Evangelho segundo S. João 6,1-15.
Naquele
tempo, Jesus partiu para o outro lado do mar da Galileia, ou de
Tiberíades.Seguia-O numerosa multidão, por ver os milagres que Ele realizava
nos doentes. Jesus subiu a um monte e sentou-Se aí com os seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus. Erguendo os olhos e vendo
que uma grande multidão vinha ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: «Onde
havemos de comprar pão para lhes dar de comer?». Dizia isto para o
experimentar, pois Ele bem sabia o que ia fazer. Respondeu-Lhe Filipe:
«Duzentos denários de pão não chegam para dar um bocadinho a cada um». Disse-Lhe um dos discípulos, André, irmão de Simão Pedro: «Está aqui um
rapazito que tem cinco pães de cevada e dois peixes. Mas que é isso para tanta
gente?». Jesus respondeu: «Mandai-os sentar». Havia muita erva naquele
lugar, e os homens sentaram-se em número de uns cinco mil. Então, Jesus
tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, fazendo o
mesmo com os peixes; e comeram quanto quiseram. Quando ficaram saciados,
Jesus disse aos discípulos: «Recolhei os bocados que sobraram, para que nada se
perca». Recolheram-nos e encheram doze cestos com os bocados dos cinco pães
de cevada que sobraram aos que tinham comido. Quando viram o milagre que
Jesus fizera, aqueles homens começaram a dizer: «Este é, na verdade, o Profeta
que estava para vir ao mundo». Mas Jesus, sabendo que viriam buscá-l’O para
O fazerem rei, retirou-Se novamente, sozinho, para o monte.
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Catecismo da Igreja Católica §§1333-1335
Encontram-se no cerne da celebração da
Eucaristia o pão e o vinho, os quais, pelas palavras de Cristo e pela invocação
do Espírito Santo, se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo. Fiel à ordem do
Senhor, a Igreja continua fazendo, em sua memória, até à sua volta gloriosa, o
que Ele fez na véspera da sua Paixão: «Tomou o pão», «Tomou o cálice cheio de
vinho». Ao tornarem-se misteriosamente o Corpo e o Sangue de Cristo, os sinais
do pão e do vinho continuam a significar também a bondade da criação. Assim, no
ofertório, damos graças ao Criador pelo pão e pelo vinho, fruto «do trabalho do
homem», mas antes «fruto da terra» e «da videira», dons do Criador. A Igreja vê
neste gesto de Melquisedec, rei e sacerdote que «trouxe pão e vinho» (Gn 14,18),
uma prefiguração de sua própria oferta.
Na antiga aliança, o pão e o
vinho são oferecidos em sacrifício entre as primícias da terra, em sinal de
reconhecimento ao Criador. Mas eles recebem também um novo significado no
contexto do êxodo: os pães ázimos que Israel come cada ano na Páscoa comemoram a
pressa da partida libertadora do Egipto; a recordação do maná do deserto há de
lembrar sempre a Israel que ele vive do pão da Palavra de Deus. Finalmente, o
pão de todos os dias é o fruto da Terra Prometida, penhor da fidelidade de Deus
às suas promessas. O «cálice de bênção» (1Cor 10,16), no fim da refeição pascal
dos judeus, acrescenta à alegria festiva do vinho uma dimensão escatológica: a
da espera messiânica do restabelecimento de Jerusalém. Jesus instituiu a sua
Eucaristia dando um sentido novo e definitivo à bênção do pão e do cálice.
O milagre da multiplicação dos pães, quando o Senhor proferiu a bênção,
partiu e distribuiu os pães aos seus discípulos para alimentar a multidão,
prefigura a superabundância deste único pão da sua Eucaristia. O sinal da água
transformada em vinho em Caná já anuncia a hora da glorificação de Jesus.
Manifesta a realização da ceia das bodas no Reino do Pai, onde os fiéis beberão
o vinho novo, transformado no Sangue de Cristo.
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