terça-feira, 18 de abril de 2017

REFLETINDO A PALAVRA - “Uma Igreja a serviço”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA
REDENTORISTA
972. Jesus, o servidor 
            O profeta Isaias escreveu quatro poemas chamados atualmente de os cânticos do Servo de Javé (1º- Is 42,1-9; 2º - Is 49,1-9a; 3º - Is 50,4-11; 4º - Is 52,13-53,12). Jesus é identificado com esse Servo de Deus, como lemos nos Atos dos Apóstolos: “O Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus” (At 3,13). Ele mesmo diz de Si: “Vim para servir e não para ser servido” (Mc 10,45). Fala claramente que está entre nós “como aquele que serve” (Lc 22,27). Na última ceia, para fazer-nos compreender o sentido da Eucaristia e de sua Morte, lavou os pés dos discípulos ensinando que sua morte e sua memória na Eucaristia são um serviço do escravo: “Eu, o Mestre e o Senhor vos lavei os pés” (Jo 13,14). Ele se pos a serviço com sua vida e seus milagres. Ser servidor está unido no empenho decisivo de fazer a vontade do Pai, como lemos em Hebreus: “Eis que vim para fazer a tua vontade” (Hb 10,8), pois desceu do Céu não para fazer sua vontade, mas a vontade de quem o enviou (Jo 6,38). Em Jesus, ser servidor era o seu modo de existir. O mistério da Redenção é obra de amor gratuito que é serviço. Por isso seu Reino é um serviço à humanidade para que todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Quando a Igreja passa a ser uma sociedade que quer ser servida, ela se desvia do seu Senhor. Daí vemos todos os defeitos que ela pode acumular. Como é composta de pessoas, justifica suas atitudes pelo poder e não pelo serviço. A Igreja tem um potencial imenso para o bem do mundo. Esse potencial é para servir. Ela se serve quando está voltada para si, colocando fundamento em elementos que estão a serviço do poder e não dos filhos de Deus. Corremos o risco de incorrer naquilo que Jesus diz dos perseguidores que matam achando que prestam serviço a Deus (Jo 16,2).
973. Se assim fizerdes
            Celebramos a festa de S. Pedro e S. Paulo e celebramos também o dia do Papa sucessor de Pedro. Eles são as colunas da Igreja. A Pedro foram dadas as chaves que significam o poder, tão necessário em todas as sociedades. A anarquia significa ausência de autoridade. Jesus estabeleceu Pedro com uma missão muito clara: “Confirma teus irmãos na fé!”. Mesmo na tentação e na fragilidade Pedro é confirmado em sua missão. Jesus, ao lhe entregar essa missão, exige como exercê-la: “Entre vós não será assim (como os poderosos do mundo). Aquele que quiser tornar-se grande entre vós, seja aquele que serve, e o que quiser ser o primeiro dentre vós, seja o vosso servo” (Mt 20,26-27). Temos a experiência de ver, em alguns, que o modo de exercer o poder na Igreja prejudica a mensagem de Jesus. Se fizermos como Jesus, os frutos da Paixão e Ressurreição do Senhor serão abundantes.
974. A serviço de todos
O cristão é um retrato vivo de Jesus. Faz presente na sociedade a pessoa de Jesus que se dedicava a todos. Não fazemos o proselitismo convidando as pessoas para vir à minha Igreja, mas fazer a elas o que Jesus fazia. A participação nos serviços da comunidade, tem se tornado uma doença de grupinhos de poder. Em certos lugares, o dono ou a dona da igreja faz seu feudo e pobre de quem toca. Quando são tirados de seus poderes, abandonam a Igreja e mudam para outra religião. Encontramos isso também em parte do clero que usa a autoridade em prejuízo do povo. O Vaticano II convida ao diálogo, à participação de todos, ao empenho comunitário, ao serviço mútuo, aos ministérios. Tudo isso é evangélico e tradição da Igreja.  Assim fizeram e fazem todos aqueles que realmente descobriram Jesus, o Servo de todos. Uma Igreja toda ela ministerial pode curar esses males.

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