chamada a “mãe dos pobres”.
Foi Joana Delanoue o último rebento de uma cadeia de doze filhos numa família modesta mas incansável no ofício de negociar, vendendo quinquilharias.
Nasce em Samur, França, a 18 de Junho de 1666.
Aos seis anos falece-lhe o pai. Sendo a mais nova de todos os irmãos, permanece demasiado agarrada à mãe e logo se inicia na venda de artigos religiosos, no seu comerciozito, junto ao santuário de Nossa Senhora dos Ardilliers.
Já mocinha, faz o comércio prosperar, com a simpatia, gentileza e rapidez com que serve toda a clientela. Quando ia nos seus vinte e cinco anos, morre-lhe a mãe, ficando ela com a pequena loja.
Se até aí, o seu dia a dia era azáfama e corrupio, actividade e lufa-lufa, desde então multiplicaram-se as tarefas, com um público cada vez mais desejoso dos seus serviços.
No inverno de 1693, era um dia extraordinariamente frio, passa junto dela uma piedosa mulher, que, mui devota de peregrinações, passava o tempo a correr de igreja em capela, de santuário em basílica. Depois de uma longa conversa, onde ventilou o sentido da vida, fá-la interrogar-se acerca da sua contínua e tão grande labuta, sobre a partilha dos bens, no meio da sua relativa prosperidade, e convida-a a rever a sua relação com os pobres, deixando-lhe, no final, um surpreendente recado: “Joana, - diz-lhe ela – entrega-te à caridade. Em São Florêncio, esperam-nos seis crianças pobres num curral”.
Atenta a esta notícia, fica espantada com tanta miséria e principia a tratar as crianças. Sem largar o seu negócio, mas tornada mais laboriosa e dedicada, entrega-se, com maior entusiasmo, a todos os indigentes. De tão grande ardor e cuidado põe-lhe o nome de mãe dos pobres.
Em 1670, abre a sua casa ao acolhimento dos órfãos, doentes e desvalidos.
O tempo começa a faltar-lhe para tanta lide e preocupação. Sem já poder acudir a tudo, deixa a loja a uma sobrinha e remodela a sua residência que vai servir para agasalhar mais de cem pobres.
Algumas jovens, ao repararem em tanta bondade e admiradas por tamanho mourejar, juntam-se a ela para a servirem. Uma delas é a sobrinha.
Em 1703, resolvem constituir-se em Congregação religiosa com o nome de Santa Ana da Providência. Pouco tempo depois, era aprovada pela autoridade eclesiástica.
Irmã Joana da Cruz, como se começa a chamar depois da profissão religiosa, aponta para as discípulas, suas seguidoras, um ideal novo: viver numa casa semelhante à dos pobres, assumir os seus costumes e até o trato a eles dado.
Gasto todo o seu dinheiro, enche-se de dividas, por tanto bem fazer. Não hesita. Põe-se a pedir, tornando-se mendiga, na sua própria terra, onde fora conhecida pela sua imensa prosperidade.
Críticas não faltam à sua volta, sobretudo, quando a vizinhança, admirada por quanto vê, se sente obrigada a dar-lhe esmola: “É muito exagerada na austeridade para com as irmãs, a sua caridade é desmedida, o tratamento dado aos indigentes é principesco...
Depois, desaba-lhe a casa que transformara em asilo...
Depressa nota não ser possível acomodar tão grande diversificação de gente, no mesmo edifício.
Pensa e abre um orfanato para crianças, ao qual se segue outro e mais outro.
A 17 de Agosto de 1736, cheia de trabalhos e méritos, com doze comunidades fundadas, parte para Deus, a receber a recompensa de tanta caridade.
Uma frase, por ela frequentemente repetida, resume o seu pensamento: “Quero viver e morrer com os meus irmãos, os pobres”.
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