A festa de Cristo Rei foi instituída pelo Papa Pio XI dia 11.12.1925 para fazer frente à onda de secularismo e ódio à Igreja que ocorreram no início do século passado. Grandes inimigos perseguiam a Igreja: comunismo, fascismo, nazismo e o ateísmo. O mal usa os humanos para atingir o Senhor. Pode ser uma visão retrograda, mas o mal continua. A perseguição é um sinal muito bom para a Igreja. Ela é rejeitada porque reconhece em Cristo o Senhor para o qual se direciona todo o universo (Ef 1,10). A Verdade anunciada toca as consciências e exige conversão radical do ser humano para que corresponda mais à verdade. Somente em Cristo o homem atinge seu ideal. Vemos que os males que há nas pessoas e na sociedade são o resultado da ausência de Cristo. Por que temer Cristo? Ele é juiz, mas é o Bom Pastor que conduz a bons lugares (Sl 22). Ele cuida de todos e nos confia o Reino. Ele é o Ressuscitado, o Vivo, que quer dar vida em abundância. Cristo Rei não se iguala às realezas da história que se aproveitaram do sangue do povo e amontoaram riquezas. Na Escritura o rei devia ser aquele que estaria no lugar de Deus para cuidar dos necessitados. A liturgia de hoje mostra a finalidade da festa: “Deus que dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, Rei do universo…” (oração) … “Que conceda a paz e a união a todos os povos.” (oferendas)..” e “que possamos viver com ele eternamente no Reino dos Céus” (pós-comunhão). A realeza de Cristo se inaugura no trono da cruz onde, com o manto de sangue, coroa de espinhos e as perolas de suas chagas, se apresenta o Rei. Basta de Cristo fantasiado para um teatro sem resultados. É mais fácil adotar essa realeza que unir-se a Cristo sofredor que se oferece ao Pai pelo mundo.
Responsabilidades do Reino
Infelizmente a festa se caracterizou pela coroa, manto, centro e esplendor. Era o momento. O que pode anima a nos unir a este Rei são os ministérios que nos confia para a vivência de seu Reino. As linhas de ação estão estampadas no texto do juizo final. Somos responsáveis pelos irmãos: Tudo o que fizestes ao menor dos seus, foi a Ele que fizestes. Seremos examinados sobre o que fizemos para melhorar a fome e a sede do mundo. Qual foi nossa atenção para resolver os problemas da migração. Como estabelecemos a solução dos graves problemas da doença e dos prisioneiros. Jesus Rei tem sua atenção voltada para os necessitados. Aqui temos que acusar a pregação da Igreja oficial e dos fiéis que procuraram uma espiritualidade e uma religião distante dos problemas esquecidos do homem caído à beira do caminho, como lemos na parábola do samaritano. O Juiz quer dignidade a todo homem e mulher, desde sua concepção. Não é política. É evangelho.
Submeter tudo a Deus
Quando dizemos que Cristo é o centro, não pensamos em uma estrutura de comunidade, mas nas atitudes que devem penetrar as estruturas do mundo. Submeter a Cristo todas as coisas é fazer que sua missão de manifestar o amor do Pai atinja todas as pessoas para que se sintam amadas por Ele. Submeter é agir de acordo com o coração do Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas. Paulo diz que o mal nasce do pecado e traz a morte. Por Cristo nos veio a Vida que atingirá todas as pessoas e a natureza. Ele é o Rei da verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz (Prefácio). Nós O faremos presente na atenção a todos, pois Ele vai apascentar suas ovelhas.
Leituras: Ezequiel 34,11-12,15-17; Salmo 22;
1Coríntios 15,20-26.28;Mateus 22,34-40
A finalidade a festa instituída por Pio XI foi fazer frente a todos os perseguidores. A Igreja é perseguida porque toca a consciência. O mal vem a ausência de Cristo na vida. O Rei devia estar no lugar de Deus para cuidar dos necessitados. A realeza de Cristo não corresponde às realezas do mundo. Ele é o Rei Crucificado.
Cristo nos confia os ministérios do Reino. As exigências do Juizo final são os problemas do mundo que nos são confiados. Uma realeza política não resolve. É mais fácil uma religião que não elimina a dignidade do homem.
Aclamar Cristo é pensar nas atitudes que devem penetrar as estruturas do mundo. Submeter o mundo a Cristo é realizar sua missão de manifestar o amor do Pai. É agir como o Bom Pastor. Nós O faremos presente na atenção a todos.
Escolhendo o partido
No encerramento do Ano Litúrgico celebramos a festa de Cristo Rei. Ela ensina que tudo converge para Cristo. Paulo diz que no fim Cristo vai entregar a realeza ao Pai depois de dominar todos os inimigos, inclusive a morte.
Deus nos conduz como um pastor a seu rebanho. Cuida bem e só tem nosso interesse. Pouco exige. Sua única preocupação é que todos sejam bem cuidados por nós. Ao anunciar o julgamento do fim dos tempos coloca os itens sobre os quais vamos ser julgados. Tudo o que fizemos aos outros, ou não fizemos, é feito a Ele.
Os itens do julgamento são simples: tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era estrangeiro e me recebestes em casa, estava nu e me vestistes; estava doente e cuidastes de mim; estava na prisão e fostes me visitar.
Vejamos bem que estes itens são os grandes problemas do mundo atual: fome, água, migração, saúde, sistema carcerário. São os direitos da pessoa humana. E muita gente não faz nada disso e se maquia com rezas, movimentos, grupos e o necessitado fica a definhar. Vamos ter surpresa.Cristo é Rei e nós cuidamos de seus súditos.
Homilia de Cristo Rei do Universo (23.11.2014)
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