sábado, 9 de novembro de 2024

REFLETINDO A PALAVRA - “Ver com os olhos de Deus”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA(+)
REDENTORISTA NA PAZ DO SENHO
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Usar a riqueza que temos
 
Quem acompanha mais de perto as atividades do Papa Francisco vê que insiste sobre o que toca os grandes desafios da sociedade. Ele viveu no meio do povo e sabe falar a língua do povo. Não bastam belos documentos. Francisco vê a situação concreta. Não resolvemos os problemas do mundo com teorias. O que se sente dele é que vê a realidade com os olhos de Deus, cujas lentes são o Evangelho. Os grandes projetos são necessários e úteis quando chegam ao gesto concreto e personalidazado. As pessoas não são teorias, são olhos que nos olham com esperança. O Papa diz que sua apreciação se situa “na linha do discernimento evangélico. É o olhar do discípulo que ‘se nutre da luz e da força do Espírito Santo’”(Eg 50). Não compete ao Papa saber tudo e dar todas as soluções. O que faz é estimular as comunidades a estarem vigilantes procurando interpretar os sinais dos tempos. Temos um grande tesouro: O Reino de Deus está entre nós. Nós o compomos e continuamos a missão que nos foi confiada por Jesus. Se não tomarmos atitudes concretas haverá um grande prejuízo para a humanidade. Está em jogo, não projetos, mas o homem e a mulher vivos e necessitados. Há males que estão sendo preconizados como solução quando na verdade são exploração da pessoa e da natureza. É o egoísmo pecaminoso. É por isso que se procura abafar o cristianismo e reduzi-lo a uma religião intimista. Essa não cria problemas. Quando Paulo VI escreveu a Humanae Vitae foi uma grito universal. Mas já há quem diga que, se tivéssemos ouvido Paulo VI, não estaríamos na situação atual. O convite a ouvir Francisco é saber utilizar as riquezas humanas que possuímos. 
Desafios que nos cercam 
A humanidade sempre disse que: “Nesses tempos difíceis em que vivemos”. Não diz, nas soluções procuramos, pudemos dar esses passos. O mundo atual deu grandes avanços nas áreas da saúde, educação, comunicação etc... Mas há muita necessidade a ser solucionada. São males crônicos da comunidade internacional: alimento, água, migração, saúde, prisões, moradia, condições mínimas de vida. Curiosamente são esses os itens sobre os quais seremos julgados no fim dos tempos, como lemos no discurso de Jesus sobre o juízo final (Mt 25,31-43). Estão como a dizer: “cuide dos outros, que Deus cuida de você”! Ficamos nos pecadinhos íntimos e deixamos o pecado estrutural. Esta era a preocupação de Jesus. Não podemos fazer uma religião sem o Evangelho, mesmo que seja piedosa. O Papa enumera então esses desafios referentes à economia que exclui na qual o ser humano é explorado, descartado. Junto a esta, a idolatria do dinheiro. É bonito ter mais, quando o que faz viver é ser mais. Este é para servir. Segue-se a desigualdade social que gera violência. Vale a pena analisar a fundo estes temas propostos. Ainda seguem outros. 
Não espere pelos outros 
Dizemos: Não maldiga a escuridão, acenda um fósforo! Há muita prosa e pouca ação. Sempre pensamos numa solução global que alguém faça a mudança. Ela começa como pequenas fagulhas que podem incendiar tudo. A grande frustração é a gente não fazer nada. Tudo começa pelo respeito ao pequeno, pela acolhida aos simples. Aqui entra a função das comunidades que não deixem fora os que pouco valem. Quem é que vale? Ter ou ser? Temos entre os fracos, grandiosas personalidades. Uma mulher, abandonada que, sozinha, sem recursos conseguiu formar os filhos, vale muito. A capacidade econômica de viver e ser feliz com um salário apertado. Isso é ser doutor em economia e administração etc... Essa gente magnífica que não aparece na telinha, essa sim, vale.
ARTIGO PUBLICADO EM DEZEMBRO DE 2014

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