PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA REDENTORISTA |
972. Jesus,
o servidor
O
profeta Isaias escreveu quatro poemas chamados atualmente de os cânticos do
Servo de Javé (1º- Is 42,1-9; 2º - Is 49,1-9a; 3º - Is 50,4-11; 4º - Is 52,13-53,12). Jesus é identificado com esse Servo de Deus, como lemos nos
Atos dos Apóstolos: “O Deus de nossos pais glorificou o seu servo Jesus” (At 3,13). Ele mesmo diz de Si: “Vim para servir e não para ser
servido” (Mc 10,45). Fala claramente que
está entre nós “como aquele que serve” (Lc 22,27). Na última ceia, para fazer-nos compreender o sentido da Eucaristia e
de sua Morte, lavou os pés dos discípulos ensinando que sua morte e sua memória
na Eucaristia são um serviço do escravo: “Eu, o Mestre e o Senhor vos lavei os
pés” (Jo
13,14). Ele se pos a serviço com sua vida e
seus milagres. Ser servidor está unido no empenho decisivo de fazer a vontade
do Pai, como lemos em Hebreus: “Eis que vim para fazer a tua vontade” (Hb 10,8), pois desceu do Céu não para fazer sua vontade, mas a
vontade de quem o enviou (Jo 6,38). Em Jesus, ser
servidor era o seu modo de existir. O mistério da Redenção é obra de amor
gratuito que é serviço. Por isso seu Reino é um serviço à humanidade para que
todos tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10,10). Quando a Igreja passa a ser uma sociedade que quer ser servida, ela se
desvia do seu Senhor. Daí vemos todos os defeitos que ela pode acumular. Como é
composta de pessoas, justifica suas atitudes pelo poder e não pelo serviço. A
Igreja tem um potencial imenso para o bem do mundo. Esse potencial é para
servir. Ela se serve quando está voltada para si, colocando fundamento em
elementos que estão a serviço do poder e não dos filhos de Deus. Corremos o
risco de incorrer naquilo que Jesus diz dos perseguidores que matam achando que
prestam serviço a Deus (Jo 16,2).
973.
Se assim fizerdes
Celebramos
a festa de S. Pedro e S. Paulo e celebramos também o dia do Papa sucessor de
Pedro. Eles são as colunas da Igreja. A Pedro foram dadas as chaves que
significam o poder, tão necessário em todas as sociedades. A anarquia significa
ausência de autoridade. Jesus estabeleceu Pedro com uma missão muito clara:
“Confirma teus irmãos na fé!”. Mesmo na tentação e na fragilidade Pedro é
confirmado em sua missão. Jesus, ao lhe entregar essa missão, exige como
exercê-la: “Entre vós não será assim (como os poderosos do mundo). Aquele que
quiser tornar-se grande entre vós, seja aquele que serve, e o que quiser ser o
primeiro dentre vós, seja o vosso servo” (Mt 20,26-27). Temos a experiência de ver, em
alguns, que o modo de exercer o poder na Igreja prejudica a mensagem de Jesus. Se
fizermos como Jesus, os frutos da Paixão e Ressurreição do Senhor serão
abundantes.
974. A
serviço de todos
O cristão é um
retrato vivo de Jesus. Faz presente na sociedade a pessoa de Jesus que se
dedicava a todos. Não fazemos o proselitismo convidando as pessoas para vir à
minha Igreja, mas fazer a elas o que Jesus fazia. A participação nos serviços
da comunidade, tem se tornado uma doença de grupinhos de poder. Em certos
lugares, o dono ou a dona da igreja faz seu feudo e pobre de quem toca. Quando
são tirados de seus poderes, abandonam a Igreja e mudam para outra religião.
Encontramos isso também em parte do clero que usa a autoridade em prejuízo do
povo. O Vaticano II convida ao diálogo, à participação de todos, ao empenho
comunitário, ao serviço mútuo, aos ministérios. Tudo isso é evangélico e
tradição da Igreja. Assim fizeram e
fazem todos aqueles que realmente descobriram Jesus, o Servo de todos. Uma
Igreja toda ela ministerial pode curar esses males.
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