Evangelho segundo São Marcos 12,28b-34.
Naquele tempo, aproximou-se de Jesus um escriba e perguntou-Lhe: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?».
Jesus respondeu: «O primeiro é este: "Escuta, Israel: O Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todo o teu entendimento e com todas as tuas forças".
O segundo é este: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo". Não há nenhum mandamento maior que estes».
Disse-Lhe o escriba: «Muito bem, Mestre! Tens razão quando dizes: Deus é único e não há outro além dele.
Amá-lo com todo o coração, com toda a inteligência e com todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, vale mais do que todos os holocaustos e sacrifícios».
Ao ver que o escriba dera uma resposta inteligente, Jesus disse-lhe: «Não estás longe do reino de Deus». E ninguém mais se atrevia a interrogá-lo.
Tradução litúrgica da Bíblia
(330-379)
Monge, bispo de Cesareia da Capadócia,
doutor da Igreja
«Grandes Regras», quest. 2
Desenvolver em nós o germe do amor
O amor de Deus não se ensina. Ninguém nos ensinou a apreciar a luz ou a valorizar a vida acima de tudo, nem a amar aqueles que nos deram à luz ou nos criaram. Da mesma forma, ou melhor, com mais razão ainda, não é um ensinamento exterior que nos ensina a amar a Deus. Na própria natureza do ser vivo – e refiro-me ao ser humano – existe um germe que contém em si o princípio dessa capacidade de amar.
É à escola dos mandamentos de Deus que cabe acolher este germe, cultivá-lo com diligência, alimentá-lo cuidadosamente e levá-lo à perfeição através da graça divina. Na medida em que o Espírito Santo nos ajudar, esforçar-nos-emos, com a ajuda de Deus e das vossas orações, por acender a centelha do amor divino que está escondida em vós.
Vivemos santamente na virtude usando leal e adequadamente essas faculdades; pelo contrário, desviando-as do seu fim, somos arrastados para o mal. Esta é, de facto, a definição do vício: o uso abusivo, contrário aos mandamentos do Senhor, das faculdades que Deus nos deu para o bem; e esta é, consequentemente, a definição da virtude que Deus exige de nós: o uso consciente dessas faculdades de acordo com os mandamentos do Senhor.
Assim sendo, diremos o mesmo da caridade: tendo recebido de Deus o mandamento do amor, possuímos imediatamente, desde a nossa origem, a faculdade natural de amar.
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