Martirológio Romano: Perto da fonte na localidade Holywell em Gales, Santa Vinifrida, virgem, venerada como ilustre monja.
Santa Vinifrida (Gwenfrewi, Winifred ou Winifrid) foi uma monja do século VII no País de Gales, Reino Unido. De acordo com a legenda, era a única filha de Thevith rico conselheiro do rei. Foi discípula de seu tio materno, São Beuno, o mais famoso dos santos de Gwynedd. Os pais de Vinifrida doaram um terreno para que São Beuno construísse uma igreja e um mosteiro. E ficaram muito satisfeitos quando souberam que a jovem desejava tornar-se monja.
Um domingo, estando ela sozinha em sua casa, enquanto seus pais tinham ido à Missa, Caradoc, filho de um príncipe da vizinhança, tendo estado a caçar, parou ali em busca de água. Encontrando a jovem sozinha, tentou seduzi-la. Vinifrida fugiu para a igreja de seu tio perseguida pelo furioso Caradoc. Mas o príncipe alcançou-a perto da entrada da igreja e cortou sua cabeça. São Beuno, vindo da igreja, amaldiçoou o assassino Caradoc, que a terra engoliu. O Santo então rezou a Deus, tomou a cabeça, a benzeu e a menina ressuscitou. A jovem ficou para sempre com um sinal ao redor da garganta como a testemunhar o milagre que Deus operara.
Vinifrida tornou-se monja e abadessa em Gwytherin, onde morreu. Sua sepultura foi local de peregrinação até suas relíquias serem transferidas para Shrewsbury em 1138.
Após a sua ressurreição, Vinifrida sentou-se com São Beuno na pedra ainda hoje conhecida por seu nome. Foi ali que ele disse que qualquer um que procurasse ajuda com orações nesse ponto a encontraria. No local onde a cabeça de Vinifrida tombara surgiu uma nascente, mais tarde um poço foi construído ali.
Desse dia em diante o povo visita o poço de Santa Vinifrida em peregrinação, pois eram – e ainda são – muitas as curas que obtidas de Deus pela intercessão de Santa Vinifrida.
Santa Vinifrida é mais do que uma legenda. Sua “Vida” não foi escrita até o século X, mas na verdade a tradição sobreviveu e foi descoberta pelos autores medievais. Vinifrida foi relacionada com a família real de Powysian. Beuno era realmente seu tio e Santa Theonia, a quem sucedeu como abadessa em Gwytherin, era sua tia-avó. Estes relacionamentos familiares colocam Vinifrida firmemente dentro da tradição histórica de Gales. O fato de Vinifrida ter um irmão, Owain, que matou Caradoc por vingança, indica que qualquer que tenha sido a verdade exata de sua morte e ressurreição, ela tem base em fato histórico.
Recentemente um relicário do século oitavo contendo um fragmento do caixão de Vinifrida foi encontrado, testemunhando ser ela reconhecida como santa logo depois de sua morte em 655, o que evidencia a fama de sua santidade em todo o País de Gales.
Holywell
Holywell incorpora a história escrita em 1093. Em 1240, o príncipe Dafydd ap Llewelyn de Gales, uma vez mais no controle desta região, deu ao Poço de Santa Vinifrida uma igreja e uma abadia de nome Basingwerk, e os monges Cistercienses passaram a cuidar do Poço e de seus peregrinos até a Reforma Protestante.
A fama de Vinifrida, e com ela a do Poço, continuou a se espalhar durante toda a Idade Média, mas pouco é registrado sobre a peregrinação. Por volta de 1415 sua festa tinha-se transformado em solenidade principal em todo o País de Gales e na Inglaterra. Os reis eram contados entre seus peregrinos. Henrique V lá esteve em 1416. Ricardo III manteve um sacerdote no Poço. Mas foi durante o reinado de Henrique VII, o Galês, que a devoção alcançou seu apogeu com a construção da capela sobre o Poço, a qual se deve ao patrocínio da mãe de Henrique, Margaret Beaufort.
No século XIX, após a Emancipação Católica, foram os Jesuítas que passaram a dirigir o renascimento espetacular da peregrinação. Uma igreja construída na cidade nos anos 1840's era constantemente ampliada e enriquecida. Um hospital para peregrinos foi erigido pouco depois. E sob o Pe. Beauclerk a peregrinação sofreu uma revitalização de proporções medievais. Os peregrinos vinham literalmente aos milhares, necessitando a construção de uma linha de trem para a cidade.
A imprensa popular noticiou cada cura relatada e eram em tal número, que Holywell veio a ser chamada a "Lourdes de Gales". Apesar das alterações dos padrões de peregrinação, causadas pela secularização crescente da vida nos séculos 20-21, e pelas mudanças devocionais dentro do Catolicismo, a herança dos Jesuítas continua: as pessoas ainda vêm em peregrinação a Holywell.
A Tradição de Cura de Holywell
Há l.350 anos pessoas banham-se no Poço de Santa Vinifrida. E ainda o fazem hoje: os peregrinos passam três vezes pela pequena sala de banho interna, rezando um terço do Rosário; depois entram na piscina exterior, para terminar suas orações ajoelhando-se na pedra de São Beuno. Alguns rezam por uma cura, muitos oferecem o desconforto das águas geladas por amigos, ou simplesmente em honra de Santa Vinifrida, ou como um gesto de gratidão.
Este ritual é tão velho quanto a própria peregrinação. “Maen Beuno”, a pedra de Beuno, conecta-nos diretamente com a época de Santa Vinifrida. As "Vidas" medievais relatam que São Beuno sentou-se nesta pedra quando disse a Vinifrida que qualquer um que viesse ao Poço e que pedisse algo em seu nome, “poderia receber uma resposta a seu pedido pelo menos na terceira vez”.
Até os anos 1960s a cripta foi entulhada pelas muletas deixadas por peregrinos curados. Cartas seculares testemunham o poder de Deus e dos seus Santos neste lugar; registros de curas não só de católicos, mas de protestantes, e até daqueles sem nenhuma fé. Um testemunho, tocante em sua simplicidade, num pedaço de papel deixado no Poço há 100 anos, pode simbolizar todo o resto:
Um pai protestante deseja agradecer a Deus que através do uso da água de Sta. Winifred sua filha única foi curada milagrosamente três anos atrás de uma séria doença que tinha resistido aos esforços de diversos doutores & amigos pelo período de três anos e meio.
Assinado, C.T. Longley
O Poço de Santa Vinifrida (Holyweel) |
Etimologia: Winifred é um nome inglês, alemão e galês de origem celta e galês antigo. Segundo raízes celtas, seu significado é "reconciliação abençoada, amiga da paz". O nome deriva de Grenfrewi, no qual o elemento “gwen” significa branca, santa, abençoada e “frewi” é a modificação do inglês antigo Wynfrith, cujos elementos "wynn" and "frith" significam paz, proteção, segurança.
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