PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
1822.
Liturgia que encanta
A liturgia do tempo do Natal procura
levar o cristão a compreender o mistério do nascimento de Jesus e sua
encarnação numa linguagem consistente de ensinamento e extremamente terna, como
terno é o Deus que nos deu seu Filho. A própria liturgia mostra seu encanto
diante da benignidade de nosso Deus como diz S. Paulo a Tito: “Quando a bondade
e o amor de Deus, nosso Salvador, se manifestaram, Ele salvou-nos... por sua
misericórdia fomos lavados” (Tt 3,4-5). Os ensinamentos nos conduzem ao presépio, forma
visível de seu nascimento, e encontrá-Lo na solene liturgia. Ali se realiza
sacramentalmente. Ao celebrar estamos não diante de um presépio, mas
participando da realidade de modo sacramental. Recebemos tudo que Deus nos
ofereceu em seu Filho e ofertamos tudo o que somos e temos. Quando algo nos
atrai e encanta, nada pode tirá-lo de dentro de nós. Aqui temos a importância
de não perder de vista o mistério que celebramos, mesmo participando das
alegrias que a data oferece. Nesses dias de preparação, há como que uma
recordação atualizante, isto é, faz acontecer de modo místico, a história da
salvação que culmina no Deus Conosco. Na proximidade do Natal estamos participamos
dessa história de Salvação. Num jogo de palavras da liturgia de preparação,
podemos ouvir a resposta de Deus às nossas súplicas: Estou chegando amanha!
Notícia boa. Ele é Emanuel, Deus Conosco.
1823.
Festa de irmãos
“Nasceu-nos
um menino, um filho nos foi dado!” (Is 9,5). Traz nossa marca humana. A carta aos Hebreus nos
ensina: “Tanto o Santificador quanto os santificados descendem de um só: razão
porque não se envergonha de nos chamar de irmãos (Hb 2,11). A fraternidade do Natal não está
nas alegrias da festa, o que já é um bom sinal, mas na profunda identidade que
temos com Cristo, como filhos do mesmo Pai. Além do mais, o Filho de Deus,
feito homem, participa de nossa condição humana. “Convinha, por isso, que em tudo se tornasse semelhante aos
irmãos, para ser, em relação a Deus um sumo sacerdote misericordioso e fiel... Pois
Ele mesmo, tendo sofrido pela tentação é capaz de socorrer os que são tentados”(Hb 2,17-18). Somos
irmãos no mesmo sangue que corre nas veias de Cristo. Mais ainda, por participarmos
de sua natureza que é unida à Natureza Divina. Desse modo a celebração do Natal
está mais na fraternidade que nasce do Cristo que numa celebração amiga onde
nos abraçamos e damos presentes.
1824.
Festa de filhos
“Vede que prova de amor nos deu o
Pai que sejamos chamados filhos de Deus e nós o somos” (1Jo 3,1). Todo o mistério do Natal,
isto é manifestação de Deus da qual participamos, não é algo distante de nós ao
qual assistimos. Participar não significa fazer alguma coisa. Participar do “Mistério”,
é viver, através dos símbolos, aquilo que nos é apresentado. Vivemos o Mistério
da Encarnação e do Nascimento do Senhor não somente como assistentes, mas como
participantes no que se refere a nós. À medida que acolhemos, recebemos a graça
dada por Deus nesse acontecimento Divino e humano. Estamos acostumados a rezar
para pedir ou agradecer. Mas o rezar é acolher o Deus que se revela. Por isso é
festa dos filhos, como donos da casa e atores da ação sagrada. Podemos dizer
que estamos mais perto do nascimento de Jesus do que aqueles que estavam ali
junto, pois participamos pela fé que nos une ao Senhor que realiza essa
maravilha. Dizer “chego amanhã, é a resposta que Deus dá ao nosso envolvimento
com seu nascimento.
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