Evangelho
segundo S. Mateus 5,1-12a.
Naquele tempo, ao ver as multidões, Jesus subiu ao monte e
sentou-Se. Rodearam-n’O os discípulos, e Ele começou a ensiná-los, dizendo:
«Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos Céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.
Bem-aventurados os humildes, porque possuirão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que sofrem perseguição por amor da justiça, porque deles é o
reino dos Céus.
Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos
perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja
Homilia 14 sobre o Evangelho
«Deles é o reino dos Céus.»
Jesus disse no Evangelho: «As minhas ovelhas
escutam a minha voz, Eu conheço-as, elas seguem-Me e Eu dou-lhes a vida eterna»
(Jo 10,27). Um pouco antes, tinha dito: «Se alguém entrar por Mim, será salvo;
entrará e sairá e encontrará pastagem» (v. 9). Porque entra-se pela fé, mas
sai-se da fé pela visão face a face; passando da crença à contemplação,
encontraremos pastagens para o repouso eterno.
São pois as ovelhas do Senhor quem tem acesso às pastagens, porque aquele que
sai na simplicidade de coração recebe em alimento uma erva sempre verde. E
estas pastagens das ovelhas são as alegrias profundas de um paraíso sempre
verdejante. A pastagem dos eleitos é o rosto de Deus presente, contemplado numa
visão sem sombra; a alma sacia-se sem fim deste alimento de vida.
Nestas pastagens, os que escaparam à rede dos desejos deste mundo são cumulados
eternamente. Ali, canta o coro dos anjos, ali são reunidos os habitantes dos
céus. Ali, há uma festa alegre para os que regressam, depois dos seus
trabalhos, de uma triste estadia no estrangeiro. Ali se encontram o coro dos
profetas de olhos penetrantes, os doze apóstolos juízes, a armada vitoriosa dos
inúmeros mártires, tanto mais felizes quanto foram aqui em baixo duramente
afligidos. Nesse lugar, é recompensada a constância dos confessores da fé. Ali
se encontram os homens fiéis a quem os prazeres deste mundo não puderam
amolecer a força de alma, as santas mulheres que venceram toda a fragilidade ao
mesmo tempo que a este mundo; ali estão as crianças que pela sua maneira de
viver se elevaram acima dos seus anos, os anciãos que a idade não pôde
enfraquecer aqui em baixo e que não perderam a força para trabalhar. Irmãos bem
amados, ponhamo-nos em busca dessas pastagens, onde seremos felizes na
companhia de tantos santos.
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