“Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio. Recebei o Espírito Santo!” (Jo 20,21). A missão da Igreja continua a missão de Cristo com todo o poder que o Pai Lhe deu. Jesus enviou os discípulos que levaram o Evangelho a todos os cantos da terra. A missão continua. Com o Papa Francisco estamos sendo sacudidos para continuar esse modo de agir do Pai. Desde o Antigo Testamento contemplamos Deus enviando. Enviou Abraão quando lhe diz: “Deixa o teu país, tua parentela e a casa de teu pai e vai para o país que te mostrarei” (Gn 12,1). Lemos no livro do Êxodo que Moisés ouviu a chamada “Vai! Eu te envio” (Ex 3,10). Disse aos profetas, como a Ezequiel: “Filho do homem, Eu te envio aos filhos de Israel” (Ez 2,3); Como a Jeremias: “Irás onde eu te enviar” (Jr 1,7). O Papa evoca uma palavra diferente para esse movimento. Emprega o termo “saído” – uma Igreja em saída. O movimento de condução e orientação do povo parte sempre de um enviado de Deus. Agora somos estimulados a uma nova saída missionária. Depois de anos sentados no “berço esplêndido” da cristandade, chegamos a um ateísmo absurdo no primeiro mundo, um crescimento de seitas cristãs ou outras fontes, um cristianismo acomodado ou até pervertido por ideologias e indiferentismo de fé e moral. No século XIX houve um grande movimento missionário que continuou no século XX. Era para a evangelização dos povos novos para a Igreja. O vigor missionário se enfraquece também a título de respeito a outras culturas. Mas os povos não são um museu que atiça a curiosidade turística. Eles têm o direito de ouvir o anúncio evangélico. A evangelização será coerente se respeitar as culturas, como o fez Jesus. Não se pode impor uma cultura, mas levar o Evangelho.
Alegria de partir
Quando temos que partir para longe e viver em situações difíceis, há sempre o medo do diferente. Por outro lado há uma alegria de perceber o quanto nos enche o coração doar a vida, acolher a novidade como um dom, enriquecer-se com as outras culturas. Mesmo em situações difíceis, é melhor que ficar acomodado. É uma aventura espiritual que se une a tantas descobertas humanas. Quem vai a uma missão não retorna empobrecido e sim, enriquecido humana e espiritualmente. Os discípulos voltaram cheios de alegria da missão que realizaram (Lc 10,17). A alegria não é uma satisfação humana somente, mas espiritual, pois o Espírito nos faz perceber evangelho frutificar (EG,21). O próprio Jesus tem um momento de forte manifestação espiritual: “Naquele momento Jesus exultou de alegria sob a ação do Espírito Santo e disse: ‘Eu Te louvo, ó Pai... porque ocultastes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos”’ (Lc 10,21). As sementes do Evangelho não dependem só de nós e de nossa sabedoria. A Palavra possui uma potencialidade que não podemos prever. Não estão em jogo somente nossas forças e sabedoria.
Alegria aberta a todos.
O Papa insiste nessa saída missionária: “Fiel ao modelo do Mestre, é vital que hoje a Igreja saia para anunciar o Evento a todos, em todos os lugares e, em todas as ocasiões, sem demora, sem repugnâncias e sem medo. A alegria é para todo povo. Ninguém pode ficar excluído” (EG 23). Temos uma Igreja dos centros. As periferias ficam abandonadas, vítimas de aproveitadores. As celebrações bonitas são feitas só nas catedrais e matrizes aonde o povo não vai. Não se deve abandonar o centro, mas levar o centro a sustentar as periferias e lugares abandonados. Nossos “bons cristãos” dos centros não se fazem missionários. Por isso essas comunidades também enfraquecem.
ARTIGO PUBLICADO EM OUTUBRO DE 2014
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