Evangelho segundo S. Lucas 2,1-14.
Naqueles
dias, saiu um decreto de César Augusto, para ser recenseada toda a
terra. Este primeiro recenseamento efetuou-se quando Quirino era governador
da Síria. Todos se foram recensear, cada um à sua cidade. José subiu
também da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à cidade de David, chamada
Belém, por ser da casa e da descendência de David, a fim de se recensear com
Maria, sua esposa, que estava para ser mãe. Enquanto ali se encontravam,
chegou o dia de ela dar à luz e teve o seu Filho primogénito. Envolveu-O em
panos e deitou-O numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na
hospedaria. Havia naquela região uns pastores que viviam nos campos e
guardavam de noite os rebanhos. O Anjo do Senhor aproximou-se deles, e a
glória do Senhor cercou-os de luz; e eles tiveram grande medo. Disse-lhes o
Anjo: «Não temais, porque vos anuncio uma grande alegria para todo o povo: nasceu-vos hoje, na cidade de David, um Salvador, que é Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino recém-nascido, envolto em
panos e deitado numa manjedoura». Imediatamente juntou-se ao Anjo uma
multidão do exército celeste, que louvava a Deus, dizendo: «Glória a Deus
nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados».
Tradução litúrgica da Bíblia
Comentário do
dia:
Santo Afonso-Maria de Ligório (1696-1787),
bispo, doutor da Igreja
Discurso para a novena de Natal, n.º 10
«Anuncio-vos uma grande alegria». Tais são
as palavras do anjo aos pastores de Belém. Repito-vo-las hoje, almas fiéis:
trago-vos uma notícia que vos causará uma grande alegria. Para uns pobres
exilados, condenados à morte, haverá notícia mais feliz do que a do aparecimento
do seu Salvador, vindo não só para os libertar da morte, mas para lhes conceder
o regresso à pátria? É precisamente isto o que eu vos anuncio: «Nasceu-vos um
Salvador» [...].
Quando um monarca entra pela primeira vez numa cidade
do seu reino, são-lhe rendidas as maiores honras; quantas ruas engalanadas,
quantos arcos do triunfo! Prepara-te, pois, ó bem-aventurada Belém, para
receberes condignamente o teu Rei. [...] Que saibas, como te diz o profeta (Miq
5,1), que de entre todas as cidades da Terra, és a mais favorecida, pois foi a
ti que o Rei do Céu escolheu para lugar do seu nascimento aqui na Terra, para
depois reinar não apenas na Judeia, mas nos corações dos homens, em toda a parte
[...]. O que não terão dito os anjos ao verem a Mãe de Deus entrar numa gruta
para aí dar à luz o Rei dos reis! Os filhos dos príncipes vêm ao mundo em
aposentos cintilantes de ouro [...], rodeados pelos mais altos dignitários do
reino. Ele, o Rei do Céu, quis vir nascer num estábulo frio e sem lume, tendo
para Se cobrir apenas uns pobres farrapos; e, para Se deitar, apenas uma
miserável manjedoira com um pouco de palha [...].
Ah! A própria
consideração do nascimento de Jesus Cristo e das circunstâncias que o
acompanharam deverá abrasar-nos de amor; e as simples palavras «gruta»,
«manjedoira», «palha», «leite», «gemidos», ao porem-nos diante dos olhos o
Menino de Belém, deverão ter sobre nós o efeito de setas inflamadas ferindo-nos
de amor o coração. Bendita gruta, bendita manjedoira, bendita palha! Mas muito
mais benditas ainda sejam as almas que com fervor e ternura amam este Senhor tão
digno de amor, almas que, ardendo de inflamada caridade, O recebem na santa
comunhão. Com que ardor, com que alegria, Jesus vem descansar nas almas que
verdadeiramente O amam!
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