Evangelho
segundo S. Lucas 17,20-25.
Naquele tempo, os fariseus perguntaram a Jesus quando
viria o reino de Deus e Ele respondeu-lhes, dizendo: «O reino de Deus não vem
de maneira visível, nem se dirá: ‘Está aqui ou ali’; porque o reino de Deus está no meio de vós». Depois disse aos seus discípulos: «Dias virão em que desejareis ver um dia do
Filho do homem e não o vereis. Hão de dizer-vos: ‘Está ali’, ou ‘Está aqui’. Não queirais ir nem os sigais. Pois assim como o relâmpago, que faísca dum lado do horizonte e brilha até ao
lado oposto, assim será o Filho do homem no seu dia. Mas primeiro tem de sofrer muito e ser rejeitado por esta geração».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São João Cassiano (c. 360-435), fundador de mosteiro em Marselha
Conferências, n.º 1
O Reino de Deus no meio de
nós e dentro de nós
A meu ver, seria indigno afastarmo-nos da
contemplação de Cristo, nem que fosse um momento. Quando a nossa vida começar a
desviar-se deste objetivo divino, voltemos para ele os olhos do nosso coração e
remetamos novamente para ele o olhar do nosso espírito. Tudo repousa no
santuário profundo da alma; quando o demónio é dele expulso e o mal deixa de
reinar, o reino de Deus estabelece-se em nós. Mas «o reino de Deus», escreve o
evangelista, «não vem de maneira visível; [...] porque o reino de Deus está no
meio de vós». Ora, em nós não pode haver senão ignorância ou conhecimento da verdade, amor do
vício ou da virtude, pelos quais entregamos o reinado do nosso coração ao
demónio ou a Cristo. O apóstolo Paulo, por sua vez, descreve assim a natureza deste reino: «o Reino
de Deus não é uma questão de comer e beber, mas de justiça, paz e alegria no
Espírito Santo» (Rom 14,17). Assim, pois, se o reino de Deus está dentro de nós
e consiste em justiça, paz e alegria, quem permanece nestas virtudes está sem
dúvida no reino de Deus. [...] Elevemos o olhar da nossa alma para este reino,
que é alegria sem fim.
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