terça-feira, 19 de abril de 2016

REFLETINDO A PALAVRA - “Felizes os que temem o Senhor!”

PADRE LUIZ CARLOS DE OLIVEIRA CSsR
Movidos pelo Espírito
            Celebrar a festa da Sagrada Família é uma oportunidade de conhecer um pouco mais o que Deus quer de nós e ao mesmo tempo, conhecer um pouco do Deus que é família. Nós conhecemos a Deus através da revelação que faz de Si próprio. E para se comunicar conosco, usa nossas categorias, nosso modo de viver e pensar. Do contrário, continuaria incomunicável. Quando falamos de família, buscamos o exemplo. Por isso a oração da missa reza: “Ó Deus, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares suas virtudes” (Coleta). Mas os textos falam mais da ação do Espírito Santo. As pessoas que aparecem são conduzidas pelo Espírito: Maria, à sombra do Espírito, concebeu o Filho de Deus (Lc 1,35). O mesmo Espírito a conduz, como conduzirá Jesus (Mt 4,1). Simeão é movido pelo Espírito que estava com Ele (Lc 2,27). O mesmo se pode dizer de Ana que é profetisa pela vida, pela idade e fé. Ana é profeta, vivendo sob o Espírito e apresentando Jesus ao mundo. Essa é a primeira maneira de ser família: viver conduzidos pelo Espírito Santo. Estar à sombra do Espírito é gerar Cristo nas atitudes da vida. O salmo reza: “Feliz és tu que temes o Senhor e trilhas seus caminhos. Do trabalho de tuas mãos hás de viver, será feliz, tudo irá bem” (Sl 127,1-2). Nós nos preocupamos muito com a situação atual da família. É uma situação complicada em uma sociedade que procura desmoralizar todos os valores cristãos e que, na realidade, são também valores humanos. Qual será o resultado disso? Maria e José tiveram problemas com o Filho que seria sinal de contradição levando dor à mãe que terá a alma transpassada por uma espada (Lc 2,34-35). O remédio para a atual situação é o Espírito Santo que nos abre para ver a presença de Deus nos acontecimentos, e destes o maior, a própria família. Por que o Espírito Santo? Ele é o elo de unidade da Trindade. Por isso, se acabarmos com a família, não teremos mais condição de conhecer a Deus. Não será esta a fonte do ateísmo moderno?
Revesti-vos das virtudes de Cristo
            O Espírito Santo traduz o amor de Deus em atos e hábitos nas circunstâncias de cada dia nos relacionamentos. O Espírito que nos veste com as vestes da salvação (Is 61,10), reveste-nos de Cristo (Rm 13,14) e nos reveste com os sentimentos de Cristo: misericórdia, bondade, humildade, mansidão, paciência, perdão e amor, que é vínculo de perfeição (Cl 3,12). A família aprenderá todos estes sentimentos na Palavra de Deus que habita em nós com toda sua riqueza (Cl 3,16). A ligação da família com a comunidade é o modo prático de salvá-la. Ocorre também a boa catequese, sobretudo por parte dos sacerdotes e bispos que são os pais da família paroquial e diocesana. Temos que nos deixar guiar pelo Espírito.
Simeão e Ana

            São muito claras as figuras dos dois anciãos Simeão e Ana, curtidos na fé pelo Espírito Santo. Os jovens pais, Maria e José, ouvem atentos os pais do povo de Deus. O Eclesiástico ensina o valor do quarto mandamento no respeito aos pais, mesmo envelhecidos. Garante que Deus nos perdoará e ouvirá nossa oração (Eclo 3,3-7.14-17). O ancião não pode ser descartado. Devem ser cheios do Espírito. A família da Igreja, ao celebrar a Eucaristia, fortalece a família saciado-a com o Corpo e Sangue do Senhor.

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