidade que deve unir todos os humanos, é apontada pelo Evangelho como proposta cristã e verdadeiramente humana, para inspirar ações individuais e coletivas e ser a força que gera vida, paz e fraternidade”. O modelo do cuidado com os outros é o mesmo que Jesus tem para conosco. Cuidar dos outros é cuidar também de sua casa, o mundo. É o amor. “Sem o despertar para o amor, sem a dimensão de sentir-se cuidado por Deus e aprender a cuidar dos outros, o ser humano se sentirá infeliz, doente e se sentirá um caminheiro errante e sedento, em busca de uma fonte que só pode ser encontrada na comunhão com Deus”. Os que danificam o mundo, a primeira coisa que fazem é estar longe de Deus, pois só pensam em si e vivem no egoísmo que os leva à exploração. Religião voltada só para o intimismo espiritual não contribui para a transformação.
1698.Cuidar das pessoas como Jesus

O mundo é pequeno em comparação ao universo. Mas é vivo e nele pulsa o coração de tanta gente. Se houver gente pelo universo afora, não é um problema do momento. É triste ver que o necessário conhecimento do Universo esquece que há gente que não bebe um copo de água limpa. Uma coisa não elimina a outra. Jesus nos ensina a viver o amor e a bondade para com todas as pessoas, como Ele fez. Deus cuida de todos nós com todo o carinho. Já nos negou o ar da manhã, a luz do sol? Jesus ensina que Ele cuida das flores e dos passarinhos. Jesus teve um cuidado muito grande com os doentes. Multiplicou o pão para que ninguém sentisse fome. Por que só fez aquele dia? Os outros milagres, Ele deixou por nossa conta. E é fácil fazer milagres. Basta amar que os milagres saltam. Não é para aparecer, mas para mostrar o amor de Deus. É urgente formar as crianças e depois criar mecanismos de educação para toda a humanidade. Os resultados virão. 
https://padreluizcarlos.wordpress.com/

EVANGELHO DO DIA 29 DE FEVEREIRO

Evangelho segundo S. Lucas 4,24-30.
Naquele tempo, Jesus veio a Nazaré e falou ao povo na sinagoga, dizendo: «Em verdade vos digo: Nenhum profeta é bem recebido na sua terra. Em verdade vos digo que havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias, quando o céu se fechou durante três anos e seis meses e houve uma grande fome em toda a terra; contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas, mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia. Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu; contudo, nenhum deles foi curado, mas apenas o sírio Naamã». Ao ouvirem estas palavras, todos ficaram furiosos na sinagoga. Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade e levaram-n’O até ao cimo da colina sobre a qual a cidade estava edificada, a fim de O precipitarem dali abaixo. Mas Jesus, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho. 
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia: 
Santo Ambrósio (c. 340-397), bispo de Milão, doutor da Igreja 
Sobre os sacramentos, 1 
A quaresma leva ao baptismo
Aproximaste-te, viste a pia baptismal e viste também o bispo perto da pia. E terá certamente surgido na tua alma o mesmo pensamento que se insinuou na de Naaman, o sírio. Pois, embora tenha sido purificado, inicialmente ele duvidara. [...] É possível que alguém tenha dito: «É só isto?» Sim, realmente é só isto; mas ali encontra-se toda a inocência, toda a piedade, toda a graça, toda a santidade. Viste o que conseguiste ver com os olhos do corpo [...]; ora, aquilo que não se vê é muito maior [...], porque aquilo que não se vê é eterno [...]. Haverá coisa mais surpreendente do que a travessia do Mar Vermelho pelos israelitas, para não falarmos agora apenas do baptismo? E, no entanto, todos os que o atravessaram morreram no deserto. Pelo contrário, aquele que atravessa a pia baptismal, isto é, aquele que passa dos bens terrestres para os do céu [...], não morre, mas ressuscita. 
Naaman estava leproso. [...] Ao vê-lo chegar, o profeta disse-lhe: «Vai banhar-te no Jordão e ficarás curado.» Ele pôs-se a reflectir e disse para consigo: «É só isto? Vim desde a Síria até à Judeia para ouvir dizerem-me: "Vai banhar-te no Jordão e ficarás curado"? Como se não houvesse rios melhores no meu país!» Os servos diziam-lhe: «Senhor, por que não fazes o que diz o profeta? Experimenta.» Então ele foi até ao Jordão, banhou-se e ficou curado. 
Que significa isto? Tu viste a água; ora, nem toda a água cura, mas a água que contém em si a graça de Cristo cura. Há uma diferença entre o elemento e a santificação, entre o acto e a eficácia. O acto realiza-se com água, mas a eficácia vem do Espírito Santo. A água não cura se o Espírito Santo não tiver descido e a tiver consagrado. Quando nosso Senhor Jesus Cristo instituiu o rito do baptismo, foi ter com João e este disse-Lhe: «Eu é que tenho necessidade de ser baptizado por Ti. E Tu vens até mim?» (Mt 3,14). [...] Cristo baixou-Se e João, a seu lado, baptizou-O; e eis que, como uma pomba, o Espírito Santo desceu. [...] Por que foi que Cristo Se baixou primeiro e em seguida desceu o Espírito Santo? Porquê? Para que não parecesse que o Senhor tinha necessidade do sacramento da santificação. Pois é Ele que santifica; e é também o Espírito que santifica.

ANTÓNIA DE FLORENÇA Viúva, Religiosa, Beata 1401-1472

Nasceu em Florença, na Itália, em 1401. Quando tinha quinze anos, casou-se e logo em seguida teve um filho. Poucos anos depois seu marido faleceu. Para garantir um futuro ao filho, casou-se novamente, mas também este segundo marido veio a falecer alguns anos depois. Como seu filho já era grande e poderia sobreviver por sua própria conta, decidiu ingressar na Ordem das Irmãs Terciárias Regulares. Mais tarde ingressou no Convento de Santo Onofre, em Florença. Por ser bastante dedicada aos afazeres diários dentro do convento e o apoio espiritual que, generosamente, dedicava a suas irmãs de fé ganhou a admiração e respeito de todas e até mesmo as suas superioras. Algum tempo depois foi enviada para Foligno para pregar e transmitir sua dedicação a Deus. Depois seguiu para Áquila, mais precisamente para o Convento de Santa Isabel. Neste Convento teve como orientador espiritual São João de Capristano, quem, junto com São Bernardino de Sena, promovia a chamada “observância”. Antónia sentia a urgência de uma regra mais austera, de uma pobreza mais rígida, de uma abnegação mais perfeita. Com a aprovação de Nicolau V, e a bênção de São João Capistrano, vigário Geral, em 1447 retirou-se com outras doze irmãs para o Mosteiro Corpo do Senhor, lá onde elas pretendiam viver em pobreza absoluta e observar com muito rigor a regra de Santa Clara. Foi a superiora pelo resto de sua vida, sempre observando e respeitando as regras de Santa Clara. Faleceu aos 71 anos de idade, em 1472. A cidade de Áquila venera-a como santa desde a sua morte. 

OSVALDO DE YORK Bispo, Santo + 992

Osvaldo figura entre os grandes nomes católicos da Europa ao final do primeiro milénio, tendo morrido no ano de 992. De origem dinamarquesa, era sobrinho de Odo, arcebispo da Cantuária e parente de Osyll, arcebispo de York. Para abraçar a religião escolheu a vida de monge beneditino e, por isso, ingressou no convento de Fleury-sur-Lofre, na França. Entretanto, Osvaldo foi chamado por seu tio Oskyl que, desejando fazer reformas em sua diocese, escolheu o sobrinho para encabeçá-las, por causa de seu senso de justiça e da generosidade para com os pobres. Foi nomeado bispo de Worcester e uniu-se a dois outros religiosos da mesma estirpe da região: Dunstan, arcebispo de Cantuária e Ethelwold, bispo de Winchester. Assim, Osvaldo conseguiu restabelecer a disciplina monástica que levou a diocese de seu tio a recuperar o caminho correto dentro do cristianismo. Por esta e outras obras, o Rei Eadgar o nomeou arcebispo de York, em 972. Osvaldo fundou ainda uma outra abadia de beneditinos em Worcester e desenvolveu muito o estudo científico nos mosteiros e conventos que dirigiu. Mas, ao mesmo tempo em que dava grande importância aos estudos terrenos, em nenhum momento se desprendeu das obrigações e regras espirituais, vivenciando muitos fatos sobrenaturais. Segundo a tradição, Santo Osvaldo reproduzia durante toda a Quaresma a cerimónia do lava-pés, banhando ele próprio os pés de 12 mendigos. Ele operou diversos milagres em vida.

HILÁRIO DE ROMA Papa, Santo + 468

Hilário, Papa e Santo da Igreja Católica (461-468) nasceu na Sardenha, em data incerta. Em 19 de novembro de 461 foi eleito Papa, como sucessor de São Leão I, Magno (440-461). Durante o seu pontificado procurou combater a difusão da doutrina ariana, que naquela época Ricimero sustentava em Roma. Como arcediago — cargo na Igreja medieval, dignatário das Sés que secundava o bispo nos ofícios junto com o chantre, um funcionário eclesiástico que dirigia o coro, e o diácono — representou o próprio papa no Concílio de Éfeso em 449 quando demonstrou uma férrea oposição ao monofisismo e onde lutou pelos direitos da Igreja. No trono de Pedro, continuou a acção política de seu antecessor e confirmou os concílios de Nicéia, Éfeso e Calcedónia, sustentando a supremacia da Igreja apostólica perante as tendências de autonomia dos bispos da Espanha e da Gália. Estabeleceu um vicariato na Espanha e ergueu vários conventos para mulheres, em Roma. Também estabeleceu que para ser sacerdote era necessário possuir uma profunda cultura e que pontífices e bispos não podiam designar seus sucessores. Segundo o Liber pontificalis, o papa interveio na organização da liturgia estacional da quaresma em 25 igrejas e doou à Basílica do Latrão uma torre de prata e uma pomba de ouro. O quadragésimo-sexto papa da Igreja Católica, morreu em 29 de fevereiro de 468, em Roma, e foi seu sucessor São Simplício (468-483). Santo Hilário escreveu que Jesus, nascido de Deus, assumiu um corpo, se fez homem, e, assim, é essencial à fé reconhecer a dupla natureza do Cristo.

ORAÇÃO DE TODOS OS DIAS - 29 DE FEVEREIRO

Pe. Flávio Cavalca de Castro, 
redentorista
Oração da manhã para todos os dias 
Senhor meu Deus, mais um dia está começando. Agradeço a vida que se renova para mim, os trabalhos que me esperam, as alegrias e também os pequenos dissabores que nunca faltam. Que tudo quanto viverei hoje sirva para me aproximar de vós e dos que estão ao meu redor.
Creio em vós, Senhor. Eu vos amo e tudo espero de vossa bondade.
Fazei de mim uma bênção para todos que eu encontrar. Amém.
As reflexões seguintes supõem que você antes leu o texto evangélico indicado.
29 – Segunda-feira – Santos: Macário, Hedviges da Polônia 
Evangelho (Lc 4,24-30) “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria.” 
Os conterrâneos de Jesus exigiam que fizesse ali os milagres que fazia em outros lugares. Sentiam-se no direito de exigir dele um tratamento especial. Jesus recusou-se a ser domesticado. Lembrou-lhes um provérbio: “nenhum profeta é reconhecido em sua pátria”. Deviam ouvir o que ele dizia como mensageiro de Deus, sem levar em conta sua origem, seus parentescos ou relacionamentos. 
Oração
Senhor Jesus, continuamente me falais através de meus irmãos e irmãs, que me ajudam a vos conhecer e amar. Ajudai-me a ouvi-los iluminado pela fé, sem levar em conta considerações humanas. Não importa se são amigos ou parentes, se falam bem e são simpáticos. Iluminai-os e dai-lhes as palavras certas. Fazei que eu seja dócil, e me deixe ensinar, certo que por eles vós me falais. Amém.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

ONZE MODOS DE CONTINUAR SORRINDO

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio CSsR
  1.  Agarra-te nos teus sonhos e não os abandones.
  2.  Mostra ao mundo o muito ou o pouco de que você é capaz.
  3.  Confia nas tuas capacidades e não te encostes nos outros.
  4.  Confia na estrela que brilha no teu firmamento.
  5.  Encara teus problemas um por um, para melhor vencê-los.
  6.  Desfruta das boas qualidades que Deus te deu.
  7.  Mostra ao mundo a luz que escondes no teu interior.
  8.  Não fujas daqueles que querem demonstrar amor para contigo.
  9.  Olha para o lado bom das coisas e nõo sucumbas diante das adversidades.
  10.  Tens qualidades especiais que te sustentaram até agora. Reaproveite-as.
  11.  Enche de felicidade o teu coração, e difunde-a ao teu redor!
Fonte: Douglas Page (Santoral)

28 DE FEVEREIRO – CAPELÃO MILITAR E APÓSTOLO

Daniel Brottier (1876-1936) nasceu na França, ingressou na Congregação do Espírito Santo (Espiritanos) e trabalhou na África durante sete anos. Ficou doente e precisou voltar. Durante a 1ª Guerra Mundial alistou-se voluntariamente como capelão militar. Transportou os feridos, assistiu os moribundos, desafiou os perigos e ganhou várias medalhas. Fundou a “União Nacional dos ex-combatentes” que chegou a congregar dois milhões de associados. Dirigiu durante vários anos uma obra de assistência à juventude abandonada, chegando a ter 1400 inscritos. Nessa obra eles aprendiam de tudo, desde a formação moral até o artesanato. Foi muito dinâmico. “Parecia ter duas almas” disse uma testemunha que trabalhou com ele. Mas soube unir a ação com a contemplação. Antes de se lançar ao trabalho, enchia-se de Deus na oração.
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio CSsR
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Homilia 3º Domingo da Quaresma (28.02.16) “Permanente conversão”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Figueira estéril
            No tempo da Quaresma entramos no coração da História da Salvação e contemplamos os fatos maravilhosos e tristes que aí se encontram. Diante da fragilidade humana está a misericórdia de Deus. São Paulo explica que “nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e passaram o mar”. Deus fez maravilhas para eles. Qual a resposta? “A maior parte deles desagradou a Deus. Morreram e ficaram no deserto” (Ex 10,1.5). O que faltou em Deus para fazer bem ao povo? Qual a resposta? Esterilidade! A parábola sobre a figueira estéril sintetiza bem a história do povo: Um homem tinha uma figueira e foi buscar figos e não encontrou. Mandou que fosse cortada, pois ocupava espaço. O vinhateiro lhe disse: “Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. Pode ser que venha dar fruto. Se não der, então tu a cortarás” (Lc 11,8-9). Deus busca frutos em nós. O fato de sermos povo de Deus não nos garante. O que garante é a constante conversão. O povo viveu momentos grandiosos da bondade de Deus e não soube corresponder. Paulo diz que esses fatos aconteceram para ser um exemplo para não fazermos o que fizeram. E diz também “Quem julga estar de pé tome cuidado para não cair” (1Cor 10,12). É um alerta forte para que não nos sentamos seguros na vida de fé e na prática da vida cristã. É necessária uma permanente conversão. Esse negócio de dizer que Jesus já me salvou ou sou ungido, já sou padre etc... Jesus responde: “Mas se não vos converterdes, vós ireis morrer do mesmo modo” (Lc 13,5).
Misericórdia que salva
            “Eterna é sua misericórdia”. A todos é dado o tempo da paciência de Deus que é eterna. Se nos ocorrem coisas difíceis, podemos ver que não vêm de Deus, mas de nossa fragilidade ou cabeça dura, como ocorreu com o povo no deserto. Moisés dizia: “Esse povo tem cabeça dura” (Ex 32,9). Mesmo assim Deus sempre vem ao nosso encontro com novas propostas de vida. Rezamos no salmo: “A maior proposta é Jesus que é a expressão do amor de Deus. Jesus demonstra sua condição de Deus perdoando, amando, cuidado de todos, sobretudo dos pecadores. Temos diversas parábolas e gestos que narram essa misericórdia como “a ovelha perdida”, “o pai misericordioso” (o filho pródigo), Zaqueu, o jantar na casa de Mateus, os perdoados, os doentes curados, endemoniados libertados. Como preparação para a Páscoa, lemos que a festa não é somente um acontecimento, mas é a realização plena da misericórdia de Deus que dá Vida. Jesus sofredor assumiu nossas dores e “se fez pecado por nós” (2Cor 5,21). A Ressurreição de Jesus é a expressão da misericórdia de Deus que em Jesus perdoa a todos, com amor total.
Manifestar o que o sacramento realizou
            A oração pós-comunhão ensina como a conversão conduz à vivência cristã: “Já saciados na terra com o pão do céu, nós vos pedimos a graça de manifestar em nossa vida o que o sacramento realizou em nós” (Pós-Comunhão). A atitude de fé conduz à prática. O sacramento não é somente um ato religioso, mas um dinamismo que leva a agir produzindo frutos. A figueira só tem sentido ocupar espaço no jardim se produz frutos. Frutos são sinal de vida. O tempo quaresmal é um sacramento, como nos diz a oração do primeiro domingo. Sacramento é um símbolo que realiza o que explica. O sacramento da Quaresma anuncia a Palavra que nos instrui para a compreensão do Mistério Pascal e nos purifica pelas ações coerentes com o que foi anunciado.
Leituras: Êxodo 3,1-8ª.13-15;Salmo 102; 1ª Coríntios 10,1-6.10-12;Lucas 13,1-09. 
1.     A parábola da figueira, como explica Paulo, que não podemos repetir a história do povo. Recebeu muito de Deus e não correspondeu. É necessária a conversão. 
2.     Deus sempre tem propostas novas para nossa vida. Sua misericórdia e paciência são eternas. A ressurreição de Jesus é expressão máxima da misericórdia do Pai. 
3.     A fé conduz a uma atitude prática. O Sacramento recebido realiza o que significa. 
O limite da paciência   é a paciência. 
Jesus usa uma imagem interessante para explicar que Deus quer frutos de tudo o que investiu em nós em toda a história da salvação. Contou a parábola da figueira que um homem plantou e cuidou bem. Quanto foi buscar os frutos por três anos seguidos não encontrou. Então disse a empregado: Corta-a porque está inutilizando a terra. O empregado diz: “Vamos esperar um pouco mais. Vou chegar uma terrinha, colocar adubo. E, se não der, a gente corta”. Deus é paciente e misericordioso. Os sofrimentos do povo, vistos como castigos, os levavam à conversão.  A paciência de Deus é sem limites. 
Assim foi sua história, assim é nossa história: Deus oferece tanta coisa ao povo, como a nós também foram oferecidas tantas graças e tantos dons. Como fizeram podemos fazer também: revoltar contra Deus. 
O chamado é a sermos misericordiosos como Deus O foi, sempre dando chances. É preciso ser misericordioso com a gente mesmo, sabendo que temos direito a novas chances, pois somos sempre frágeis. 
Deus enviou Moisés para libertar o povo. Mostrou sua preocupação e desceu para salvar o povo do sofrimento. Paulo explica que, mesmo conhecendo o que Deus fizera, o povo ainda se revoltou contra Êle. Nós podemos fazer o mesmo. Por isso Paulo diz: “Quem está de pé, veja de não cair” (1Cor 10,12). Por isso Jesus insiste na conversão permanente. Vivamos lembrando os benefícios de Deus: “Bendize, minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus benefícios” (Sl 102).

EVANGELHO DO DIA 28 DE FEVEREIRO

Evangelho segundo S. Lucas 13,1-9.
Naquele tempo, vieram contar a Jesus que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus, juntamente com o das vítimas que imolavam. Jesus respondeu-lhes: «Julgais que, por terem sofrido tal castigo, esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos do mesmo modo. E aqueles dezoito homens, que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou? Julgais que eram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém? Eu digo-vos que não. E se não vos arrependerdes, morrereis todos de modo semelhante. Jesus disse então a seguinte parábola: «Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi procurar os frutos que nela houvesse, mas não os encontrou. Disse então ao vinhateiro: ‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira e não os encontro. Deves cortá-la. Porque há-de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’. Mas o vinhateiro respondeu-lhe: ‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano, que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo. Talvez venha a dar frutos. Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano». 
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia: 
São Narsés Snorhali (1102-1173), patriarca arménio 
Jesus, Filho único do Pai, §§ 677-679, SC 203 

«Talvez venha a dar frutos»

Não me amaldiçoes como à figueira (cf Mt 21,19) 
Ainda que eu me assemelhe a uma árvore estéril, 
Para que a folhagem da fé 
Não seque com o fruto das minhas obras. 

Antes, fixa-me no bem, 
Como o sarmento na vinha sagrada 
De que teu Pai celeste cuida (Jo 15,2) 
E que o Espírito faz frutificar pelo crescimento. 

E à árvore que eu sou, estéril em frutos saborosos, 
Mas fecunda em frutos amargos, 
Não a arranques da tua vinha, 
Mas muda-a, cavando-lhe em volta.

Santa Mariana

Santa Mariana é Heroína Nacional do Equador, padroeira de Quito, protetora dos órfãos e dos doentes. A Santa nasceu no dia 31 de outubro do ano 1618, na cidade em Quito. Hoje, Quito é a capital do Equador. Na época, porém, pertencia ao Vice-Reino do Peru. Mariana foi a oitava filha de Jerônimo de Paredes y Flores, Capitão espanhol, nascido em Toledo, e de Mariana de Granobles de Xamarillo. Sua mãe era descendente dos conquistadores espanhóis, católica convicta e mulher virtuosa. Órfã Com apenas quatro anos, Santa Mariana ficou órfã de pai. Pouco tempo depois, ela perdeu também sua mãe, que ficara muito entristecida pela morte do marido. Antes de morrer, a mãe de Mariana confiou-a a guarda de sua irmã mais velha. Esta já era casada com um capitão chamado Cosme de Casso, com o qual já tinha três filhas, com idades próximas às de Mariana. O casal deu aos filhos e a Mariana uma educação humana e religiosa. Mariana sobressaiu-se logo pela inteligência nos estudos e na música, com uma bela voz. Mas cantava somente cânticos religiosos. E desde cedo manifestou grande piedade, espírito de sacrifício e oração. Com sete anos, salvou suas sobrinhas da morte, tirando-as de um lugar onde, logo em seguida, uma parede caiu. A Maturidade espiritual O cunhado e a irmã, percebendo que Mariana tinha uma espiritualidade precoce, quiseram que ela, aos sete anos, fizesse a Primeira Comunhão. O costume na época era aos 12 anos. Um padre jesuíta examinou-a e, surpreso com sua maturidade e virtude, ministrou-lhe a Primeira Comunhão, passando a ser seu diretor espiritual. Por essa ocasião ela quis passar a ser chamada de Mariana de Jesus, com a finalidade de mostrar a todos que ela pertencia somente a Ele. Desde menina, quis evangelizar os índios e ser eremita, mas ainda não era a hora. Vida religiosa no próprio lar Aos 12 anos, sua irmã e o cunhado quiseram levar Santa Mariana a um convento franciscano. Ela também queria. Porém, fatos externos impediram que isso acontecesse. Então, Mariana compreendeu sua vocação era viver recolhida, mas estando “no mundo”. O diretor espiritual aprovou e sua irmã destinou três aposentos da casa para que ali, ela vivesse sua vida “reclusa”. Mariana recusou móveis e luxos, escolhendo tudo muito simples e pobre. Uma das salas tornou-se capela. Ao entrar para a sua “reclusão”, fez os votos de pobreza, castidade e obediência. De lá, só saía quando ia à igreja ou ajudar os pobres, aos quais muito amava. Sempre levava sua guitarra e cantava cânticos religiosos para consolo dos pobres. Vivia fazendo jejuns, passava dias à base de pão e água, outras vezes seu único alimento era a Eucaristia e a oração. Levantava-se diariamente de madrugada para fazer suas orações. Todas as manhãs, das 8 às 9 horas, rezava pelas almas do purgatório. Fazia trabalhos manuais para dar aos pobres, servia refeições à família de sua irmã, lavava louças e objetos. Trabalhava como uma empregada e depois se recolhia novamente para orações e descanso noturno. A Fraqueza física Por causa dos jejuns e sacrifícios, ela adoecia. Por isso, como era costume na época, era submetida a “sangrias”. Uma empregada jogava o sangue tirado sempre no mesmo local. Após a morte de Santa Mariana, neste local nasceram lírios de beleza inigualável. Profecias Santa Mariana, como qualquer pessoa, sofreu tentações, principalmente a do desânimo e a do desespero. Porém, venceu através da Eucaristia, da oração, do jejum e da direção espiritual. Ela profetizou que a casa de seu cunhado e de sua irmã se transformaria num convento e que o lugar em que ela dormir, seria o coro das irmãs. Isso, de fato, aconteceu alguns anos mais tarde, com as Irmãs carmelitas. Milagres de Santa Mariana A história de Santa Mariana de Jesus apresenta vários milagres e duas ressurreições acontecidas através de sua oração: uma de sua sobrinha e outra de uma índia assassinada pelo marido que julgou, injustamente, que a índia o traía. Ao voltar à vida, a índia revelou que, no meio de seus sofrimentos, antes de morrer, teve uma visão de Santa Mariana dizendo a ela: “coragem”. Salvando a cidade de Quito No ano 1645, quando Mariana tinha 26 anos, uma horrorosa epidemia caiu sobre a cidade de Quito. Muita gente morreu por causa dessa doença. Além disso, fortes terremotos ocorriam na região, por causa de um vulcão próximo. Todos estavam alarmados e sem esperança. Quando chegou o dia 25 de março, dia da Anunciação, Santa Mariana estava na missa. Ali, ela ouviu o padre dizer que era preciso mais sacrifícios e penitências para suplicar a paz naqueles tempos de provação. Mariana quis, então, oferecer sua própria vida pela salvação do povo da cidade e orou a Deus para que assim acontecesse. Quando chegou o dia seguinte, ela começou a sofrer inúmeros males. Ao mesmo tempo, porém, os tremores foram cessando e a peste foi terminando. Mas o povo de Quito ficou consternado ao saber do estado grave em que se encontrava aquela que tinham como verdadeira santa. A população se reuniu em frente à casa de seu cunhado, mas somente o Bispo pôde entrar. O Bispo ministrou a ela os sacramentos e soube do oferecimento que ela fizera de sua vida. Sabendo de sua morte próxima, ela quis ser levada para a cama de sua sobrinha para que, na hora da morte, não tivesse mais nenhum pertence. Devoção a Santa Mariana Santa Mariana faleceu em 26 de maio do ano 1645, com apenas 26 anos de idade. A peste e os terremotos passaram e a paz reinou por muito tempo em Quito. Logo todo o povo da cidade acorreu para chorar e prestar sua última homenagem àquela que tinha entregado sua própria vida por eles. Seus restos mortais foram colocados no altar da Igreja de Quito e permanecem lá até hoje. Por isso, ela chamada de a Heroína Nacional do Equador e padroeira de Quito. Após sua morte, várias graças e milagres foram alcançados através da intercessão de Santa Mariana. Canonização Santa Mariana de Jesus foi beatificada pelo Papa Pio IX, no ano de 1850. Ela foi canonizada, em 1950, um século depois, pelo então Papa Pio XII. Oração a Santa Mariana “Santa Mariana de Jesus, modelo de oração e de amor a Jesus, orai por nós, para que saibamos seguir vosso exemplo de dedicação a Deus e ao próximo. E que saibamos colocar sempre o Senhor em primeiro lugar em nossa vida. Santa Mariana de Jesus, Açucena de Quito, Heroína do Equador, Rogai por nós.” 

Santa Cira (Cyra)

Martirológio Romano: Comemoração das santas virgens Marana e Cira, que em Berea, na Síria, viviam num lugar estreito e cercado, expostas aos elementos, sem sequer um modesto abrigo, observando o silêncio e recebendo por uma janela os alimentos de que necessitavam. As santas faleceram por volta do ano 450. Etimologia: Marão, Marana = aportuguesamento de Maron, Marum, do sobrenome do fundador do rito católico maronita (Líbano e Síria) São Marão. Cira(o) = do grego Kyros, derivado de Kyrios: "o poderoso, o senhor". Nosso Senhor Jesus Cristo viveu com seus discípulos uma forma de vida comunitária que inaugurou um ascetismo cristão diferente daquele das tradições dos rabinos de seu tempo, ou mesmo dos profetas do Antigo Testamento. A expressão "vita apostolica" na literatura monástica primitiva significou primeiramente esta vida dos Apóstolos com Jesus, que fazia exigências àqueles que desejavam segui-Lo. Depois da morte de Jesus, alguns cristãos desejaram adotar como modo permanente de vida os apelos de Jesus para o celibato, a renúncia total, a pobreza, etc.. Eles tinham o exemplo de Jesus e também se inspiravam nas formas de ascese de seu tempo. Após o término das perseguições aos cristãos, homens e mulheres se retiravam das grandes cidades em busca do silêncio e do isolamento para alcançar a perfeição e união com Deus. O ascetismo se desenvolveu muito depressa; pouco a pouco foi se desenhando as várias formas de ascetismo, pois nem todos eram chamados a seguir Nosso Senhor pelo mesmo caminho. Quando lemos os escritos dos monges cristãos do século IV fica claro que eles foram para o deserto, ou se agruparam em fraternidades urbanas para segui-Lo e, sob a ação do Espírito Santo, se deixar transformar à imagem dEle. Os Padres do Deserto, por exemplo, era um grupo de eremitas e cenobitas que no século IV se estabeleceu no deserto egípcio. Eles viviam em ermidas primitivas e comunidades religiosas. A fama de santidade desses primitivos monásticos atraia grande número de seguidores aos seus austeros retiros. Sob sua direção espiritual seus discípulos foram crescendo. O monaquismo foi nascendo um pouco por toda parte e ao mesmo tempo sob formas muito variadas, e dependendo da vitalidade própria de cada Igreja local, tanto no Oriente como no Ocidente. Desde suas primeiras manifestações, o monaquismo apareceu simultaneamente em formas as mais diversas: cenobitismo e eremitismo, monaquismo do deserto e monaquismo das cidades etc. São Bento não foi o fundador do monaquismo cristão, pois viveu quase três séculos depois do seu surgimento no Egito, na Palestina e na Ásia Menor, mas acabou dando-lhe novos e frutuosos rumos. Isto fica evidente na Regra que escreveu para os mosteiros e que ainda hoje é usada em inúmeros mosteiros e conventos no mundo inteiro. A "escola do serviço divino", como São Bento chamava o monaquismo, compunha-se de dois elementos “ora et labora”, reza e trabalha. No mundo grego, o trabalho físico era considerado a ocupação dos escravos. O sábio, o homem verdadeiramente livre, dedica-se unicamente às realidades espirituais; o trabalho físico era considerado algo inferior, deixado àqueles homens que não são capazes da existência superior no mundo do espírito. A exemplo de São Paulo, que era tecelão de tendas e se sustentava com o trabalho das próprias mãos, o trabalho manual tornou-se parte constitutiva do monaquismo cristão. Acompanhar o caminhar das várias formas de dedicação inteira a Santa Igreja e, por meio dela, a Nosso Senhor Jesus Cristo durante os séculos seguintes é uma tarefa das mais edificantes; as almas fiéis, guiadas pelo Espírito Santo, foram criando as mais belas formas de dedicação a Deus e ao próximo, muitas das quais florescem ainda nos dias de hoje. É bom venerarmos essas primeiras e tão distantes Santas, das quais tão pouco se sabe, vítimas expiatórias regando com seu sangue e preces o solo que se tornaria fértil e produziria ainda mais belas testemunhas do Amor de Deus. 

DANIEL BROTTIER Sacerdote espiritano, Fundador, Beato 1876-1936

Daniel Brottier nasceu em 7 de Setembro de 1876 em La Ferré-Saint-Cyr, uma bonita aldeia não muito longe da cidade de Chambord no departamento de Loire-et-Cher. A casa onde ele nasceu ainda está de pé. Ficava perto do castelo onde seu pai era cocheiro para a Marquês de Durfort. Daniel sempre quis ser um padre, e comecei a aprender latim antes mesmo que ele frequentou a escola. Daniel fez sua primeira comunhão em 1886 na idade de dez anos, e entrou no seminário menor de Blois no ano seguinte. Seus companheiros de escola recordou-o como um alegre, extrovertido, menino, mesmo maldoso (espiègle), mas de bom coração. Em 1896, na idade de 20, ele fez um ano de serviço militar em Blois. Após longos anos de um padre do seminário, foi ordenado em 22 de Outubro de 1899 pelo Bispo de Blois Laborde. Sua primeira nomeação foi para a Escola Livre de Pontlevoy, onde trabalhou maravilhas com as crianças. Mas sentia que algo estava querendo. Seu campo de acção era limitado e sua alma apostólica procurou um campo mais desafia-dor de actividade. Como Père Jacques Laval enquanto ainda trabalham na paróquia Pinterville, ele queria ser um missionário. Sua família não estava nada satisfeito com sua decisão, mas acabou cedendo. Tendo conseguido a autorização do Bispo entrou para o noviciado da Congregação do Espírito Santo em Orly, perto de Paris em 1902. Professou em 1903 e escreveu para o Superior Geral, Dom Alexandre Le Roy: “Eu sempre encarei a vida como missionário, como as pessoas que estão dispostas a sacrificar-se para a salvação das almas.” Para sua decepção foi designado para a paróquia, na cidade de S. Luís, Senegal, enquanto ele sonhava com uma vida dura no interior do país. Pe. Jacinto Jalabert, nomeado Bispo, logo Daniel começou seu apostolado urbano. Voltou sua atenção para os mais abandonados do tempo, os mestiços. Onde muitos missionários tinham esperanças de evangelizá-los, Pe. Brottier conseguiu convencer seus companheiros que não havia esperança. Com o vigor da juventude, naturalmente, ele se voltou para os jovens, revitalizando obras apostólicas que tinha morrido com a transferência da ex-padres. Um interlúdio importante em sua vida neste momento foi a sua estada no mosteiro trapista na Ilha de Lerins fora de Marselha, onde São Patrick é dito ter passado algum tempo na preparação para o sacerdócio. Brottier sentia chamado à vida contemplativa e não a carreira muito activa que se tem vivido até agora. Um ensaio curto em Lérins, no entanto, desiludi-lo dessa ideia. Bispo Jacinto Jalabert tinha sonhos de construir uma grande catedral de S. Luís, o local onde o grande projecto de evangelização da raça negra tinha sido lançado por iniciativa do Bispo Edward Barron e P. Francisco Libermann. Jalabert queria construir um local apropriado de adoração como uma catedral, e um monumento de homenagem a todos aqueles que deram a sua energia, vida e sangue em prol da África, no serviço do Senhor e aos africanos. Sabendo do potencial de Brottier e seu estado de saúde, nomeou-o Vigário-geral do Dakar, residente em Paris e director do Memorial Africano. Brottier estava entusiasmado que, mesmo na França, ele estaria fazendo uma tarefa missionária. Jogou toda a sua energia para o apostolado novo, montou uma secretaria e um gabinete de relações públicas que ofendeu alguns dos seus confrades zeloso, envolveu leigos, deu uma alma ao trabalho que os cristãos em França não podia ignorar. Concentrou-se no Memorial Africano de sete anos em dois períodos 1911-1914 e 1919-1923, interrompida por sua capelania durante a guerra. Foi Capelão do Exército durante a primeira Grande Guerra. Talvez ele se sentiu melhor empregado nessa situação de risco onde o pão era diário e os sofrimentos dos mais pobres foram compartilhados. Para os cinquenta e dois meses após a tragédia que viveu com o perigo. Pela palavra e pelo exemplo que ele trouxe conforto, ele levantou a moral, ele estimulou as energias, ele recebeu confidências, preparou as pessoas para a morte. Vulnerável o tempo todo, ignorando o perigo, ele ouviu e viu tudo. Em nome da Caridade, como Capelão ele construiu “pontes” entre as tropas e do alto comando e até mudou a mente de um oficial das forças armadas sobre a base para um ataque! A ele foi conferido a Légion d’Honneur, Ordre de l’Armée em Maio 1916. Sua função sacerdotal durante esses terríveis anos é expressa nas palavras que ele escreveu para seu irmão e irmã-de-lei em dar-lhes cruzar seu capelão militar depois da guerra: Bispo Jalabert, Senegal, o Memorial Africano, a grande guerra. Deus estava a escrever direito por linhas tortas. Brottier tinha sonhado com o extraordinário espírito de fraternidade nascido no curso da guerra, continuando depois entre os ex-soldados. Ele viu a fundação de um amplo movimento desenvolver. Este simples capelão militar, que poderia ser tentado a criar a “sua” associação de ex-militares ao longo de linhas confessionais, tornou-se um padre progressista, visando uma união nacional, aberto a todos sem distinção. Não hesitou em envolver o poder público e em contacto com Clemenceau, então presidente do Conselho. Mais uma vez a força-motriz por trás de seus planos era o amor. O sindicato chegou a dois milhões de membros. Brottier nunca fez as coisas pela metade, mas sempre foi “tudo ou nada”. Em 1923, o Arcebispo de Paris, o cardeal Dubois, solicitou à Congregação do Espírito Santo para tomar conta do orfanato Auteuil. Este grande projecto de caridade tinha sido lançado em 1866 pelo Abade Louis Roussel. Apesar de vários contratempos, principalmente devido às convulsões políticas. Em anos mais recentes que tinha declinado devido a falta de seu novo director. Imediatamente ele decidiu colocar este trabalho, sob o patrocínio de Teresa Maria. Tendo visitado Auteuil, encontrou indigno velho barracão. Decidiu imediatamente para lá construir uma bela igreja em honra da Beata Teresa. Antes de consultar o cardeal pediu a Teresa um sinal, ou seja, que ele receberia o dom de 10.000 francos. O sinal veio e assim começou a saga dos milagres associados, há anos Padre Brottier está no comando do projecto Auteuil. O cardeal concordou com seu plano. Para dizer que nem todo mundo viu o prédio de uma igreja como a prioridade seria um eufemismo. Dormitórios, oficinas, etc. reparos estruturais eram vistos como a requisitos clama no estado degradado do instituto. O milagre da vida de Brottier foi que ele conseguiu tanto tempo sofrendo bastante com problemas de saúde. Sua morte chegou, depois de uma breve, mas a doença dolorosa, em 28 de Fevereiro de 1936, poucas semanas após a inauguração solene da Catedral Memorial Africano em Dakar. Quando o rádio anunciou mais tarde na manhã seguinte, que o Pai Brottier tinha morrido, um antigo empregado no orfanato em Auteuil, que, por vários meses, tinha sido confinado a cama com os braços e as pernas deformadas de origem reumática, clamou: “Bom Padre Brottier, se você está no céu, curar-me.” Ele estava completamente curado de uma só vez e viveu para louvar ao Senhor por muitos anos. O processo de beatificação recebeu um impulso especial quando, em 1962, seu corpo foi exumado, como parte desse processo e foi encontrado intacto como no dia de seu sepultamento. Padre Brottier foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 25 de Novembro de 1984 – mesmo dia em que o carmelita – Irmã Elisabeth da Trindade. http://lucasduarte.wordpress.com/

ROMÃO DE CONDAT Ermita, Abade, Santo século V

São Romão, que viveu no século V e foi o primeiro eremita que existiu na França. Natural de Borgonha, entrou bem cedo no célebre e mais antigo mosteiro da França, Ainay. Tendo aprendido os princípios da vida religiosa, retirou-se para a solidão, num lugar chamado Condat, entre a Suíça e Borgonha, onde mais tarde se lhe associou o irmão, Lupicino. Algum tempo viveram juntos, entregues às práticas religiosas, quando começaram a experimentar impertinentes perseguições do demónio, que procurou assustá-los de mil modos. Bastante incomodados com as artimanhas do inimigo, retiraram-se daquele lugar, em demanda de um outro. Surpreendidos pela noite, hospedaram-se na choupana de uma pobre mulher. Esta, sabendo do motivo da fuga, disse-lhes: “Fizestes mal em ter abandonado a vossa casa. Se tivésseis lutado com mais coragem e pedido sossego a Deus, teríeis vencido as insídias do demónio”. Envergonhados com esta advertência, voltaram ao lugar de onde tinham saído e de facto nunca mais o demónio os incomodou. A fama dos dois santos homens chamou muita gente ao lugar onde estes moravam, uns para pedir conse-lho, oração e consolo, outros, a estes em maior número, para, sob sua direcção, levar uma vida em Deus. Santo Hilário tinha conferido a Romão as ordens do sacerdócio. Junto com seu irmão Lupicino fundou três conventos: o de Condat, hoje São Cláudio (Saint Claude), o de Laucone e de la Baume. Ao redor deste último se agrupou a cidadezinha de Saint-Romain-de-Roche. Estes conventos gozavam de grande reputação na França, devido ao bom espírito, à vida santa que lá se levava. Romão era para todos o modelo de perfeição. Em certa ocasião fez uma romaria ao túmulo de S. Maurício e levou em sua companhia o monge Paládio. A noite os surpreendeu e tiveram de abrigar-se numa gruta, que servia de albergue a dois leprosos. Grande foi o espanto destes, ao avistarem os dois religiosos na pobre habitação. Romão, para convencê-los de que nada precisavam temer, abraçou-os e beijou-os com muito afecto. Quando, no dia seguinte, os romeiros se despediram dos pobres lázaros, Romão fez o sinal da cruz sobre eles e no mesmo momento a lepra os deixou. Este grande milagre aumentou ainda mais o grande conceito do Santo, em que o tinha todo o povo. Romão, porém muito aborreceu-se com as honras de que o fizeram alvo e retirou-se para o convento de S. Cláudio, onde morreu em odor de santidade.

TORCATO DE GUIMARÃES Bispo, Santo entre os séculos VII e VIII

Torcato nasceu no seio de uma família romana do nome de “Turquatus romanus”, que nesse longínquo tempo vivia em Guimarães, que alguns séculos mais tarde viria a ser a cidade berço do reino lusitano. Diz-se que desde a sua juventude deu mostras de grandes virtudes que o levaram a exercer funções de responsabilidade. Uma delas, que viria a ser deter-minante na sua vida, foi aquela de Arcipreste da Sé de Toledo, já então famosa. O seu comportamento neste cargo foi motivo de admiração e de respeito da parte dos grandes príncipes da Igreja de então que o nomearam Bispo de Iria Flávia, ou Padrão, diocese situada na actual Galiza. Para conseguir exercer o papel de bispo, rezou à Virgem Maria — da qual era muito devoto — e pediu-lhe que o ajudasse a ser um bom bispo e amigo dos pobres. A firmeza e a eloquência da sua doutrina e da sua sabedoria ressaltaram no XVI Concílio de To-ledo, em 693, que o aclamou Arcebispo de Braga e pouco tempo depois do Porto e de Dume. A vida da região corria pelo melhor até que em 711 os árabes muçulmanos entrando pelo sul da península ibérica — comandados por Murça, general enviado por Tarik — começaram a conquistar aquelas terras, espalhando o culto a Alá e a Moamé em todas as regiões submetidas. Todavia Torcato não era homem facilmente influenciável, nem desprovido de audácia: o que para ele contava, não era a sua própria vida, mas a vida das “ovelhas” que o Senhor lhe confiara e a propagação do Evangelho. Claro que o que devia acontecer, aconteceu mesmo: o encontro entre os dois chefes: Torcato e Murça. O encontro entre o islamismo — representado por Murça — e o cristianismo — representado por Torcato — aconteceu perto de Guimarães. Murça encontrava-se ali com um numeroso e aguerrido exército, enquanto Torcato de nada mais se podia prevalecer, salvo a sua fé inquebrantável e alguns — há quem diga 27 — companheiros na fé. Muça, após ter ouvido um discurso do Arcebispo, desembainhou a espada e desferiu um golpe fatal sobre Torcato, fazendo o mesmo aos companheiros. Este facto parece ter-se passado em 26 de Fevereiro de 719, segundo os historiadores que se debruçaram sobre este acontecimento. O corpo do santo Arcebispo foi encontrado, algum tempo mais tarde, num bosque, junto a um regato. Ao ser retirado — segundo a tradição conservada até aos nossos dias —, do meio das silvas e do monte de pedras (exumação) brotou uma fonte caudalosa que ainda hoje se conserva, conhecida como Fonte de São Torcato. No local foi erigida uma capelinha em honra do santo, que se encontra hoje sepultado em câmara de vidro, no Santuário de São Torcato. Composto a partir de diversos documentos.

ORAÇÃO DE TODOS OS DIAS - 28 DE FEVEREIRO

Pe. Flávio Cavalca de Castro, 
redentorista
Oração da manhã para todos os dias 
Senhor meu Deus, mais um dia está começando. Agradeço a vida que se renova para mim, os trabalhos que me esperam, as alegrias e também os pequenos dissabores que nunca faltam. Que tudo quanto viverei hoje sirva para me aproximar de vós e dos que estão ao meu redor.
Creio em vós, Senhor. Eu vos amo e tudo espero de vossa bondade.
Fazei de mim uma bênção para todos que eu encontrar. Amém.
As reflexões seguintes supõem que você antes leu o texto evangélico indicado.
28 – 3º Domingo da Quaresma – Santos: Justo, Romão, Serapião 
Evangelho (Lc 13,1-9) Jesus respondeu: − Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros, por terem sofrido tal coisa?” 
Há males que são consequências de nossos erros e pecados.
Em certo sentido poderiam ser considerados castigos. Há, porém, males e desastres que nos atingem sem culpa nossa ou de outros. De qualquer modo, não seríamos fiéis ao pensamento de Jesus se imaginássemos Deus como alguém sempre pronto a punir e castigar. Diante dos males que vemos, devemos reconhecer se há culpa nossa ou de outros, ou se estamos diante de forças ou falhas deste nosso mundo. Se de fato houve culpa humana, resta o caminho da conversão a que somos convidados. Se não houve culpa, essas tristes circunstâncias  podem ajudar-nos a perceber nossa fragilidade, a pedir que Deus nos ajude a evitá-las, e a fazer o que estiver ao nosso alcance para que não ocorram. 
Oração
Senhor meu Deus, somos fracos e limitados, sujeitos aos erros, às doenças e aos acidentes. Preciso de vossa ajuda para não pecar, mas preciso também de ajuda para evitar os perigos para minha saúde e a de meus irmãos. Preciso que me ajudeis e ajudeis também os médicos a encontrar os meios e remédios necessários. Aumentai minha confiança em vossa providência, e ensinai-me a ser previdente e cuidadoso no preparo de meu futuro. Diante de tantos males que vejo, preciso que me inspireis a assumir posições corretas na política, para não faltar a minha obrigação de amar o próximo. E não permitais que eu desanime e acabe pensando que não há saída possível. Quando chegar minha hora, espero que encontreis os frutos que esperais de mim. Amém.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

A história do dia – O CRI-CRI DO GRILO

PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio CSsR
Dois amigos passeavam por um dos logradouros mais barulhentos da cidade: zoada ensurdecedora de sirenes, buzinas, carros de propaganda, músicas a todo o volume e milhares de pessoas conversando ao mesmo tempo. No meio desse barulho atordoante, um dos amigos diz:
- Estou ouvindo um grilo cantar. 
- Não é possível nesse pandemônio de sons. 
Sem dizer nada, o amigo foi até um tufo de flores do jardim da praça, e após ligeira busca, tirou de lá um pequeno grilo. 
- Você tem ouvido de super-homem. 
- Meus ouvidos são iguais aos outros. 
É que o amigo era zoólogo. Caminhando mais para frente, deixou cair inadvertidamente algumas moedas na calçada. O barulho produzido pelas moedinhas fez com que vários transeuntes voltassem o rosto, curiosos para saber quem as deixou cair. 
- Você está vendo? O cri-cri do grilo não escutaram, mas o tinir fraquinho das moedas foi ouvido. Tudo depende do que é mais importante e interessante para você. 
Lição: Deus fala sempre conosco. Por que muitos e muitos não escutam? É porque não lhes interessa, voltados que estão sempre para as coisas materiais.- Enviada por: Luz Ma. Tinajero, México.
http://www.boletimpadrepelagio.org/

27 DE FEVEREIRO - GOSTAVA DE FESTAS, ATÉ QUE UM DIA..

O jovem Gabriel (1838-1862), órfão de mãe aos quatro anos, foi educado no amor à oração e ao estudo. Mas gostava de vestir-se bem, de ler romances, de dançar e festar. Era a atração da juventude feminina por causa de sua bela aparência física. Contudo, não deixava de ser um rapaz caridoso, estimado por todos. Numa palavra, um bom companheiro. Sentiu-se chamado para o convento, mas faltava o “empurrão” de Deus, o golpe final da Graça. Este veio quando perdeu sua irmã de quem tanto gostava. Aos 18 anos, desiludido das vaidades, entrou numa procissão onde iam levando a imagem de Nossa Senhora. Pareceu-lhe ouvir uma voz serena, a voz da virgem Maria, dizendo que aquele mundo não era para ele. Ingressou na Congregação dos Padres Passionistas. Mudou de nome. De Francisco que era, pois nasceu em Assis terra de São Francisco, passou a chamar-se Gabriel de Nossa Senhora das Dores. Sempre teve saúde fraca. Morreu tuberculoso antes de se ordenar padre, com com apenas 24 anos.
- Que ele proteja nossa juventude. Amém
PADRE CLÓVIS DE JESUS BOVO CSsR
Vice-Postulador da Causa
Venerável Padre Pelágio CSsR
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REFLETINDO A PALAVRA - “Justiça que é amor”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
569. O amor faz justiça.
            Nós temos uma imensa capacidade de amar. Amamos com os sentimentos, com o corpo, com as atitudes e com tudo que somos. Esse amor é tão grande que, mesmo sendo uma gota diante da imensidão do mar, torna-se com ele oceano. É tão grande que se funde com Deus. “Deus é amor: Quem ama, permanece em Deus e Deus nele” (1Jo 4,16). O amor de Deus não se reduz a um sentimento afetuoso de Pai. Ele é também justiça. É um amor que cria justiça. Essa é uma das quatro virtudes cardeais (prudência, justiça, fortaleza e temperança) que levam ao concreto as virtudes teologais (fé esperança e caridade). São cardeais, quer dizer gonzos, dobradiças que sustentam as portas que se abrem para a Vida. É uma virtude humana que se embebe da virtude espiritual. Não se trata somente de premiar o certo e dizer onde está o errado, mas de “dar a Deus o que é de Deus e dar ao próximo o que lhe é devido”. É uma virtude de promoção humana e espiritual. O amor se realiza na justiça. Ser justo é amar. Dizemos que amamos quando praticamos para com a pessoa amada, aquilo que lhe é devido, mesmo que seja dizer a verdade sobre seus atos e desviá-la dos maus caminhos. Não ama quem deixa que o outro se perca. Amar é dar vida. Justiça é preservar essa vida, mesmo à custa da própria vida. Dar a própria vida pela Vida não é só morrer por ela, mas dedicar-se, dia-a-dia, para que ela seja sempre mais conforme a verdade. Deus é justo quando acolhe cada um, perdoa o erro e cura os corações feridos. Jesus diz: “Não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo, 12,47). Quando dizemos que Deus castiga, na realidade queremos nos vingar com as mãos de Deus.
570. Olhos de justiça
            A gente ouve muito, no caso de crimes: “Eu só quero justiça”, isto é, que o outro pague. Certo! Mas, o melhor é mudar de atitudes. Precisamos de uma justiça que possa redimir vítimas e criminosos. Houve um caso na África do Sul: “Os pais de jovem estudante norte-americano Amy Biehl, morto em Gugulethu (Cidade do Cabo) não apenas perdoaram os jovens assassinos, mas criaram a Fundação Amy Biehl para ajudar os moradores do distrito a conseguir uma segunda chance na vida.  Disse a mãe de Amy Biehl: ‘Não tenho ódio no coração; mas o que me preocupa é como esses jovens poderão ser reintegrados na sua comunidade e reconstruir suas vidas’”. Ter olhos de justiça é ver os necessitados de vida.  O Reino de Deus inclui a solidariedade da justiça e do amor. Onde há injustiça, não há o Reino. Justiça é o respeito ao direito de Deus, das pessoas e da natureza.
571. Justiça inteligente
            A justiça não é cega, é inteligente, unida à sabedoria de Deus e promove as pessoas. Ela vem unida à caridade. Diz-se: “Faça o bem e não olhe a quem”. Às vezes estamos fugindo de assumir uma atitude concreta para o bem da pessoa. Descarrego a consciência e faço o outro pior do que antes. A justiça, filha da caridade, é fazer como fez o samaritano: foi até o final da situação o infeliz que caiu nas mãos do ladrão (Lc 10,29-37). Justiça é gerar fraternidade, abrir caminhos, promover o acolhimento. Tudo isso deve começar dentro de casa. Quanto sofrimento dentro das famílias, nos grupos sociais, nos relacionamentos trabalhistas e políticos! Jesus propõe o caminho das bem-aventuranças. Ser Igreja para fazer como fazem os “outros” é destruir o Reino de Jesus. Quem diz amar é diferente.

EVANGELHO DO DIA 27 DE FEVEREIRO

Evangelho segundo S. Lucas 15,1-3.11-32.
Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles». Jesus disse-lhes então a seguinte parábola: «Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos. Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gastado tudo, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’. Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa. Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’. Disse-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’». 
Da Bíblia Sagrada - Edição dos Franciscanos Capuchinhos - www.capuchinhos.org
Comentário do dia: 
São Romano, o Melodista (?-c. 560), compositor de hinos 
Hino 28, O Filho Pródigo 
«Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque o teu irmão [...] voltou à vida»
O filho mais velho, furioso, disse ao pai: «Há tantos anos que te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e [...] quando regressa esse pródigo, dás-lhe mais importância do que a mim.» 
Ao ouvir o filho falar assim, o pai respondeu-lhe com doçura: «Escuta o teu pai: tu estás comigo, porque nunca te afastaste de mim; não te separaste da Igreja; estás sempre presente a meu lado, com todos os meus anjos. Mas este regressou coberto de vergonha, nu e sem beleza, gritando: "Tem piedade! Pequei, Pai, e é como culpado que venho suplicar-te: aceita-me como um trabalhador da terra e dá-me alimento, porque Tu amas os homens, Tu que és o Senhor de todos os tempos" (Sab 1,6; 1Tim 1,17).» 
«O teu irmão gritou: "Salva-me, Pai santo!" [...] Como podia Eu deixar de ter piedade, deixar de salvar este meu filho, que gemia e soluçava? [...] Julga-Me, tu que me criticas. [...] A minha alegria eterna consiste em amar os homens. [...] Ele é uma criatura minha: como posso deixar de ter piedade dele? Como posso deixar de ter compaixão do seu arrependimento? As minhas entranhas geraram este filho de quem tenho piedade, Eu, que sou o Senhor de todos os tempos.»      
«Tudo o que eu tenho é teu, meu filho. [...] A tua fortuna não fica diminuída, porque não é dela que tiro para dar presentes a teu irmão. [...] Eu sou o único Criador de vós dois, o Pai único, bom, amoroso e misericordioso. Cubro-te de honras, meu filho, porque sempre Me amaste e serviste; dele, tenho compaixão, porque se mostra arrependido. Devias, pois, partilhar a alegria de todos os que convidei, Eu, que sou o Senhor de todos os tempos.» 
«Assim pois, meu filho, alegra-te com os convidados ao banquete e mistura os teus cantos aos dos anjos, porque o teu irmão estava perdido e foi encontrado, estava morto e, contra todas as expectativas, ressuscitou.» 
A estas palavras, o filho mais velho deixou-se convencer e cantou: «Gritai de alegria! "Felizes aqueles a quem foi perdoado todo o pecado e apagadas as faltas" (Sl 131,1). Eu Te louvo, ó Amigo dos homens, a Ti, que salvaste o meu irmão, a Ti, que és o Senhor de todos os tempos!»