Evangelho segundo S. João 3,16-21.
Naquele
tempo, disse Jesus a Nicodemos: «Deus amou tanto o mundo que entregou o seu
Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha
a vida eterna.Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o
mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele». Quem acredita n’Ele não é
condenado, mas quem não acredita já está condenado, porque não acreditou no nome
do Filho Unigénito de Deus. E a causa da condenação é esta: a luz veio ao
mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque eram más as suas
obras. Todo aquele que pratica más ações odeia a luz e não se aproxima dela,
para que as suas obras não sejam denunciadas. Mas quem pratica a verdade
aproxima-se da luz, para que as suas obras sejam manifestas, pois são feitas em
Deus».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do dia:
São João Paulo II (1920-2005), papa
Encíclica «Dives in misericordia», § 7
Que nos ensina a cruz de Cristo, que é, em
certo sentido, a última palavra da sua mensagem e da sua missão messiânica? Em
certo sentido — note-se bem —, porque não é ela ainda a última palavra da
Aliança de Deus. A última palavra seria pronunciada na madrugada, quando,
primeiro as mulheres e depois os Apóstolos, ao chegarem ao sepulcro de Cristo
crucificado, o vão encontrar vazio, e ouvem pela primeira vez este anúncio:
«Ressuscitou». Depois, repetirão aos outros tal anúncio e serão testemunhas de
Cristo Ressuscitado.
Mas, mesmo na glorificação do Filho de Deus,
continua a estar presente a Cruz que, através de todo o testemunho messiânico do
Homem-Filho que nela morreu, fala e não cessa de falar de Deus-Pai, que é
absolutamente fiel ao seu eterno amor para com o homem, pois «amou tanto o
mundo», e portanto, o homem no mundo, «que entregou o seu Filho Unigénito, para
que todo o homem que acredita nele não pereça, mas tenha a vida eterna».
Crer no Filho crucificado significa «ver o Pai» (Jo 14,9), significa
crer que o amor está presente no mundo e que o amor é mais forte do que toda a
espécie de mal em que o homem, a humanidade e o mundo estão envolvidos. Crer
neste amor significa acreditar na misericórdia. Esta é, de facto, a dimensão
indispensável do amor, é como que o seu segundo nome e, ao mesmo tempo, é o modo
específico da sua revelação e atuação perante a realidade do mal que existe no
mundo, que assedia e atinge o homem, que se insinua mesmo no seu coração e o
«pode fazer perecer na Geena» (Mt 10,28).
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