domingo, 17 de setembro de 2017

Homilia do 24º Domingo Comum (17.09.17)

PADRE LUIZ CARLOS DE OLVEIRA
REDENTORISTA
“Um mandamento novo” 
Perdoar para ser perdoado
            O versículo de aclamação ao evangelho nos dá o sentido da celebração desse domingo: “Eu vos dou um novo mandamento que também vós ameis uns aos outros como Eu vos amei”. Uma vez que se reflete sobre a superioridade do perdão de Deus, aprendemos como viver o perdão. Esse tema toca no núcleo da revelação de Jesus que é a redenção misericordiosa do Pai. A parábola está colocada no discurso sobre a Igreja do evangelho de Mateus. A missão da Igreja é criar um mundo renovado que elimina o ódio, a começar da comunidade, como o Pai perdoa. Não participa da vida da Igreja quem não perdoa sempre. Pedro faz uma pergunta até quando temos que perdoar, até sete vezes? E achou que já era muito. Jesus faz um jogo de palavra de palavra de sete com setenta vezes sete (Mt 18,22), isto é, sempre. Sete é o número completo. Na leitura do livro do Eclesiástico encontramos o mal que faz o mal. Prejudica até o relacionamento com Deus.  Vemos uns textos: “O rancor e a raiva são coisas detestáveis”. “Quem se vingar se encontrará com a vingança do Senhor que pedirá severas contas de seus pecados”. Quem tem raiva e não tem compaixão, como poderá pedir perdão de seus pecados? Há grandes vantagens no perdão das injustiças: quando orar terá o perdão dos pecados.  O autor sagrado traz dois conselhos: “Lembra-te de teu fim e deixa de odiar... Pensa na destruição e na morte, e persevera nos mandamentos... Pensa na aliança do Altíssimo e não leves em conta a falta alheia” (Eclo 27,33-28,9). Evitar o ódio é questão de inteligência. O bem que faz é maior
Deus é o modelo
Essa reflexão tem como pano de fundo o mandamento do amor vivido na prática. Jesus fez pregações e milagres, mas o que nos salvou foi dar a vida para a remissão de nossos pecados e nossa comunhão com Deus. O perdão e a comunhão fraterna constituem a base da vida cristã. Aprendemos de Deus como devemos viver, pois vive assim como cantamos nos salmos: Ele perdoa toda nossa culpa... Não guarda seu rancor eternamente... Seu perdão é imenso. Na comparação do evangelho, dez mil denários eram 164 toneladas de ouro. Cem denários eram trinta gramas de ouro. Assim compara a diferença do perdão de Deus e do nosso. E continua o salmo: “Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem. Quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes”! (Sl 102). Deus coloca em nossas mãos o modo como vai nos perdoar. Por isso Jesus ensinou no Pai Nosso: “Perdoai nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu”. Nós não aceitamos uma chamada de atenção sobre nossos erros feita pelos que têm responsabilidade sobre a comunidade. Mas queremos que Deus nos perdoe.
Ninguém vive para si
Viver o amor é sair da prisão do ódio. O ódio corrói nosso coração. Paulo resume essa vida espiritual nas palavras “ninguém vive para si mesmo, ou morre para si mesmo. Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se morremos, é para o Senhor que morremos” (Rm 14,7-8).  Na vida e na morte estamos voltados para Cristo. Por aí se modela nossa vida na construção de uma fraternidade madura que dê frutos para o mundo e possa  conhecer Deus. Ele nos provoca sempre a uma vida mais cheia de tudo que nos dá. Ele é o Senhor, pois morreu e ressuscitou para ser o Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14,9). A vida cristã só será completa se nela houver essa disposição de perdão e acolhimento. O melhor de tudo é criar uma cultura onde não seja preciso estar se ofendendo.
Leituras: Eclesiástico 27,33-28-9; Salmo 102; Romanos 14,7-9; Mateus 18,21-35 
1.        O perdão mútuo toca o núcleo da missão de Jesus que veio para o perdão.
2.        A medida do perdão de Deus é imensa. Nós pomos medidas aos outros.
3.        Na vida estamos voltados para Cristo. Por Ele se modela nossa vida. 

            Saindo da cadeia 
            São Pedro, querendo dar uma de bonito, acha que, perdoando sete vezes, estaria no direito de tomar uma atitude mais convincente. Jesus diz: não sete, mas setenta vezes sete. É um jogo de palavras para dizer sempre. É difícil.
            Então conta a parábola do homem que foi perdoado de muito, mas não quis perdoar outro por pouco. Isso é uma prisão.
            Jesus conta a parábola para explicar que nós recebemos tanto perdão de Deus e não sabemos perdoar nem um tiquinho dos outros. É uma prisão terrível.
Conselho da Palavra de Deus: “Pensa nos mandamentos, e não guardes rancor ao teu próximo. Pensa na aliança do Altíssimo e não leva em conta a falta alheia” (Eclo 28.8-9).

            Não saber perdoar acarreta um castigo que damos a nós mesmos. Não sairemos dele enquanto não chegamos ao fundo do perdão.

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