PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
“Cristo, Rei do Universo”
Um Rei Pastor
Em 1925, o Papa Pio XI instituiu a festa de
Cristo Rei para fazer frente às crises em que vivia o mundo. Esta festa era celebrada
no último domingo de outubro. A reforma litúrgica a transferiu para o último
domingo do ano litúrgico. Antes tinha um caráter político para contrapor o
Reinado de Cristo aos “reinos” desse mundo. A sociedade cristã se desfazia.
Houve muito entusiasmo. O grito viva Cristo Rei era o grito dos mártires da
revolução mexicana. A mudança tirou o aspecto mais político para colocar Cristo
como meta de todas as coisas: “É preciso que Ele reine até que todos os seus
inimigos estejam colocados debaixo de seus pés... Quando todas as coisas
estiverem submetidas a Ele, então o próprio Filho se submeterá Àquele que submeteu
todas as coisas, para que Deus seja tudo em todos” (1Cor 15,25-28). A realeza de Cristo diverge
das realezas do homem. Nem deveríamos chamá-Lo de Rei, pois Ele é o Pastor que
conduz e dá a vida pelas ovelhas. É no serviço aos outros que será feito o
julgamento dos povos. Seremos julgados pelo que fizemos aos irmãos, ou não fizemos.
O que o Juiz perguntará? Sintetizando: socorreram os necessitados em suas
dificuldades? Que dificuldades? Fome, sede, saúde, migrante, prisioneiros, nús
(símbolo da total miséria). São os problemas fundamentais do ser humano. Um
bilhão sem a comida necessária. Meio bilhão não tem acesso à água potável. São
sessemta milhões de refugiados. São dez milhões e quinhentos mil prisioneiros
no mundo. O mundo está doente E quatrocentos milhões não têm acesso a
tratamentos. O que fazemos a um necessitado é a Cristo que o fazemos. A
garantia do Céu está em nosso modo de cuidar de Deus no outro.
Ele nos
conduz
Como cuidamos de Jesus, cuidando de seus pequeninos,
Ele cuida de nós que somos suas “ovelhas”. Nada deixa faltar. Ele é o bom
Pastor. Como nos conhece bem, sabe do que precisamos, exige de nós o mesmo
cuidado com os outros. Por isso é duro na cobrança de nossas atitudes e nossas opções
vitais. O salmo do bom Pastor é o reverso do julgamento: cuida de cada um, dá
condições de vida digna, água, alimento, segurança, carinho e cuidado. O
profeta Ezequiel diz o mesmo o que canta o salmo: reúne, resgata nos dias de
escuridão. Cuida, busca a ovelha perdida e a extraviada, enfaixa a de perna
quebrada trata bem das ovelhas fortes. E aplica a justiça na sua defesa. A
imagem que Deus sugere de Si a nós, é da águia que leva os filhotes sobre as
asas (Dt 32,11).
O cuidado de Deus para com seus pequeninos é a escola para a vida da Igreja e
para a preparação do grande julgamento. Aí poderemos ouvir as palavras: “Vinde
benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que o Pai vos preparou desde
a criação do mundo” (Mt
25,34).
Tudo
converge a Cristo
No
cristianismo primitivo ainda havia dificuldade em aceitar muitas doutrinas
porque estavam ainda marcados pelas filosofias dominantes. Por isso Paulo
insiste sobre a ressurreição de Jesus e a
ressurreição de todos. É só nela que toma sentido toda a obra de misericórdia
que nos é ensinada pelo evangelho. A ressurreição de Cristo tem efeitos na
ressurreição das misérias do homem. Sempre pensamos que a ressurreição só se
dirige a corpos. Ela está em todos os momentos da vida. “Em Cristo todos
reviverão”. Mais ainda: “O último inimigo a ser vencido é a morte” (1Cor 15,22.26).
Quanto mais salvamos o homem que sofre, mais o conduzimos Cristo em sua
ressurreição. Estamos brincando de religião e fé, quando não fazemos como Jesus
ensinou sobre como devemos agir no amor.
Leituras: Ezequiel
34,11-12.15-17; Salmo22; 1 Coríntios 15,20-26.28; Mateus 25,31-46
1. O
evangelho do julgamento ensina o modo de viver: cuidado com os irmãos que vivem
as dolorosas situações de miséria.
2. Jesus,
bom pastor, quer que cuidemos dos outros, como cuida de nós.
3. A
ressurreição da humanidade não se dá só no final dos tempos, mas em cada
momento que libertamos a pessoa dos males que a cercam.
Atalho para o Céu
Todos querem ir
para o Céu, nem mesmo sabendo como será. Bom deve ser, pois ninguém voltou
desiludido. Aliás, até nos animam a viver como viveram para chegar lá.
Muito
se fala que o fim do mundo vai chegar. O problema não é o fim, é o meio. Nesse
meio está o julgamento. Não vai ser uma sessão, mas uma vida fazendo o bem. Foi
assim que Jesus ressuscitou e foi colocado pelo Pai “lhe deu um nome que está
acima de todo nome” (Fl
2,9-11).
Já
está programada a sessão em que seremos julgados e as perguntas do Juiz serão
as mesmas para todos: Eu tive fome e me destes de comer? Sede e me destes de
beber? Estrangeiro e me recebestes? Nu e me vestistes? Doente e prisioneiro e
me fostes visitar? – Quando Vos vimos assim não ajudamos? Quando não fizestes
isso aos meus irmãos menores, a mim não fizestes.
Essas
questões apresentadas são a síntese dos problemas do mundo atual e suas soluções.
Isso
é muito sério. Anda-se pregando que basta crer em Jesus ou cumprir umas
devoções egoístas. Vai... vai ver o que vai acontecer. Construímos nosso
Céu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário