A
celebração do Mistério Pascal de Cristo torna-se presente nas celebrações
litúrgicas. Participamos do mistério na mística ação de Cristo que envolve tempo
e eternidade. A celebração do rito não fecha o acontecimento. Ele passa à vida
como um ensinamento e um exemplo. Assim nos mostra o que fazer e como fazer.
Esse pensamento está já na oração do Domingo de Ramos: “Deus eterno e todo
poderoso, para dar aos homens um exemplo de humildade, quisestes que o nosso
Salvador se fizesse homem e morresse na Cruz. Concedei-nos aprender o
ensinamento da Paixão e ressuscitar com Ele em sua glória”. O Mistério Pascal é
também um ensinamento. Esse ensinamento está na humildade do Filho de Deus que
se encarna e morre na cruz. Por que Jesus sofreu tanto? Para dar um exemplo de
humildade. Toda a vida de Cristo acontece numa permanente demonstração da
humildade da Trindade que é o mútuo acolhimento das Pessoas Divinas. A Encarnação
é um momento de abaixamento de Deus sobre nós. Não se trata de aniquilar-se,
mas inclinar-se para nos tomar nos braços, como uma mãe faz com o filhinho. Só
ama quem é humilde. Sua vida foi de humildade, simplicidade, desapego,
liberdade e amor. Por isso foi acolhido. A altivez não faz parte da vida de
Jesus. Era o que Ele não aceitava e recriminava pesado. Essa humildade é um
ensinamento a ser seguido por todos da Igreja. Jesus, na Ceia, lava os pés dos
apóstolos e manda que façam o mesmo: “Dei-vos o exemplo, para que façais a
mesma coisa que Eu fiz” (Jo
13,15).
1871.
Continuar o exemplo
Quando
dizemos que deu o exemplo, pensamos que olhamos o que fez e fazemos igual. Ele
é modelo da ação. Seguir o exemplo tem também uma característica de personalizar
sua ação. Cristo continua em nós sua humildade. Jesus continua unido a seus
discípulos em seu coração e em suas atitudes. Nossa humildade é uma extensão da
sua. Por isso os discípulos se identificam com o Mestre. Se continuarmos seus
sofrimentos em seu corpo que é a Igreja (Cl 1,24), continuamos também suas virtudes,
suas opções e sua mentalidade: “Tende em vós o mesmo sentimento de Cristo
Jesus” (Fl 2,5).
O sentimento de humildade é explicado por Paulo pelo esvaziamento. Não
aniquilação. Torna o homem mais homem, pois o faz senhor de si mesmo na
entrega, como o fez o Filho Unigênito do Pai. O caminho da Encarnação está
presente em toda a vida de Cristo até sua morte e sepultura. Total
esvaziamento, mesmo da vida humana. Notamos também que na Eucaristia, perde a
característica humana e se faz matéria que retorna ao seu máximo que é a carne
de Cristo Glorificado.
1872.
Por isso Deus o exaltou.
Podemos entender a Ressurreição como
a resposta do Pai à humildade do Filho. O desapego vence todas as barreiras da
morte do pecado que nos domina. Ele venceu a morte com sua entrega total ao
Pai. Não temeu a morte. No caminho da espiritualidade cristã, o motor
fundamental é a humildade. Por isso perdemos o caminho da verdade quando nos voltamos só para nós mesmos. Possuir-se é sair de si. Acolher é possuir os
outros. Continuamos o exemplo de Cristo vivendo esse seu ensinamento. Assim
Cristo continua seu caminho de redenção no mundo. Unidos a Ele podemos
evangelizar pela palavra e pelo testemunho. Assim vivemos e celebramos o
Mistério Pascal que é nossa vida e ressurreição. Maria se coloca na mesma linha
ao reconhecer-se nessa humildade. Papa Francisco insiste na virtude da
humildade e é avesso à altivez.
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