José,
esposo de Maria
A
partir do dia 17 de dezembro já estamos na preparação imediata do Natal, por
isso, o quarto domingo do Advento nos traz a narrativa do anúncio do nascimento
de Jesus a José. José e Maria estavam já na primeira fase do casamento que era
o contrato. Já eram casal. Depois vinha a festa quando a noiva era levada para
casa do noivo. Maria está grávida por ação do Espírito Santo. Sem saber, José
pensa em abandonar e não denunciar a esposa que seria condenada à morte. Durante
o sonho Deus comunica o que acontecera. Sonho era um modo de conhecer a vontade
de Deus. É comum no Antigo Testamento essa comunicação da vontade de Deus. José
é chamado filho de Davi, pois daria o nome a Jesus e a descendência de Davi. A
gravidez de Maria é por ação do Espírito Santo. Pertence a Deus. O nome da
criança é simbólico, e já é logo explicado: “pois vai salvar seu povo de seus
pecados” (Mt 1,21).
Vemos a seguir que, para anunciar a virgindade de Maria, Mateus procura o fundamento
na Escritura no oráculo da virgem que daria à luz um filho. Vemos como se usa a
Escritura para confirmar. Deus dá um sinal a um rei que não quer saber de
sinais. A profecia não se refere a um parto virginal. A tradução para o grego
já faz a interpretação. Essa tradução é anterior a Cristo. Recebendo Maria como
esposa, José simboliza a Igreja que acolhe Cristo. Assim se interpreta a fé
desse homem que recebeu a missão de ser o pai legítimo de Jesus perante a lei,
pois o acolheu e deu o nome. É a atitude de fé que sabe ouvir o Espírito Santo
nas decisões fundamentais da vida.
Nasceu
para todos
Os
textos do evangelho contam a situação na encarnação do Filho de Deus. Contudo,
o nascimento de Jesus não é uma questão familiar. Paulo, escrevendo aos romanos
coloca clara a questão da universalidade da salvação. Foi escolhido para o
Evangelho de Deus. Sua vocação é um chamado para o apostolado “a fim de que
poder trazer à obediência da fé todos os povos pagãos para a glória de seu
nome” (Rm 1,5).
O salmo convida a que se abram as portas para que o Rei da Glória possa entrar (Sl 23). O
acontecimento não é somente uma questão local, mas abrange todo o universo.
Além do mais, a terra e o mundo interno pertencem a ele. Toda a beleza do Natal
que ainda resta, é um testemunho ao mundo que Ele nasceu para todos. Ainda
sobrevive a ideia do rei Acaz de que não vai importunar Deus: “Não pedirei nem
tentarei ao Senhor” (Is
7,12). Descartar Deus é o que, inclusive os bons cristãos, fazem. A vida
não é direcionada a Deus, nem por Ele dirigida. Erigiram-se templos e altares a
deuses feitos por nossas mãos. Quando a gruta de Belém perde seu calor é porque
o ser humano já perdeu seu sentido.
Espírito
de Belém
Na
última semana do Advento temos a preparação imediata que nos coloca em
relacionamento com Cristo em seus títulos. Ele é a Sabedoria, o Senhor, a Raiz
de Jessé, a Chave de Davi, o Emanuel, o Sol Nascente e o Rei e Senhor das
Nações. Ensinam-nos a conhecer a Cristo e desejá-Lo. Por isso o Advento é um
clamor: “Vinde, Senhor Jesus!”. O espírito de Belém é a abertura para acolher.
Por isso o símbolo da gruta aconchegante, quentinha (os animais aquecem o
ambiente) pelo calor humano da fraternidade. Acolher Jesus na pessoa do outro,
sobretudo os familiares e também, no gesto da fraternidade, com os
necessitados. Os presentes respondem ao presente de Deus para nós que é Jesus.
Encontrar Deus é sair de si. Reunir-se é esquecer o egoísmo. Belém é aqui.
Leituras: Isaias 7,10-14; Salmo 23; Romanos 1,1-7;Mateus 1,18-24
Ficha nº 1606 – Homilia do 4º Domingo do Advento (18.12.16)
1.
José entra na
História da Salvação como um personagem e como um símbolo nos diversos sinais
que estão no texto. Ele se deixa dirigir pela fé. Assim define a vida.
2.
Paulo em sua missão proclama que a salvação veio para
todos, mesmo tendo Jesus nascido de um povo.
3.
Jesus recebe diversos nomes que manifestam sua missão.
No Advento gritamos: Vinde! O espírito de Belém é a abertura para acolher na
fraternidade.
Um
sonho bem bom
Acordar depois de um sonho gostoso
é muito bom.
No Antigo Testamento o sonho era
tido como um dos meios das comunicações de Deus. Podemos entender que, quando
trabalhamos as realidades na fé, é como um sonho. Deus fala por meio dela. Foi
o que aconteceu com José.
Sendo Maria prometida em casamento,
aconteceu a gravidez pela ação do Espírito. Sendo prometida esposa, eles já
estavam casado. Faltava a festa do casamento e o início da vida em comum. Maria
aparece grávida. Explicar o quê? José pensa em abandoná-la e não expô-la,
inclusive com o risco de ser morta. Foi capaz de elaborar, com o auxílio da graça, a resposta a Deus.
Esse texto do evangelho do quarto
domingo nos ensina a missão de Jesus. Como profetiza Isaias: Uma virgem dará à
luz. Ele será Deus Conosco. Em Maria se cumpre essa profecia. Como rezamos no
salmo, Ele é o Senhor a quem tudo pertence. É o Rei Glorioso que Se encarna.
Ele é o descendente de Davi, depositário das promessas. É Dele que vem a graça
do apostolado.
Esse texto de Mateus é claro
quanto à geração Divina de Jesus, nascido de uma mulher, da família de Davi.
Ele tem definitivamente o trono de Davi, para sempre. Ele será o Salvador da
humanidade.
A oração da coleta da missa é uma
expressão muito clara de todo o Mistério Pascal que acontece em cada
acontecimento da vida de Jesus: “Derramai a graça em nossos corações, para que,
conhecendo... a encarnação de vosso Filho, cheguemos por sua Paixão e Cruz à
glória da Ressurreição”. É um único mistério que acontece em manifestações
diferentes. A encarnação de jesus não se refere só ao corpo de Maria, mas a toda a humanidade.
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