PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
1873.
Um grito no universo
Naquela
madrugada, como surge o sol, surge uma vida completamente nova. Quem viu?
Cantamos no Precônio Pascal – hino de proclamação da Páscoa: “Só tu, noite
feliz, soubeste a hora em que o Cristo da morte ressurgia. E é por isso que de
ti foi escrito: a noite será luz para meus dias”. A Ressurreição foi à noite
porque não era um milagre para espetáculo, mas motivo de busca permanente na
clara obscura noite da fé. Ele é o guia em nossa noite. As imagens que animam
essa celebração pascal nos instruem sobre o acontecimento maior de todo
universo em todos os tempos: “vitória sobre a morte”. “O Rei da vida, cativo, é
morto, mas reina vivo” (Sequência
de Páscoa). Trazemos símbolos universais: a água do batismo que é
aspergida sobre todos, símbolo da purificação e fecundidade; o fogo que acende
o círio pascal, o símbolo de Cristo luz do mundo da qual participamos; a terra
nos elementos na natureza como a cera, símbolo da fragilidade e da estabilidade
do universo. Dela somos feitos. Antes se usava também o sopro, símbolo do Espírito
que vem sobre as águas e sobre cada fiel. A Ressurreição não é um ato reservado
a uma religião. É uma explosão de vida no universo. Todo o universo caminha
para “sua realização plena que é ser libertado da escravidão da corrupção para
entrar na liberdade dos filhos de Deus” (Rm 8,21). É estranho este aspecto de
participação do universo na glorificação de Cristo. A Bíblia traz muitas orações
envolvendo também a natureza. Ressuscitada glorifica o Senhor. Tudo será
recapitulado, isto é, irá para Cristo sem fim (Ef 1,10).
1874.
Vida ressuscitada
Temos
muita dificuldade de entender como se realiza em nós a Ressurreição. Cristo, com
sua Morte e Ressurreição, restaura a natureza humana corrompida pelo mal. Há
condições de vida nova e eterna. Quer dizer que somos seres renovados para
voltar a seu estado original criado por Deus. Permanecemos na condição humana,
mas com um novo modo de ser espiritual. Temos a Vida Nova. Essa se reflete no
modo como vivemos essa novidade de vida. Passamos do eu ao nós, do egoísmo à
abertura ao outro como servidor de caridade e amor. Para sabermos se estamos em
Cristo, basta olhar se andamos como Ele andou e como viveu, como João nos
escreve: “Aquele que permanece Nele, deve também andar como ele andou” (1Jo 2,6). O amor é a
maior explicação da Ressurreição. Não podemos entender o gesto de Deus
ressuscitando Jesus a não ser o amor. Somos amados para amar.
1875.
Um mundo novo
Está nos planos de Deus em Cristo mudar
o mundo natural. A meta de todas as mudanças é modificar o coração do mundo nas
pessoas. Deus nos salvou como povo e como pessoas individuais. Cada um é único
diante de Deus e recebe todo seu amor e atenção. A Ressurreição abre as portas
do Paraíso, fechado pelo pecado do primeiro
homem. O paraíso terrestre simboliza a vida na familiaridade com Deus.
Perdemos esse dom e agora Cristo o recupera para nós. Somos família de Deus,
vivemos de sua bondade e participamos de sua vida. Não vemos o que acontece no
espiritual. Pela caridade vemos o que acontece em nosso mundo humano e carnal.
O amor vivido vem de Deus. Ninguém tem gesto algum de amor a não ser por Deus
que o gera em nós como também para os que não conhecem Jesus como conhecemos. Cada
celebração reanima esse dom. Assim se cria a grande família, o edifício
espiritual, o povo de Deus e a agricultura de Deus (1Cor 3,9), como nos explica S.Paulo. A
Ressurreição não é misteriosa, é um mistério a ser vivido.
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