PADRE LUIZ CARLOS DE OLVEIRA REDENTORISTA |
“Um mandamento novo”
Perdoar
para ser perdoado
O
versículo de aclamação ao evangelho nos dá o sentido da celebração desse
domingo: “Eu vos dou um novo mandamento que também vós ameis uns aos outros
como Eu vos amei”. Uma vez que se reflete sobre a superioridade do perdão de
Deus, aprendemos como viver o perdão. Esse tema toca no núcleo da revelação de
Jesus que é a redenção misericordiosa do Pai. A parábola está colocada no
discurso sobre a Igreja do evangelho de Mateus. A missão da Igreja é criar um
mundo renovado que elimina o ódio, a começar da comunidade, como o Pai perdoa.
Não participa da vida da Igreja quem não perdoa sempre. Pedro faz uma pergunta
até quando temos que perdoar, até sete vezes? E achou que já era muito. Jesus
faz um jogo de palavra de palavra de sete com setenta vezes sete (Mt 18,22), isto é,
sempre. Sete é o número completo. Na leitura do livro do Eclesiástico
encontramos o mal que faz o mal. Prejudica até o relacionamento com Deus. Vemos uns textos: “O rancor e a raiva são
coisas detestáveis”. “Quem se vingar se encontrará com a vingança do Senhor que
pedirá severas contas de seus pecados”. Quem tem raiva e não tem compaixão,
como poderá pedir perdão de seus pecados? Há grandes vantagens no perdão das
injustiças: quando orar terá o perdão dos pecados. O autor sagrado traz dois conselhos:
“Lembra-te de teu fim e deixa de odiar... Pensa na destruição e na morte, e
persevera nos mandamentos... Pensa na aliança do Altíssimo e não leves em conta
a falta alheia” (Eclo
27,33-28,9). Evitar o ódio é questão de inteligência. O bem que faz é
maior
Deus
é o modelo
Essa reflexão tem como pano de fundo o mandamento do amor vivido na
prática. Jesus fez pregações e milagres, mas o que nos salvou foi dar a vida
para a remissão de nossos pecados e nossa comunhão com Deus. O perdão e a
comunhão fraterna constituem a base da vida cristã. Aprendemos de Deus como
devemos viver, pois vive assim como cantamos nos salmos: Ele perdoa toda nossa
culpa... Não guarda seu rancor eternamente... Seu perdão é imenso. Na
comparação do evangelho, dez mil denários eram 164 toneladas de ouro. Cem
denários eram trinta gramas de ouro. Assim compara a diferença do perdão de
Deus e do nosso. E continua o salmo: “Quanto os céus por sobre a terra se
elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem. Quanto dista o nascente do
poente, tanto afasta para longe nossos crimes”! (Sl 102). Deus coloca em nossas mãos o modo
como vai nos perdoar. Por isso Jesus ensinou no Pai Nosso: “Perdoai nossas
ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos ofendeu”. Nós não aceitamos uma
chamada de atenção sobre nossos erros feita pelos que têm responsabilidade
sobre a comunidade. Mas queremos que Deus nos perdoe.
Ninguém
vive para si
Viver o amor é sair da prisão do ódio. O ódio corrói nosso coração.
Paulo resume essa vida espiritual nas palavras “ninguém vive para si mesmo, ou
morre para si mesmo. Se estamos vivos, é para o Senhor que vivemos; se
morremos, é para o Senhor que morremos” (Rm 14,7-8). Na vida e na morte estamos
voltados para Cristo. Por aí se modela nossa vida na construção de uma
fraternidade madura que dê frutos para o mundo e possa conhecer Deus. Ele nos provoca sempre a uma
vida mais cheia de tudo que nos dá. Ele é o Senhor, pois morreu e ressuscitou
para ser o Senhor dos mortos e dos vivos (Rm 14,9). A vida cristã só será completa se
nela houver essa disposição de perdão e acolhimento. O melhor de tudo é criar
uma cultura onde não seja preciso estar se ofendendo.
Leituras: Eclesiástico 27,33-28-9; Salmo 102; Romanos 14,7-9; Mateus
18,21-35
1.
O perdão mútuo toca o núcleo da missão de Jesus que
veio para o perdão.
2.
A medida do perdão de Deus é imensa. Nós pomos medidas
aos outros.
3.
Na vida estamos voltados para Cristo. Por Ele se modela
nossa vida.
Saindo da cadeia
São
Pedro, querendo dar uma de bonito, acha que, perdoando sete vezes, estaria no
direito de tomar uma atitude mais convincente. Jesus diz: não sete, mas setenta
vezes sete. É um jogo de palavras para dizer sempre. É difícil.
Então conta a parábola do homem que
foi perdoado de muito, mas não quis perdoar outro por pouco. Isso é uma prisão.
Jesus conta a parábola para explicar
que nós recebemos tanto perdão de Deus e não sabemos perdoar nem um tiquinho
dos outros. É uma prisão terrível.
Conselho da Palavra de Deus: “Pensa nos mandamentos, e não guardes
rancor ao teu próximo. Pensa na aliança do Altíssimo e não leva em conta a
falta alheia” (Eclo
28.8-9).
Não saber perdoar acarreta um
castigo que damos a nós mesmos. Não sairemos dele enquanto não chegamos ao
fundo do perdão.
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