segunda-feira, 17 de abril de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Eu vos dei o exemplo”

PADRE  LUIZ CARLOS
DE OLIVEIRA,REDENTORISTA
1870. Dar um exemplo
            A celebração do Mistério Pascal de Cristo torna-se presente nas celebrações litúrgicas. Participamos do mistério na mística ação de Cristo que envolve tempo e eternidade. A celebração do rito não fecha o acontecimento. Ele passa à vida como um ensinamento e um exemplo. Assim nos mostra o que fazer e como fazer. Esse pensamento está já na oração do Domingo de Ramos: “Deus eterno e todo poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso Salvador se fizesse homem e morresse na Cruz. Concedei-nos aprender o ensinamento da Paixão e ressuscitar com Ele em sua glória”. O Mistério Pascal é também um ensinamento. Esse ensinamento está na humildade do Filho de Deus que se encarna e morre na cruz. Por que Jesus sofreu tanto? Para dar um exemplo de humildade. Toda a vida de Cristo acontece numa permanente demonstração da humildade da Trindade que é o mútuo acolhimento das Pessoas Divinas. A Encarnação é um momento de abaixamento de Deus sobre nós. Não se trata de aniquilar-se, mas inclinar-se para nos tomar nos braços, como uma mãe faz com o filhinho. Só ama quem é humilde. Sua vida foi de humildade, simplicidade, desapego, liberdade e amor. Por isso foi acolhido. A altivez não faz parte da vida de Jesus. Era o que Ele não aceitava e recriminava pesado. Essa humildade é um ensinamento a ser seguido por todos da Igreja. Jesus, na Ceia, lava os pés dos apóstolos e manda que façam o mesmo: “Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que Eu fiz” (Jo 13,15).
1871. Continuar o exemplo
            Quando dizemos que deu o exemplo, pensamos que olhamos o que fez e fazemos igual. Ele é modelo da ação. Seguir o exemplo tem também uma característica de personalizar sua ação. Cristo continua em nós sua humildade. Jesus continua unido a seus discípulos em seu coração e em suas atitudes. Nossa humildade é uma extensão da sua. Por isso os discípulos se identificam com o Mestre. Se continuarmos seus sofrimentos em seu corpo que é a Igreja (Cl 1,24), continuamos também suas virtudes, suas opções e sua mentalidade: “Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo Jesus” (Fl 2,5). O sentimento de humildade é explicado por Paulo pelo esvaziamento. Não aniquilação. Torna o homem mais homem, pois o faz senhor de si mesmo na entrega, como o fez o Filho Unigênito do Pai. O caminho da Encarnação está presente em toda a vida de Cristo até sua morte e sepultura. Total esvaziamento, mesmo da vida humana. Notamos também que na Eucaristia, perde a característica humana e se faz matéria que retorna ao seu máximo que é a carne de Cristo Glorificado.
1872. Por isso Deus o exaltou.
            Podemos entender a Ressurreição como a resposta do Pai à humildade do Filho. O desapego vence todas as barreiras da morte do pecado que nos domina. Ele venceu a morte com sua entrega total ao Pai. Não temeu a morte. No caminho da espiritualidade cristã, o motor fundamental é a humildade. Por isso perdemos o caminho da verdade quando nos voltamos só para nós mesmos. Possuir-se é sair de si. Acolher é possuir os outros. Continuamos o exemplo de Cristo vivendo esse seu ensinamento. Assim Cristo continua seu caminho de redenção no mundo. Unidos a Ele podemos evangelizar pela palavra e pelo testemunho. Assim vivemos e celebramos o Mistério Pascal que é nossa vida e ressurreição. Maria se coloca na mesma linha ao reconhecer-se nessa humildade. Papa Francisco insiste na virtude da humildade e é avesso à altivez.

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