Acolhendo
um chamado
O
evangelho desse domingo quer resolver uma questão que havia entre os primeiros
cristãos vindos do judaísmo e os cristãos vindos do paganismo. Os judeus
estavam com ciúmes e inveja dos cristãos que vinham dos muitos povos e se
colocavam em igualdade com eles, assumindo a vida da comunidade. Os judeus, há
séculos seguiam o Senhor e queriam uma proeminência na comunidade cristã sobre
aqueles que somente agora acolhiam o Reino. A parábola mostra que o dono da
plantação chama operários para a colheita. No sistema do tempo, os que queriam
serviço, se reuniam no lugar costumeiro e o dono ia lá contratar os que ele escolhesse.
Com a vinda de Jesus, outros povos começam a ser chamados e respondem. Estes
são os operários da última hora. A reflexão toca num ponto importante: o
conhecimento de Deus: Por isso diz o profeta Isaias: “Buscai o Senhor enquanto
pode ser achado; Invocai-o enquanto Ele está perto” (Is 55,6). Jesus faz um chamado, mas
quer a abertura para que O acolhamos. Mais dura é a síntese que Jesus faz desse
texto: “Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos” (Mt 2016ª). Vemos que os
cristãos vindos do paganismo receberam o Evangelho com muita alegria e
corresponderam com muita força. O cristianismo entre os judeus de Jerusalém e
da Ásia Menor ficaram fechados. Lembramos outra parábola: “O Reino vos será
tirado e dado a um povo que produza frutos” (Mt 21,43). Se não correspondermos, ficaremos
de fora também. Essa parábola nos faz lembrar que essa situação é muito comum
em nossas comunidades onde pessoas se sentem donas dos cargos e costumes da
comunidade. Não aceitam mudanças.
Recompensas
que Deus dá
Ninguém trabalha para Deus por uma recompensa. A
recompensa é poder atender seu chamado. Deus não nos paga segundo nossos
méritos, mas segundo sua extremada bondade. O grande salário que Deus dá é Ele
próprio. O salmo nos descreve quem é o Senhor: “Misericórdia piedade é o
Senhor, Ele é amor, é paciência é compaixão. O Senhor é muito bom para com todos.
Sua ternura abraça todas as criaturas” (Sl 144). Nosso prêmio e reconhecimento é o Senhor: “Somos
servos inúteis, fizemos apenas o que devíamos fazer” (Lc 17,10). Não somos inúteis por não
prestarmos, mas por poder sempre fazer melhor. São Paulo sente vontade de ir
para estar com Cristo. Esse é o grande prêmio que espera. Mas, se for ainda
necessário, não sabe o que fazer, pois, tanto estar com Cristo no Céu, como
trabalhar por Ele e pela comunidade na terra tem o mesmo valor (Fl 1,20ss). E diz com
força: “Só uma coisa importa: viver à altura do evangelho de Cristo” (Fl 1,27ª). A força do
Evangelho está acima de qualquer paga que tivermos. Temos o costume de ficar
chateados quando não reconhecem nosso trabalho. Deus reconhecendo já basta.
Para
mim, viver é Cristo
Os
que trabalham no Reino de Deus e acolhem o Evangelho como vida, entendem bem
essa frase de Paulo: “Cristo vai ser glorificado no meu corpo, seja pelo minha
vida, seja pela minha morte, Pois para mim, o vier é Cristo e o morrer é lucro”
(Fl 1,20c-21). Cristo
é seu salário. Essa opção fundamental por Cristo é o mais importante de nossa
vida. Sem ela não podemos entender a vivência do Evangelho. Jesus acaba sendo
um anexo em nossa vida. Não a vida de nossa vida. Por isso nós temos um
cristianismo frágil. Não somos capazes de modelar nossa vida por ele. Então podemos
fazer o mal e não assumir a vida de comunidade. Viver Cristo é mais que viver.
Leituras: Isaias 55,6-9 ;Salmo
144;Filipenses 1,20c-24,27ª; Mateus 20,1-16.
1.
Deus convida povos novos para o Evangelho e lhe dá a
recompensa igual aos que vieram do judaísmo. Isso gerou ciúmes.
2.
O pagamento de Deu sempre corresponde a sua bondade.
3.
A opção por Cristo modela nossa vida de cristãos. Ele é
nosso salário.
Nivelando por cima
Temos
uma parábola diferente de nosso modo de trabalhar. Não é o trabalhador que
procura o patrão, mas é o patrão que vai ao lugar onde ficam os que querem
trabalhar e ali faz o acordo. Isso ainda existe em algumas regiões.
Então, o homem
que precisava, foi buscar trabalhadores nas diversas horas do dia até uma hora
antes de acabar a jornada. E pagou todos com o mesmo salário. Os outros
trabalhadores que “suportaram o cansaço e o calor o dia inteiro”, reclamaram
dos que haviam trabalhado uma hora só e o mesmo.
Que significa? Tudo o que
fizermos pelo Reino de Deus, não será medido por nosso esforço, mas pela
bondade de Deus que dá tudo, a todos, mesmo que, em nossa visão, não fizeram
nada. Fizeram tudo do que tinha sido pedido. Deus nivela por cima.
Entregar-se a Jesus no Reino é
dar tudo. Não interessa o que vamos receber. Deus é tudo para todos. O salário
é o mesmo para todos: O Reino de Deus com todos seus dons. Ninguém é maior que
o outro. Deus é bom para com todos.
Quem acolhe integralmente a
mensagem de Jesus, recebe todo o seu dom.
https://padreluizcarlos.wordpress.com/
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