O
século III talvez tenha sido o mais trágico palco em que se desenrolou o
drama da perseguição e extermínio de cristãos. O vilão desse drama era o
imperador romano, tirano, cruel e violento. Defender o cristianismo,
naqueles tempos, era atrair para si a ira dos poderosos, no mínimo a
prisão e o trabalho escravo, quando não o exílio e, quase sempre, a
morte. E assim, como o Povo de Deus nunca temeu sacrificar-se em nome da
fé em seu Redentor, foi um tempo em que floresceram milhares de
mártires. Figuras da maior relevância pela inteligência, cultura e
santidade perderam a vida em defesa de sua fé cristã, combatendo a
ignorância pagã, instrumento de domínio dos mandantes. Uma delas foi
Pedro, patriarca de Alexandria, que foi consagrado no ano 300. Era
admirado por todos de seu tempo, por seu vasto saber científico e
filosófico e pelo profundo conhecimento das Sagradas Escrituras. Sob sua
responsabilidade estavam as igrejas do Egito, da Tebaida e da Líbia,
todos territórios de muita perseguição ao seu rebanho. Mas quanto maior o
perigo, mais firmeza demonstrava Pedro. Consolava os perseguidos,
acolhia e protegia os que mais sofriam, dava exemplos diários de coragem
e perseverança. Porém o patriarca Pedro não enfrentou somente as feras
do paganismo. Também teve de lutar contra as forças opositoras que
surgiram dentro da própria Igreja cristã, corroendo-a internamente.
Enfrentou tudo com tolerância e benevolência, mas com firmeza. Apenas
exigiu que os bispos vivessem com o mesmo rigor a fé cristã e a mesma
retidão de caráter e disciplina de vida que ele próprio se impunha, não
almejando, apenas, posição e os bens materiais. Os bispos Melécio e Ário
logo começaram um movimento radical contra ele, visando o seu
afastamento e o seu posto episcopal. Pedro, então, convocou um Concílio e
ambos foram afastados da Igreja. Aí começou a verdadeira guerra contra o
patriarca. Os dois bispos negaram-se a reconhecer o poder do Concílio,
continuaram suas atividades episcopais e, em represália, passaram a
pregar contra a Igreja. Isso causou um cisma na Igreja, isto é, uma
divisão que durou cento e cinquenta anos e que ficou conhecido como o
"Cisma Meleciano". Então, denunciado por Ário, Pedro acabou preso e
condenado à morte. Aliás, o imperador aproveitou-se da situação para
eliminar aquela incômoda liderança e autoridade católica. A antiga
tradição diz que, na véspera da execução, Cristo apareceu-lhe numa
visão, na forma de um menino que tinha a túnica rasgada de alto a baixo.
Disse-lhe que o responsável por aquilo era Ário, que dividira sua
Igreja ao meio. Assim, antes de morrer, ele viu sua doutrina confirmada.
Foi decapitado em 25 de novembro de 311 por opor-se ao cisma de Melécio
e pela fé em Cristo. Texto: Paulinas Internet
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