domingo, 24 de novembro de 2024

Beata Maria Ana Sala

Virgem da Congregação das 
Irmãs de Santa Marcelina. 
Consagrou-se totalmente 
à educação das meninas, 
em Milão, Itália (1891)
A Irmã Maria Anna Sala ensina-nos a heroica fidelidade ao particular carisma da vocação. Tendo entrado para as Irmãs Marcelinas aos 21 anos, compreendeu que o seu ideal e a sua missão deviam ser unicamente o ensino, a educação, a formação das meninas na escola e na família. A Irmã Maria Anna foi, simples e totalmente fiel ao carisma fundamental da sua Congregação. Três grandes lições brotam da sua vida e do seu exemplo: a necessidade da formação e da posse de um bom caráter, firme, sensível e equilibrado o valor santificante do empenho no dever assinalado pela obediência e a importância essencial da obra pedagógica. A Irmã Maria Anna quis adquirir aptidões do mais alto grau, convencida que tanto se pode dar quanto se possui; e apaixonou-se do seu cargo de mestra, santificando-se no cumprimento do próprio trabalho quotidiano. Pôs em prática a mensagem de Jesus: “Quem é fiel no pouco também é fiel no muito” (Lc 16, 10). Aprendam da nova Beata, sobretudo as Religiosas, a estarem alegres e serem generosas no seu trabalho, embora oculto, monótono e humilde. Aprendam, todos aqueles que se dedicam à obra educativa, a não se amedrontarem nunca com as dificuldades dos tempos, mas a empenharem-se com amor, paciência e preparação, na sua tão importante missão, formando as almas e elevando-as aos supremos valores transcendentes. Particularmente hoje a Escola precisa de educadores prudentes, sérios, preparados, sensíveis e responsáveis. 
Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 26 de outubro de 1980 
Em Brivio, às margens do Rio Adda, no território de Lecco, no dia 21 de abril de 1829, nasceu Maria Ana, a quinta de 8 filhos de João Maria Sala e Joana Comi. Maria Anna foi batizada na paróquia vizinha no dia do seu nascimento. Seu pai, homem de grande fé e trabalhador, comerciante de madeira, possuía no centro da cidade uma casa cômoda, e nesta casa Maria Anna nasceu e cresceu como seus irmãos no afeto do lar, num clima de paz e serenidade. Na sua infância pura e simples alimentou sua profunda piedade com assíduo estudo das verdades da fé, sempre presentes em sua lúcida inteligência. Particularmente caro à devoção de Maria Anna quando criança foi um pequeno santuário, oratório de São Leonardo, um pouco fora da cidade, onde se venerava urna imagem de Nossa Senhora. Diante desta imagem Maria Anna e uma de suas irmãs se prostraram numa ardente prece num momento de grande dor para o seu coração de criança: a enfermidade da mãe. Enquanto as crianças rezavam – como mostra um quadro votivo da família Sala – a enferma se sentiu curada, com íntima certeza de haver visto junto a si a Virgem Maria abençoando-a. Era recente a fundação de um Instituto feminino, o das Marcelinas, o objetivo do Instituto era educar as jovens à luz da fé cristã, segundo programas sólidos de ensino, sem deixar de lado as atividades domésticas. As Marcelinas abriram, em 1841, um segundo Colégio em Vimercate, e neste Colégio João Maria Sala quis que suas filhas, Maria Anna, em seguida Genoveva e Lúcia, completassem seus estudos. Maria Anna distinguiu-se como aluna exemplar e em 1846 conseguiu, com ótimos resultados, o diploma de professora primária. No ativo recolhimento do Colégio, encontrou um tesouro superior àquele que os títulos de estudo lhe asseguravam: acolhera no coração o chamado de Cristo à vida consagrada, apostólica e evangelizadora, como suas educadoras, das quais admirara o zelo e a piedade. Ao chamado de Cristo, Maria Anna respondeu com o seu «sim» total, tendo, porém, que esperar dois anos antes de realizar seu desejo. No dia 13 de fevereiro de 1848, Maria Anna voltou ao Colégio de Vimercate como aspirante à vida religiosa. Após o noviciado, pronunciou os votos por ocasião da aprovação canônica da Congregação: 13 de setembro de 1852. Começou então a vida da Irmã educadora, heroica na monótona fadiga do dia a dia, na observância regular que a levou, através de um exercício humilde e ininterrupto das virtudes cristãs, à única e verdadeira realização da existência humana: a santidade. O campo de seu fecundo apostolado foram os Colégios de Cernusco, Milão; Via Amedei, Genova e, durante as férias de outono, Chambéry, na Savoia. Por fim Milão, na então casa geral de Via Quadronno. A perfeita obediência de Irmã Maria Anna Sala não se manifestou só no acolhimento dócil dessas transferências, mas também na total obediência às Superioras e às coirmãs; “parecia haver feito voto de obediência a todas as Irmãs”, disse uma testemunha, e era disponível às alunas e aos que dela se aproximavam. Tinha sempre consigo o Senhor: vivia sempre da presença de Deus, como do ar que se respira. Irmã Maria Anna dedicava-se incansavelmente às suas alunas para que se tornassem não só cultas, mas, como a mulher forte elogiada na Sagrada Escritura, também fortes na fé e em todas as virtudes cristãs. E as encorajava nas dificuldades da vida. Uma aluna declarou no processo: Na educação das alunas tinha como único fim formar verdadeiras cristãs que pudessem formar cristãmente as próprias famílias, difundindo o Reino de Deus. Sem dúvida, foram-lhe causa de grandes sofrimentos não só as misérias humanas, diárias e inevitáveis da comunidade, sobre as quais passou sempre com inalterável paz, mas também as repreensões frequentes da Madre Marina Videmari, de caráter forte e impulsivo, convencida, em boa fé, de que os santos devem ser provados. Não lhe faltou o sofrimento físico. Uns oito anos antes da morte, quando Irmã Maria Anna estava na casa de Via Quadronno, em Milão, manifestou-se nela o mal que a levaria à morte: um tumor na garganta, externamente visível. Uma echarpe preta, usada com desenvoltura, disfarçava as aparências, enquanto o sorriso imperturbável de seu rosto, após crises agudas de dor que a constrangiam a interromper as aulas, fazia esquecer a quem dela se avizinhasse o quanto havia sofrido. Aliás, numa maravilhosa superação de si, ela se habituara a chamar, jocosamente, a horrível deformação do pescoço seu colar de pérolas. Nunca revelou angústia pelo mal, nem mesmo nos últimos meses de vida. Vivia o que afirmara, anos antes, com a lógica dos apaixonados pela Cruz: Sirvamos o Senhor com coragem, minha boa Genoveva, ainda quando nos pede algum sacrifício, se assim se podem chamar as pequenas dificuldades que encontramos no caminho da virtude. Realmente, o que é o que sofremos nós em confronto com o que por nosso amor sofreu nosso amado Esposo? Aliás, não deveríamos antes alegrar-nos e agradecer-lhe, quando nos envia alguma ocasião de provar-lhe nosso amor e nossa fidelidade? Entregue-mo-nos ao Senhor em tudo e por tudo, e Ele nos ajudará a nos tornarmos santos. No outono de 1891, Irmã Maria Anna retomara suas numerosas e absorventes atividades e o ensino nas classes das maiores. Mas, após os primeiros dias de aula foi obrigada a interromper o trabalho, recolhendo-se na enfermaria do colégio. A doença venceu sua resistência física e moral. Passou quinze dias de sofrimento atroz. Em 24 de novembro, enquanto as coirmãs rezavam na Capela a Ladainha de Nossa Senhora, ela sentiu o esplendor da invocação «Regina Virginum» e no leito de morte uma beleza nova resplandecia em sua fisionomia, havendo desaparecido qualquer sinal do tumor. O encontro casual de seus despojos intactos, em 1920, fez com que se voltasse a falar na já esquecida Irmã Maria Anna Sala. As ex-alunas se uniram às Marcelinas para pedirem a introdução da causa de beatificação e muitas testemunharam no processo informativo a heroicidade das suas virtudes. Entre as alunas que deram testemunho dela, houve uma, Giuditta Alghisi, depois Montini, que foi a mãe de Paulo VI. Isto nos faz pensar no trabalho silencioso, porém grande, que as santas mães tiveram na formação de seus filhos. Ao lado das mães, as educadoras. A Irmã Maria Ana Sala foi beatificada aos 26 de outubro de 1980, em Roma, na Praça do Vaticano

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