PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
Profeta recusado
A figura polêmica do profeta sempre esteve presente
na História da Salvação. Falando em nome de Deus, fustigam as consciências para
que as pessoas se afastem do mal e procurem o bem. Normalmente são vistos como um
“estraga prazeres”. É o que vemos em Jesus que vai a Nazaré para o meio de seus
familiares e amigos que o viram crescer com eles. Agora faz milagres e tem uma
sabedoria que encanta. Logo gera o ciúme. Ele próprio afirma “que não há
profeta sem honra exceto em sua pátria, em sua parentela e em sua casa” (Mc 6,4). Jesus não é
diferente. Seu ensinamento se apoia na Palavra de Deus que exige conversão. Lemos
no Antigo Testamento quando os judeus querem um rei como os outros povos. O
profeta Samuel se desgosta. Deus lhe diz: “Não é a ti que eles rejeitam, mas a
Mim, porque não querem mais que eu reine obre eles” (1Sam 8,7). A recusa ao profeta
percorre as Escrituras, pois o povo sempre se afastava de Deus. Ele tem consciência
da vontade de Deus e tem zelo pela casa de Deus; quer levar o povo a viver a
aliança e renovar seus caminhos. Ele tem amor a seu povo, pois não quer ver o
sofrimento, fruto do pecado. Os castigos que o povo sofreu são conseqüência de
seu pecado e do pecado de seus chefes. Hoje não dizemos nestes termos, mas se
vivermos a Palavra de Deus poderemos evitar muitos males, que não são castigos,
mas conseqüência do mau procedimento. Temos um exemplo: Quem dirigir
alcoolizado faz mal a si e aos outros. Ao serem chamados a atenção, não ouvem.
O profeta não é um tipo estranho, exótico, mas aquele que chama à verdade. O
profeta Ezequiel afirma que mesmo se não escutem, “saberão eu um profeta esteve
entre com eles” (Ez
2,5).
Consolo do profeta
A vida do profeta é difícil. É difícil proclamar a
vontade de Deus num mundo sem fome de Deus. Temos a certeza que a palavra
frágil do homem ou da mulher que procuram a verdade tem a forma humana, mas também
a força de Deus. Ela tem a força de mudar os corações. Anunciar a Palavra de
Deus não em proveito próprio, mas de Deus, tem a recompensa de estar unido a
Deus. Por outro lado, como escreve Paulo, mesmo que tenhamos o espinho na
carne, temos a promessa de Deus: “Basta-te a minha graça” (2Cor 12,9).
Continuar anunciando
O
profeta para continuar anunciando tem que descobrir as sementes da Palavra
presentes no povo de Deus e ser capaz de despertar os dons que o Espírito dá a
cada um; necessita aprender a ouvir o povo e ser evangelizado por ele. O povo
de Deus tem fé e pratica a Palavra mesmo sem saber explicá-la. Ao profeta é
pedido encontrar sempre novos meios de transmitir a Palavra. Temos visto certos
pregadores que usam outros meios que alguns rejeitam. Graças a Deus que
evangelizam. Mesmo no meio da perseguição e das contrariedades é preciso
continuar anunciando (Ap
10,11). Paulo tinha um espinho na carne, uma
dificuldade e diz: “Eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades,
nas perseguições e nas angústias sofridas por Cristo. Quando eu me sinto fraco
é então que sou forte” (2Cor
12,10). O salmo nos aconselha estar sempre atento à
vontade de Deus, pois Ele sempre fala. Vale a pena esperar em Deus, mesmo
diante do desprezo dos soberbos (Sl
122).
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