Evangelho
segundo S. Lucas 16,9-15.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Arranjai
amigos com o vil dinheiro, para que, quando este vier a faltar, eles vos
recebam nas moradas eternas. Quem é fiel nas coisas pequenas também é fiel nas grandes; e quem é injusto nas
coisas pequenas, também é injusto nas grandes.
Se não fostes fiéis no que se refere ao vil dinheiro, quem vos confiará o
verdadeiro bem? E se não fostes fiéis no bem alheio, quem vos entregará o que é vosso? Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque, ou não gosta de um deles e
estima o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a
Deus e ao dinheiro». Os fariseus, que eram amigos de dinheiro, ouviam tudo isto e escarneciam de
Jesus. Então Jesus disse-lhes: «Vós quereis passar por justos aos olhos dos homens,
mas Deus conhece os vossos corações. O que vale muito para os homens nada vale
aos olhos de Deus».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja
Escritos morais sobre Job, 34
«Nenhum servo pode servir a
dois senhores»
Querer pôr a esperança e a confiança em bens
passageiros é querer fazer fundações em água corrente. Tudo passa; Deus
permanece. Agarrarmo-nos ao que é transitório é desligarmo-nos do que é
permanente. Quem é o homem que, levado no turbilhão agitado de um rápido,
consegue manter-se firme no seu lugar, no meio dessa torrente fragorosa? Se não
quisermos ser levados pela corrente, temos de nos afastar de tudo o que corre;
senão, o objeto do nosso amor constranger-nos-á a chegar ao que precisamente
queremos evitar. Aquele que se agarra aos bens transitórios será certamente
arrastado até onde vão ter essas coisas a que se apega.
A primeira coisa a fazer é pois abstermo-nos de amar os bens materiais; a
segunda, não pormos total confiança naqueles bens que nos são confiados para
serem usados e não para serem desfrutados. A alma que se prende aos bens
perecíveis cedo perde a sua estabilidade. O turbilhão da vida atual arrasta
quem nele se deixa ir, e é uma tonta ilusão aquele que é levado nesta corrente
querer manter-se de pé.
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