A
singeleza da narrativa da visita dos pastores e circuncisão de Jesus revelam
profundas verdades de nossa fé. Ele, Filho de Deus encarnado, passa pelo rito
da circuncisão. Este era o rito pelo qual o homem passava a fazer parte do povo
de Deus, povo da aliança. O sangue derramado no rito coloca-O em união ao
sangue da aliança que Deus fez com seu povo. Este sangue O faz participante da
Páscoa. Sua última Páscoa foi também selada pelo sangue que derramou na Paixão e
se torna a Páscoa nova e eterna da qual participamos. Ele inicia o novo povo
nascido do sangue da Aliança e das águas do Batismo. Neste rito da circuncisão
lhe é dado o nome como o Anjo Gabriel dissera: Ele se chamará Jesus (em
hebraico – Jehshu’ah). Deus pode revelar o seu Nome. O nome significa sua
missão: “pois salvará seu povo de seus pecados” (Mt 1,21). No nascimento houve a visita dos
pastores, os humildes do povo. Estes Seus prediletos foram os primeiros a
receber a notícia de Seu nascimento e os primeiros a acorrerem à manjedoura. Os
humildes pastores, chamados pelos donos do poder de gente suja que não conhece
a lei, encontram Maria e José e o Recém-Nascido deitado na manjedoura. Maria, a
Mãe, tem a grande missão de apresentar o Menino, como veremos também na
narrativa dos Magos. Estes homens simples eram cheios da sabedoria de Deus. Na
celebração do Natal Deus não só revelou Seu nome, mas mostrou Sua face. A festa
da Maternidade Divina, na qual professamos nossa fé no Deus feito Homem,
podemos chamar Maria de Mãe de Deus e nossa, pois é Mãe de nosso Irmão. Jesus
nasceu de uma mulher, aqui no sentido de mulher hebréia, pois era ela quem dava
ao filho a raça de Abraão, pai do povo. Ter nascido de uma hebréia era condição
fundamental para ser hebreu. Era Filho de Deus sujeito à lei para resgatar e dar
a adoção de filhos (Gl
4,4-5). Por isso, Nele somos filhos adotivos. Deus enviou aos nossos
corações o Espírito de seu Filho, que clama Abba isto é, Papai (6). Por isso também,
como irmãos de Jesus podemos chamar Maria de Mãe de Deus e nossa Mãe.
1209.
Sob o olhar de Deus
O
Deus de ternura e bondade quer estar conosco todos os dias e por isso,
manda que Moisés ensine Aarão e seus filhos sacerdotes a abençoarem o povo:
“Dizei-lhes: ‘O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a
sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti seu rosto e te dê a paz! (Nm 6, 24-26). Toda
bênção é uma manifestação de Deus. Bendizemos a Deus e Ele manifesta sua Glória
e participação de sua Santidade. Colocando esta bênção no início do Novo Ano,
estamos vendo que o olhar de Deus está sempre voltado para nós. A maior bênção
que possamos ter é sentir que Deus cuida nós com carinho como uma mãe que tem
sempre os olhos ocupados com o bem estar do travesso menininho. Deus não nos
olha para castigar, mas olha para amar.
1210.
Voltaram glorificando a Deus.
Os pastores, depois do anúncio do
Anjo, dizendo que havia nascido o Salvador, Cristo-Senhor, dá o sinal:
“Encontrareis um recém-nascido envolto em faixas e deitado numa manjedoura” (Lc 2,11-12). E os
anjos cantam: “Glória a Deus nas Alturas e paz na terra aos homens que Ele ama”
(13). Não é uma
narração ingênua. É uma solene profissão de fé no Deus feito Homem, que nasceu,
morreu e ressuscitou (por isso as faixas) para a glória do Pai. Os pastores
continuam dando glória a Deus. Esta é a atitude que deve permanecer como
resultado da bênção: dar glória a Deus. Isso será nossa bênção.
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