sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Ó profundidade da riqueza!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Quem dizem ser o Filho do Homem?        
            Jesus está com os discípulos na região de Cesaréia de Filipe, longe do centro do país perto das fontes do Jordão. Era uma região pagã onde havia um templo para uma divindade chamada filho de deus. O texto do Evangelho de hoje afirma: o Filho de Deus é Cristo. Este texto de Mateus (16,13-20) é de grande importância na vida de Jesus e na caminhada dos cristãos. Está ocorrendo em Jesus uma profunda crise. Ele pergunta: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?”. Sua pergunta dá a impressão de que sua missão não está indo bem, pois está só, com o grupinho dos discípulos e o povo sem ter noção de quem ele é. E ainda por cima é entendido como um Messias político? Faliu? Por que Jesus necessita desta palavra dos discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. O discípulo é importante para ele. São fracos. Mas Jesus precisa de sua fé para realizar sua missão. Eles são a base. Jesus reconhece esta sua fé como importante para colocar os fundamentos de sua Igreja. A profissão de fé de Pedro não é só uma palavra impulsiva e espontânea. Ela é a união da frágil resposta humana e a forte intervenção espiritual de Deus no homem através do dom da fé. Pedro responde a Jesus: “Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo”.  Não diz o “Filho do Homem”. Jesus proclama a ação de Deus no ato de fé de Pedro: “Feliz és tu, Simão, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu” (Mt 16,17). Notamos aqui que a fé em Jesus não é uma opção humana, é fundada num dom de Deus. Para Jesus, a palavra de Pedro vem para Ele, da parte do Pai que, em seu momento difícil, o conforta através do discípulo. “Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e da ciência de Deus!” (Rm 11,33).
Construindo a Igreja
            A palavra de Pedro é rocha firme: “Por isso, eu te digo que és Pedro, e sobre esta pedra construirei minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la” (Mt 16,18). A condição humana do discípulo, que professa a fé, é para a Igreja, elemento necessário para a realização do projeto de Deus. Deus age através das pessoas. A comunidade nasce do reconhecimento de Jesus como Filho de Deus. Sem isso não se edifica como Igreja de Deus, mas como uma religião humana. A confissão de Pedro é forte como uma rocha. É  a sacramentalidade da Igreja: sinal sensível da graça salvadora. É tão firme que não há poder que a destrua. Não é ufanismo. É o próprio Jesus quem o garante. Jesus diz a Pedro que lhe dará as chaves do Reino dos Céus, no poder de ligar e desligar. O poder da Igreja de abrir as fontes da salvação e dizer onde ela não está. Preocupou-se muito com o poder das chaves, não o que estas chaves podem e devem abrir. Não é um poder humano, mas poder de abrir aos homens as riquezas de Deus e não de fechá-las. O que desliga? O que Jesus queria: não a visão política de sua missão, mas sim acolhê-lo como Filho de Deus na fé.
Estaca em lugar seguro 
Nada pode contra a Igreja. Ela é segurança para os povos. Prova disso são os contínuos ataques que sofre. Ela incomoda por sua capacidade transformadora. Ela é um prego fincado em um lugar seguro (Is 22,23). Sabemos o quanto as pessoas têm se debatido na procura de rumos para o mundo atual. As respostas apresentadas pela sociedade não se sustentam no respeito ao ser humano e a Deus. O lugar firme é a profissão de fé em Jesus, mesmo que seja silenciosa no coração, firmada na justiça e no amor. A Igreja professa a fé pelas palavras, mas deveria sempre acompanhar com a partilha da Eucaristia.

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