PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR |
Festa
de Cristo Rei
A
festa de Cristo Rei, na reforma litúrgica, mudou a impostação de sentido
político para o escatológico: Cristo, centro para o qual se encaminha todo o
Universo. O termo rei não fica bem, pois foi emprestado dos reinos do mundo,
que já mostraram sua falência. Cristo é um rei fora desse baralho. Por isso a
sociedade não consegue fazer um jogo vitorioso. Este título de Rei, não é o
único de Cristo. Há outros que o identificam também, como o Pastor que Ele
mesmo se dá (Jo. 10,11) e Ezequiel
descreve: (Ez 34,11-12.15-17). Ele toma
conta do rebanho. Tomar conta para Cristo é servir, servir é reinar. “Estou
entre vós como aquele que serve” (Lc 22,27).
O domínio de Cristo sobre o mundo se faz pela sua entrega para que todos tenham
vida: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Quanto aos donos da terra, teriam
que aprender para poderem ser chamados de autoridades, senhores e reis. O mesmo
acontece dentro da Igreja onde a autoridade não se baseia no serviço. Jesus
dizia: “Entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser
tornar-se grande, será esse o que vos sirva” (Mc 10,43).
A festa de Cristo Rei é festa de todos os servidores de Deus e de seus pobres,
como nos narra o Evangelho. Creio que a mentalidade do Evangelho deve impregnar
mais o modo de a Igreja se compor. É monarquia absolutista? É democracia
baderneira? Jesus já fez o programa. Atrelar-se a um tipo de instituição é cair
com ela. O reinado de Cristo, como rezamos no prefácio da missa, é assim: “Ele,
oferecendo-se... realizou a redenção da humanidade. Submetendo a si toda a
criatura, entregará um reino eterno e universal: Reino da verdade e da vida, da
santidade e da graça, da justiça do amor e da paz”.
Em
Cristo, todos reviverão.
Cristo
assume seu Reino no alto da Cruz, coroado com os espinhos, com o manto púrpura
do seu sangue, com o cetro dos cravos. Cristo é glorificado – e assume o poder
em sua ressurreição. Associa a si todos os fiéis, pois ressuscitamos com Ele (Cl 3,1). Ele leva consigo o cativeiro de que nos
libertou (Ef 4,8). “Por ele veio a
ressurreição dos mortos” (!Cor 15,21).
“Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão” (1Co 15,22). O cristão ressuscita em cada gesto
de amor. A fé é o dom da vida em Cristo e o amor mantém esta vida. A falta de
fé faz ver no irmão um empecilho. Jesus não nos recusa quando damos a mão para
o irmão.
O
Reino dos misericordiosos
O
Reino futuro se implanta no amor fraterno. Os itens do julgamento coincidem com
os problemas do mundo atual: a fome acentuada com a crise de alimento; a sede
com o problema da água. A nudez que não é só falta de roupa, mas o problema do
uso do corpo como meio de vida; o grave problema das migrações e refugiados.
Acolheste-me? Doente? Temos o grave problema da falta de acesso à saúde
pública. Preso: prisões superlotadas e sistema presidiário ineficiente para
libertar a pessoa. Há também as prisões interiores. Fazer ao irmão é fazer a
Cristo; Fazer a Cristo é fazer a nós mesmos, pois estamos unidos a seu Corpo. O
irmão é uma graça de Deus que nos abre a porta do Céu e da vida, pois fazemos a
nós mesmos, no irmão. A salvação vem pelo próximo.
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