terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Um tesouro escondido”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Jogar tudo pelo Reino
            Jesus termina o discurso das parábolas. Depois de nos fazer conhecer o Reino, seu dinamismo e suas exigências, indica aos discípulos as condições para assumí-lo: Como o Reino é valor para nós, só seremos coerentes se investirmos tudo nele. Para isso, conta-nos mais três parábolas: o tesouro escondido e a pedra preciosa e conclui com a parábola da rede lançada ao mar, quer dizer, o resultado da escolha. O tesouro escondido é a Sabedoria divina, único tesouro que há em Deus. É inacessível. É o mistério de Deus. “É Cristo, sabedoria de Deus”, como escreve Paulo: “Para que cheguem à riqueza da plenitude do entendimento e à compreensão do mistério de Deus, Cristo, em quem se acham escondidos todos os tesouros da sabedoria e do entendimento” (Cl 2,2-3). Quem acha esse tesouro, considera tudo uma perda. Paulo escreve: “Tudo eu considero como perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por Ele, eu perdi tudo e tudo tenho como esterco para ganhar a Cristo”(Fl 3, 8). Se não chegarmos a esse “tudo”, jamais teremos o tesouro do Reino. Podemos ver quanto a fé, as realidade espirituais e os interesses de Deus estão fora de nossos interesse e valores. Servem quanto nos interessam. Isso é o que mata o Reino. A parábola da rede, que lançada ao mar e apanha peixes de todo o tipo, ensina que devemos fazer uma seleção. O que não é do Reino, fica descartado. Não está aí o mal de nossa prática cristã? Só é bom o que me interessa? O chamado que recebemos é de pegar a enxada da fé e escavar as Escrituras para aí encontrar o tesouro, Cristo. É maravilhoso poder sentir esse entusiasmo de deixar tudo por Cristo. Basta ver como os santos foram felizes com essa “loucura”. O tesouro não é uma aquisição de princípios, normas ou estilo. É uma vida que está dentro de mim. Paulo diz: “Para mim, viver é Cristo” (Fl 1,21).
Dai-me um coração compreensivo
            Viver Deus, como opção fundamental, é um dom a ser pedido. Conhecemos a revelação que Deus fez a Salomão, quando ainda jovem rei. Deus abre-lhe os tesouros: “Pede-me o que quiseres!”. Responde o rei: “Dá, pois, a teu servo, um coração compreensivo, capaz de governar o teu povo e de discernir entre o bem e o mal” (1Rs 3,5-12). Deus se “surpreende” porque ele não pediu riquezas e vitórias, mas sabedoria. Deu-lhe, então, “um coração sábio e inteligente” e com ele, tudo mais. Seu pedido é grandioso: A sabedoria de Deus. Procurar o tesouro, a pérola preciosa, é já sabedoria. É uma busca que deve preencher a vida. Como o tesouro não é um punhado de riquezas, mas é a riqueza, a busca vai ser eterna: Encontrar Deus é buscá-lo sempre mais. O salmo canta: “É esta a parte que escolhi por minha herança: observar vossa palavra” (Sl 118,57).
Ser conforme à imagem do Filho
            A busca do tesouro não é uma conquista de bens espirituais. Ela resulta na formação da imagem do Filho de Deus em nós, como escreve Paulo: “Pois àqueles que Deus contemplou com seu amor, desde sempre, a esses ele predestinou a serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8,29). Essa dimensão fundamental é o resultado da busca que fazemos de Deus, de viver a fé, e praticar a religião, chegar à salvação. A meta é nos tornarmos à imagem do Filho. Quanto mais unidos a Ele, mais daremos testemunho de sua Palavra e o Reino será anunciado e a salvação chegará aos confins da terra. Podemos repetir sempre: “Tu me deste um tesouro... ninguém mais o roubará! Precisamos reavivar a formação de nossa vida cristã para essa preocupação: ser imagem de Cristo.

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